DOIS - Levo uma surra de um desconhecido

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ANNABETH

Lembro de olhar para fotos dos templos dos deuses na Grécia e imaginar como teriam construído aquelas imensas colunas e belíssimos tetos.

Sempre me pareceram obras feitas por gigantes.

Hoje vejo que talvez não estivesse errada. Assistir ciclopes trabalhando na reconstrução do Olimpo era com certeza uma das experiências mais incríveis da minha vida!

É, sei que sou jovem para dizer uma coisa dessas, mas algo me diz que não vou ver nada parecido com isto tão cedo.

Ciclopes são naturalmente desastrados, Tyson que me perdoe, mas é verdade. Só que eu jamais os tinha visto construir alguma coisa antes.

Minha experiência com eles se resumia a vê-los destruindo coisas, arremessando pedras e na maior parte do tempo... tentando matar a mim e meus amigos.

Ali, vendo cada ciclope erguendo colunas e dando acabamento a detalhes ou ornamentos... era muito diferente.

Eles eram construtores natos.

Voltei minha atenção aos planos e desenhos das plantas originais do Olimpo exibidas na tela do notebook de Dédalos. Sorri ao constatar que tudo corria como o planejado.

Era um prazer saber que o trabalho estava indo bem, mas mesmo assim uma voz em algum lugar de minha cabeça reclamava.

"Você só está copiando trabalhos já feitos! Onde está a inovação?" ela dizia. Tentei, pela centésima vez desde que comecei a trabalhar no Olimpo, ignorar essa reclamação irritante.

Precisava admitir que aquilo estava me incomodando. Quando me ofereceram a honra de reconstruir a morada dos deuses, pensei que poderia colocar algumas de minhas ideias em prática.

Zeus tinha outros planos.

O líder dos Olimpianos deixou claro que esperava ter o Olimpo do mesmo jeito que era antes de ser destruído durante a guerra contra Cronos.

Sem espaço para criatividade. Apenas uma cópia perfeita do que havia sido destruído. Eu estava cumprindo a tarefa que me deram.

Mesmo sem poder inovar, ainda assim era uma grande honra ter este trabalho. Ou pelo menos era isso o que eu estava me dizendo toda vez que a voz reclamava em minha cabeça.

— É difícil imaginar que coisas tão brutas sejam capazes de fazer algo tão belo, não? — A voz doce de uma mulher disse ao meu lado, me arrancando de minhas chateações pessoais.

Me virei para responder, mas de repente descobri que era incapaz de formular palavras. Pelo menos palavras que fizessem sentido.

— Err, eu.. ugh. — Foi o que consegui dizer logo de cara.

A mulher a minha frente era a pessoa mais linda que já tinha visto. Ela tinha um cheiro de mar e olhos verdes alga que me fez pensar em Percy instantaneamente.

Seus cabelos me pareceram escuros a princípio, mas logo mudaram de cor, assim como quase tudo na aparência dela.

Ela tinha uma beleza mutável e única. Sua presença mexia com meus sentimentos e pensamentos.

Eu já tinha me sentindo assim uma vez.

— Afrodite? — Finalmente consegui dizer. — O que faz aqui? — Perguntei sem pensar direito.

O efeito que ela tinha sobre mim começava a me irritar. Odeio não conseguir pensar com clareza.

A deusa do amor sorriu e sentou em um dos bancos de mármore branco que tinha perto de onde estávamos.

Percy Jackson e os semideuses esquecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora