Juliana teve o resto do dia tranquilo na medida do possível, tomou seu banho sem ninguém incomodar, sequer vira Carvajal naquele horário e as outras detentas tampouco incomodaram, porém, seu medo ainda se baseava em Beatrice. Ela sairia em poucos minutos da detenção e iria para a cela delas.
Juliana se desencostou da cama e se levantou quando viu que seria revistada. Tudo ocorreu bem e o horário chegou. O mesmo sorriso prepotente da noite anterior brincava nos lábios da outra garota.
-- Sentiu minha falta? -- Ela perguntou, se aproximando.
-- Por favor, me deixe em paz. Eu não te fiz nada. -- Juliana pediu, um pouco mais temerosa do que gostaria. Estava cansada de lutar, no entanto, sabia que ainda tinha muito mais pela frente.
-- Sabe que ficar em um quarto escuro por vinte e quatro horas não me agradou muito? -- A mulher disse, vendo Juliana se levantar e ir para o canto da parede.
-- Eu não quis...
-- Chega de conversa. -- A garota disse, puxando Juliana pela cintura com força. A menor tentou se soltar, mas a garota imobilizou suas mãos e pressionou sua pélvis contra a menor, não deixando-a ser capaz de chutá-la. -- Sua pele é muito macia. -- A garota murmurou, distribuindo beijos por seu pescoço.
-- Valentina não gostaria disso. -- Juliana disse em seu ímpeto, fechando os olhos fortemente e, como num passe de mágica, a garota se afastou, a olhando confusa.
-- O que ela tem a ver com isso? -- Beatrice perguntou e Juliana respirou fundo. Teria que dizer aquelas palavras em voz alta, seria estranho, primeiro porque teria que fazer parecer ser verdade, segundo porque não sabia até onde a outra sustentaria aquela mentira.
-- Bem, ela me escolheu para, huh, ser a mulher, você sabe, dela. -- Juliana disse bastante hesitante, experimentando o sabor estranho daquelas palavras em sua boca e Beatrice estreitou os olhos.
-- Desde quando?
-- Esta tarde. -- Disse firmemente e a outra passou a mão na nuca, parecendo um pouco desnorteada.
-- Acha que tenho medo dela? -- Beatrice perguntou e Juliana negou rapidamente.
-- Eu só, bem, estou te avisando. -- Juliana disse, vendo Beatrice a olhar ainda cética.
-- Amanhã falarei com ela, mas se isso for uma mentira, espero que saiba que não serei carinhosa na noite de amanhã. -- Juliana assentiu e suspirou aliviada quando a outra subiu no beliche e se calou.
Deus que tivesse misericórdia dela, se descobrissem a mentira ela estaria em maus lençóis.
[...]
O corpo magro corria desesperado para a cantina no dia seguinte, procurando pelos olhos verdes. Assim que encontrou, foi em direção à Valentina, se sentando na sua mesa sem pedir autorização.
-- Você disse para eu dizer aquela merda, então por favor, não volte atrás em sua palavra, caso contrário eu estarei bem, bem, bem fodida. -- Juliana disse eufórica.
-- Quem te mandou sentar? -- Valentina perguntou rudemente.
-- Eu só... Só precisava falar com você antes da, huh, Beatrice. -- Juliana disse fitando suas mãos.
-- Já falou. -- Valentina disse friamente e Juliana suspirou, assentindo e se levantando.
-- Desculpe, eu não quis te atrapalhar. -- Ela pediu cabisbaixa.
-- Esteja na minha cela no mesmo horário de ontem e deixe os outros saberem disso. Vá sorrindo. -- Carvajal disse seriamente e Juliana assentiu, indo para a fila.
-- Hey, não teve problemas ontem à noite? -- A voz fina de Maggie soou preocupada assim que parou atrás dela na fila.
-- Não. -- Juliana disse, vendo Beatrice surgir na porta da cantina. Juliana viu o exato momento onde ela marchou em direção à mesa de Valentina e se debruçou sobre ela, apoiando as duas mãos na mesa.
Aparentemente aquela era a nova atração do lugar, porque Juliana viu todos os pares de olhos voltados para as duas. Valentina a olhou friamente antes de dizer algo que Juliana não pôde ouvir devido à distância.
Beatrice pareceu irritada e Valentina disse mais alguma coisa, fazendo Beatrice dar um soco na mesa. Valentina se levantou e deu a volta na mesa, ficando cara a cara com Campbell. Ela disse algo com o músculo do maxilar enrijecido e Beatrice bufou antes de abaixar os olhos, assentir e ir a passos duros até a fila, ou seja, bem atrás de Maggie.
Juliana viu Valentina se aproximar dela e então sorrir. Caramba! Era a primeira que via seu sorriso.
A menor não se atreveu a olhar para Maggie, afinal Beatrice estava bem atrás dela e não sabia o que ela tinha conversado com Valentina.
A surpresa de Juliana aconteceu quando sentiu um braço delicadamente se enlaçar em sua cintura antes de colar seus corpos. Era Valentina.
Juliana prendeu a respiração ao se atrever a olhar para cima: Os olhos azuis fixados nos castanhos e um sorriso lindo brincando em seus lábios.
-- Nos vemos mais tarde? -- A voz firme e sexy fez Juliana engolir em seco e assentir, totalmente paralisada ante àquela visão.
Valentina se inclinou e deixou sua boca a centímetros de distância da de Juliana, fazendo seus narizes se tocarem e seus olhos mergulharem um no outro. A menor podia jurar que sentiu seu corpo tremer e seu coração disparar em seu peito.
-- Então eu te espero na minha cela. -- Valentina disse ligeiramente mais baixo, apertando um pouco mais Juliana contra seu corpo antes de se inclinar um pouco mais e relar seus lábios suavemente sobre os de Juliana, em um selinho demorado.
A maior se afastou e Juliana sentiu seu corpo inteiro tremer; ela ainda era capaz de sentir a chama que se acendeu em seu interior graças ao calor dos lábios macios de Valentina.
-- Menina, o que foi isso? -- A pergunta de Maggie trouxe Juliana de volta.
-- Eu não sei. -- Juliana disse levemente desnorteada, se virando e olhando para Maggie com a expressão paralisada.
-- Como não sabe? -- Maggie perguntou confusa.
-- Meio que desde ontem nós... Estamos juntas. -- Juliana falou, olhando para a figura de Valentina, que se afastava enquanto olhares se abaixavam para não cruzar com o dela.
-- Ela escolheu você? -- Maggie perguntou retoricamente. -- Uau, parabéns. Você é a primeira garota que ela arruma aqui dentro. Ela sempre renegou todas e eu só não achava que ela fosse heterossexual por causa do meu gaydar.
-- Salada? -- A mulher na frente delas perguntou e Juliana assentiu.
-- Espere! Você é tipo minha patroa agora? Porque se é a mulher da Carvajal e tudo o que ela pede todas fazem, farão isso para você também. -- Maggie deduziu. -- Oh céus, eu devo te chamar de senhorita?
-- Você deveria calar a boca desse assunto e irmos comer. -- Juliana disse rindo, mas viu Maggie assentir freneticamente antes de fazer o que ela pediu.
Apesar da conversa que engatou com Maggie após isso, a única coisa que sua mente conseguia pensar era: O que Valentina queria com ela mais tarde?
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Me avisem se tiver erros e não esquecem de votar se gostarem, xoxo
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Presa por acaso - Juliantina
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Juliana Valdés não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o m...