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Marjorie.

Hoje faz três dias que não vejo Ashton, quase sempre o via quando estava indo ou voltando do trabalho, não sei porque ainda penso nele, também não sei quando esse sentimento irá passar. Faz duas noites que não durmo direito, meu desempenho profissional não está dos melhores e pra piorar, um tarado fica me vigiando todos os dias na porta da loja. Ele não trocou palavras comigo mas seus olhares nojentos e perturbadores me deixam constrangida.
Eu havia ido um pouco mais cedo hoje pra loja pois chegariam encomendas e eu precisaria colocar tudo em seu devido lugar. Saí de casa às 07:00 da manhã, fiz meu trajeto de costume e quando cheguei, o tal homem já estava do outro lado da rua. Eu estava tão incomodada com essa situação que prometi pra mim mesma que se ele resolvesse abrir a boca, eu chamaria a polícia. Ele tinha um olhar sujo, como se pelo seu semblante eu soubesse o que ele estava pensando. Abri a loja, e não demorou muito até que o caminhão com a encomendas, chegasse. Depois de alguns minutos, já com tudo resolvido, comecei a desempacotar as caixas. Aos poucos ia retirando peça por peça, limpando e colocando-as nas prateleiras, a manhã foi calma, tranquila e sem muito tédio; afinal eu tinha muita coisa pra fazer.
De tarde, eu aproveitei meu horário de almoço para sacar uma devida quantia no banco já que não demoraria muito. Fechei a loja e segui meu caminho. À cada passo que eu dava, sentia que estava sendo observada .. à poucos metros do banco, eu resolvi olhar para trás. Aquele homem estava me seguindo, apressei meus passos e entrei no banco, eu já estava aflita afinal ele poderia entrar também.
O local era espaçoso, haviam máquinas por todos lados, não estava muito cheio mas era o bastante para que eu tivesse que esperar alguém terminar seus afazeres para que uma máquina fosse liberada. A porta do estabelecimento se abriu, eu senti um frio tão grande percorrer meus braços que em milésimos de segundos pensei que poderia ser o tal homem mas antes que eu tivesse alguma reação, ouvi uma voz.

― Tá tudo bem, não precisa ficar nervosa. - ele sussurrou em meu ouvido enquanto colocava sua mão esquerda em meu ombro.

Naquele momento eu senti uma repentina tranquilidade e pude descansar, eu estava tensa o suficiente ao ponto de quase virar uma pedra.

― O que eu devo fazer? - sussurei de volta ainda sem reação.

― Continua quietinha, nada aconteceu, você vai fazer o que tinha de fazer. ― ele desceu sua mão até minhas costas.

Alguns minutos depois uma máquina foi liberada, andei devagar até a mesma e fiz minha tarefa. Quando voltei ele estava na porta, de blusa branca, calça jeans preta, sua velha bota surrada e um óculos de sol.

― Obrigada Ash. Eu não sei como te agradecer. - me encostei de lado na parede ficando de frente para ele.

― Eu vi quando aquele doente começou a andar atrás de você. Ele ainda está lá fora. - Ashton tirou o óculos e o prendeu na blusa.

― Como eu vou fazer pra ir embora? Ele fica me observando à dias, eu tô desesperada, quase chamando a polícia. - passei as mãos no rosto em sinal de "me ferrei". - Ashton eu não sei como agir.

― Não precisa ficar apavorada, nada vai acontecer. Eu te faço companhia até a loja, você vai andando na frente e eu atrás. - ele abriu a porta e assim eu fiz.

Foi como ele disse. O homem ainda estava lá, do outro lado da rua; nós demos alguns passos adiante e a insegurança começou a tomar conta de mim. Eu queria saber se Ash ainda estava comigo mas ao mesmo tempo tinha medo de olhar para trás. Porém foi mais forte do que eu; quando virei o rosto em direção ao local em que o homem estava, senti meu coração congelar .. ele havia atravessado a rua e estava à poucos metros de onde nós andávamos. No mesmo momento Ashton olhou pra trás e eu voltei à olhar para frente, eu não conseguia conter meu corpo que já era trêmulo, parecia que não chegava ao meu destino nunca.
Logo senti a mão de Ashton tocar a minha, ele entrelaçou seus dedos nos meus e gesticulou para que eu não parasse de andar. Eu senti paz, tranquilidade e segurança e após alguns minutos, chegamos à loja e o homem já não estava mais nos seguindo.

the meetingOnde histórias criam vida. Descubra agora