Meu Abrigo - A Tyrus Story

Capítulo 9.

Enfim sábado tinha chegado e eu iria me encontrar com T.J. Claro que eu estava um pouco nervoso, porque eu nunca tinha saído com um menino antes, tipo, que eu estava afim, ainda mais que ELE que tinha me chamado.

Estava em frente ao meu guarda-roupa pensando o que eu deveria vestir para aquela ocasião. Depois de um tempo eu decidi vestir uma camiseta polo vermelha com um casaco cinza e uma calça jeans preta... Algo que parecesse bem casual. Estava na frente do espelho quando o meu celular apitou. Era mensagem do T.J.

T.J: Hey, pobrezinho!

Eu: Hey, cara não-tão-assuatador do basquete!

T.J: Uma pergunta: Já andou de motocross?

Eu: Bom, a Andi já teve uma motocicleta e eu escondi ela na minha garagem... Mas não sei não. 

T.J: Ótimo, eu te ensino.

Eu: Certo.

T.J: Então... Até daqui a pouco pobrezinho!

Eu: Até, cara não-tão-assustador do basquete!

Um sorriso se formou em meu rosto. Ele iria me ensinar a andar de moto! Aquilo parecia ser uma ideia completamente perigosa, mas ao mesmo tempo muito emocionante... Eu queria me arriscar, não poderia fazer nada. Falei para os meus pais que iria andar de bicicleta com um amigo e fui direto ao lugar marcado. 

Chegando lá, a primeira coisa que eu fiz foi procurar por algum sinal de vida do T.J. Nada. Desci e quando encostei a bicicleta em um canto, barulhos de motores percorreram o local. De cara vi T.J com sua moto vindo em minha direção, mas logo atrás dele vinham mais dois caras que eu não conseguia reconhecer. 

Até que ele, todos eles na verdade, andavam muito bem. Pareciam ter muita prática. Ele se aproximou de mim e parou, seguido dos outros rapazes.

- Hey, pobrezinho! - T.J acenou após tirar o capacete. 

- Hey, cara não-tão-assustador do basquete! - Eu o respondi. 

- Que bom que está aqui. - Ele disse. - Ah, e esses são meus amigos. Lester... - Ele apontou para um cara de cabelos escuros. - E esse é o Reed. - Ele apontou para o segundo que tinha cabelos loiros (mais claros que do T.J) e olhos azuis... Que olhos eram aqueles!

Os dois me cumprimentaram.

- É um prazer pessoal! Eu sou o Cy... - Eu comecei a dizer, mas logo fui interrompido.

- Cyrus! Sabemos quem você é. - Lester disse.

- T.J não parava de falar de você... Não via a hora de te conhecer. - Reed complementou, me analisando de cima a baixo e dando um sorrisinho.

Então T.J falava de mim para os amigos deles? Uau, isso nunca havia passado pela minha cabeça. Alguém falava sobre mim para outras pessoas! Era uma coisa boa e inesperada de saber.

- Então pobrezinho... Vamos começar a sua aula de motocross por um dia? - Ele perguntou, tirando o capacete e me entregando. 

- Claro. - Eu assenti, pegando o capacete. Ele saiu da moto e eu subi. 

~*~

Não existem palavras ou sensações para descrever o quão irado e emocionante foi andar em cima daquela moto. Parecia que uma onda de eletricidade percorria o meu corpo e aquele sentimento de adrenalina abraçava o meu ser. Andei somente alguns metros, mas foram os melhores metros da minha vida.

- Uau, Cyrus! Você foi muito bem! - Disse T.J me ajudando a descer da moto.

- Valeu! - Eu agradeci.

- Com um pouco mais de treino, você pode virar um profissional. - Reed disse, me encarando com aqueles olhos perfeitamente azuis.

- Obrigado Reed, mas acho que prefiro só me divertir. - Eu disse.

- Claro, como quiser. - Ele disse, acompanhado de um sorriso.

~*~

- Hey, Reed, qual é a das melancias? - Eu perguntei enquanto via Reed e Lester colocando algumas melancias em lugares e distâncias aleatórias. T.J estava um pouco distante ajeitando algumas coisas em sua moto. - É algum tipo de concurso de "quem come mais melancias primeiro"? 

- Como? - Ele riu. - T.J estava certo, você é engraçado.

- O que que eu disse? - Eu perguntei, confuso.

- Cara, nós não vamos comer as melancias... -Eu não estava entendendo. - ... Vamos atirar nelas! - Ele me respondeu.

- O que? - Eu me assustei. Como assim atirar? Era algum tipo de piada? - Com o quê?

- Veja você mesmo... - Ele me disse. Seguidamente, pegou um saco que estava ao seu lado e levou em minha direção. Quando ele abriu e finalmente me mostrou aquilo... Eu fiquei surpreso, assustado e ao mesmo tempo, sem reação... Era um arma.

- Essa arma é real? - Eu perguntei a Reed.

- Claro que é real. - Ele me respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Onde você conseguiu isso? - Eu perguntei. Ainda estava incrédulo.

- É do meu pai. - Ele me respondeu.

- E ele sabe que você está com isso? - Eu perguntei. A tensão, o nervosismo e o pavor transbordavam em minhas palavras.

- Cara... Relaxa. - Ele disse na tentativa de me acalmar.

Naquela hora eu só pensei em uma coisa: T.J. Eu olhei para ele e vi que me encarava. Nos olhamos por um momento e de repente ele abaixou o olhar. Me virei para Reed novamente.

- Você quer usar? - Ele simplesmente me perguntou.

- Não... - Eu neguei. - Eu definitivamente não quero. - Eu reforcei.

- Ok, tudo bem. - Ele disse sorrindo e se virou para Lester. Eu fui na direção de T.J.

- Você sabia o que tinha naquela bolsa? - Eu perguntei à ele. Por favor... Não.

- Sim. - Ele confessou.

"Sim".

- Eu vou embora... - Eu disse. 

- Ta bom. - Ele disse e simplesmente concordou com a cabeça.

- Eu acho que você deveria ir também. - Eu o encarei. Nos olhamos por um momento e ele desviou o olhar, mais uma vez. 

Esperava que T.J pensasse o mesmo de mim. Aquilo era uma situação perigosa. Uma arma de verdade! E T.J parecia achar aquilo super normal... Como seus amigos. 

Esperava que ele me seguisse... Mas ele não seguiu. Ele ficou lá e eu fui embora.