CAPÍTULO 13

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Demorou um tempo para que eu me lembrasse de tudo que aconteceu durante a noite quando acordei. Primeiro me sentei no sofá, confusa de por que estava ali e com uma coberta peluda. Depois, esfreguei os olhos e tentei dar um jeito no cabelo, porque não ia ser bonito se Vincent me visse toda descabelada.

E aí eu lembrei de Vincent.

E da noite anterior.

Cobri minha boca aberta em choque com uma das mãos, sentindo o rosto esquentar ao recobrar minhas memórias da madrugada. O jeito que Vincent me abraçara, seu corpo quente próximo ao meu, seu rosto e seu sussurro. Soltando um grunhido, cobri meu rosto com as duas mãos, com vergonha de ter caído tão facilmente nas palavras dele. Eu devia ter retrucado algo mais ao invés de apenas ficar encarando-o abestalhada; eu mesma tinha sugerido que ele fizesse as coisas que fez, não tinha nada de maravilhoso em sua atitude. Só ele inteiro que era maravilhoso, o que era o problema.

Voltei correndo para o quarto e tomei uma ducha, esfregando todo o corpo e o cabelo como se quisesse me livrar daquela sensação. Eu sabia que era idiota, mas parecia que eu ainda podia sentir seu toque em meu corpo. Eu odiava a forma que ele podia facilmente me controlar só porque eu estava totalmente apaixonada por ele de novo.

Apaixonada.

Esse era um termo que eu não havia considerado antes. Eu tive meu amor platônico por ele mas desde que o conhecera pessoalmente não achava que realmente gostava dele dessa forma. Parece que eu estava enganada. Pelo menos é o que meu coração batendo desvairadamente toda vez que eu pensava nele parecia querer me dizer.

Depois de terminar o banho e colocar uma roupa apropriada para o clima – não estava exatamente calor, o dia ainda estava nublado – saí pela casa em busca de Vincent. Estava tudo silencioso, mas o café estava feito em uma garrafa térmica, e eu me servi em uma caneca. A caneca que estava na mesa durante a madrugada não estava em nenhum lugar, então Vincent devia estar com ela.

Andei até a varanda, buscando-o com os olhos pela praia, mas ele não parecia estar em nenhum lugar. Ele estaria em seu quarto? Imaginei a cena da noite: eu capotada em seu ombro, deixando-o desconfortável (não tinha como a pose que estávamos ser agradável), até que ele desistiu de ser gentil (provavelmente depois de uns 10 segundos após eu dormir) e me largou sozinha no sofá, indo dormir apropriadamente no quarto. Bufei, sentindo o vento salgado atingir meu rosto. Era a cara dele fazer isso e ainda aparecer reclamando da minha atitude.

Olhei por cima do ombro, mas ele não apareceu. Voltei para a sala, tomando uns goles do café e fui até onde imaginei que era seu quarto. Pensando bem, ele estava acordado de madrugada, então era capaz que ainda estivesse dormindo, certo? Não parecia ser muito tarde.

Bati na porta, fraco, apenas para conferir, e fui surpreendida por sua voz falando para que eu entrasse. Empurrei a porta de leve e deparei-me com um quarto branco bem menor que o meu, com apenas uma cama, uma mesinha cabeceira e uma escrivaninha com uma cadeira de aparência desconfortável. Vincent estava sentado nela, com outra garrafa térmica só para ele e a caneca que usava de madrugada ao seu lado. Também havia sobre a escrivaninha uma garrafa de vidro cheia até a metade com água, e um caule de alguma planta há muito tempo morta. A cama parecia intocada, mas a cara dele foi o que denunciou que ele não havia dormido nada.

— Bom dia. Obrigada pelo café — eu disse, um pouco surpresa com sua expressão. Seu cabelo estava bastante bagunçado e ele tinha olheiras, além de ser possível ver sua barba começando a crescer. Eu preferi não falar nada sobre o que aconteceu de noite, aproximando-me dele. — Tem algo que eu possa fazer para ajudar? Você precisa de alguma coisa?

I - Quem Eu Quero EncontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora