5. O Vilarejo

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Depois de quase uma semana de viagem - sempre parando apenas para almoçar pois segundo a própria Chapéu se eles ficassem colocando alvos pelo caminho seria mais fácil de os lobos o encontrarem - quando a noite estava começando a se aproximar e tudo parecia cada vez mais cinzento Abraham pode ver uma luz amarelada de várias tochas passadas por um vilarejo pequeno e escondido em meio a uma horda de árvores fechadas e sufocantes. Se ele não estivesse com Chapéu e estivesse tão próximo tinha certeza que jamais encontraria este lugar.

- Chegamos.

Chapéu disse baixo e à medida que chegavam próximos à cidade, Abraham foi ficando com medo que algo o surpreendesse, mas Chapéu apenas pode sentir o velho cheiro do vilarejo pra quem já havia trabalhado tantas vezes.

- Fique rondando a cidade, Odin, e caso algo estranho aconteça quero que me avise.

"Espero que se lembre de me recompensar"

- Sabe que não me esqueço disso.
Odin deixou Chapéu e foi para o alto de uma árvore que ela avistou por um tempo. Quando chegaram à entrada do vilarejo, Chapéu desceu o cavalo e foi andando tranquilamente. Abraham desceu em seguida.

- Por que tivemos que descer dos cavalos? - ele perguntou.

- Não é bom andar por um lugar desses em cima de um cavalo. Assim as pessoas podem te ver e isso não é algo muito bom.

- Pensei que estivéssemos em um local seguro.

- Um lugar nunca é completamente seguro. Além do mais quanto menos gente nos ver é melhor.

- Pensei que você conhecesse essas pessoas.

- Pode ser que sim, mas elas não me conhecem.

O silencio se estendeu mais uma vez sobre os dois e Abraham foi forçado a ir calado por todo o caminho. Quase depois de atravessar o vilarejo Chapéu finalmente parou em frente a uma casa com teto de palha que parecia realmente pobre. Ela bateu na porta com delicadeza e algum tempo depois um homem alto e de barba espessa abriu a porta e lhe deu um abraço apertado.

- Chapeuzinho - disse ele aparentemente contente - quanto tempo eu não te vejo minha criança.

- É bom revê-lo, David - disse ela tentando respirar com o abraço apertado.

Depois de soltá-la do abraço apertado ele ainda a levantou no alto e depois de algum tempo a olhou com a admiração de um pai para um filho.

- Vejo como você cresceu. Tornou-se uma bela mulher como noto. - depois de muito tempo ele pareceu notar a presença de Abraham e no mesmo momento fechou o semblante - quem é o garoto?
Chapéu que ainda tentava se equilibrar depois da euforia os apresentou educadamente e esperou que David desse seu veredicto.

- Deixem seus cavalos amarrados aí atrás e entrem logo. Avisarei à Adelaide que você retornou.
Chapéu acenou com graciosidade para o homem os dois prenderam seus cavalos em um pedaço de madeira mal preso.

- Se sentir fome, me chamem.
Disse Chapéu depois de tirar suas bagagens e montarias dos cavalos.

Os dois pegaram todas as coisas e levaram para dentro da casa pequena que possuía uma mesa de madeira mal lixada e um fogão a lenha mal pintada, mostrando a simplicidade, e o sentimento de lar que ali havia. Adelaide veio em sua direção a abraçou de forma calorosa.

- Oh, Chapéu. Você cresceu tanto desde a última vez que nós a vimos.

- Perdoe-me se não os visitei mais.

- Entendo o motivo do que você fez.

Abraham que olhava tudo de longe se sentiu de repente cansado e Adelaide com grande gentileza lhe ofereceu um banho com água limpa que o marido havia pegado no dia. Ele agradeceu e saiu da sala indo por um corredor até chegar a um quarto pequeno onde havia uma banheira pequena de madeira e do lado alguns recipientes com água.

chapeuzinho vermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora