CAPÍTULO 16

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— Aonde você quer ir primeiro? — Vincent perguntou assim que entramos pelo portal cheio de luzes coloridas e cores, encarando as barracas e os brinquedos à nossa frente.

O último lugar que eu queria ir era a montanha russa, porque meus sentimentos e emoções desde a manhã estavam sendo suficientes para mim. Era incrível o quanto podia se passar em apenas um dia, mas lá estava eu, conseguindo ignorar tudo que estava me atormentando assim que via aquele tanto de balões, cores e luzes. O que de cara me chamou a atenção e que me fez largar Vincent sem respondê-lo foi a barraca de algodão-doce.

— É sério isso? — ouvi ele dizer atrás de mim e ri. O algodão-doce que o senhorzinho fazia era enorme, e eu imaginei meus olhos repletos de estrelas e corações enquanto o observava fazê-lo.

— Eu amo algodão-doce! — comentei, animada. Vincent riu atrás de mim.

— Eu tinha te perguntado dos brinquedos. Nós acabamos de comer.

— O espaço para doces no meu estômago é diferente — respondi. — Você pode ir nos brinquedos que quiser, por mim eu ficava do lado dessa barraca para sempre.

— Você gosta tanto assim disso? — ele arqueou as sobrancelhas, mas não o respondi de novo porque minha boca ficou ocupada com um pedaço enorme do doce. Apenas sorri para ele, oferecendo um pouco. — Eu não gosto de coisas doces.

— Nem um pouco? — franzi o cenho, estranhando como alguém não poderia gostar de doces. Ele abanou a cabeça. — É por isso que você é assim.

— Assim como?

Assim — eu disse apenas, me afastando e rindo por dentro enquanto puxava outro pedaço para comer. Vincent me alcançou e segurou meu braço, me fazendo parar. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele abocanhou o pedaço que eu segurava em minha mão, prestes a colocar na minha própria boca. Encarei-o surpresa enquanto ele apenas seguia em frente como se nada tivesse acontecido. Bufei, rindo, e fui atrás dele.

— Vamos naquilo — ele apontou para um brinquedo que revirava as pessoas de ponta cabeça e eu reagi com uma careta.

— Nós acabamos de comer. Essa é a pior ideia do mundo — reclamei. Vincent pareceu cair em si e parou de andar, olhando ao redor. — Vamos em brinquedos mais calmos por enquanto e depois nos aventuramos nesses.

— Por exemplo?

— A casa fantasma! — apontei, já seguindo em direção à fila.

— Você pode por favor não decidir as coisas sozinha e sair andando até elas sem que eu fale se concordo ou não? — ele reclamou, rolando os olhos.

— O que foi, não vai me dizer que você tem medo da casa fantasma? — sorri, provocando-o.

— É claro que não. Não é uma escolha ruim. Mas vamos discutir os brinquedos que queremos ir, que tal?

Estreitei meus olhos, encarando-o. Ele cruzou os braços, como se teimasse.

— Eu acho que você tem medo da casa fantasma — falei.

— Já te falei que não é isso! — ele reclamou e eu ri.

— Já estamos na fila, então você escolhe o próximo brinquedo e eu não reclamo. Vamos, já está quase na nossa vez! — apressei-o a ficar no lugar enquanto jogava o palito do algodão-doce numa lixeira próxima.

— Nem parece que você estava toda rabugenta e brigando comigo há tão pouco tempo — ele murmurou. Eu enfiei as mãos no bolso do meu casaco, tentando conter a animação de ir na casa fantasma.

I - Quem Eu Quero EncontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora