[03] i can't do this, camila.

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{alguns dias depois.}

Sofia andava pelo lugar grande totalmente hipnotizada, a cada canto que ela olhava e via uma criança diferente seu rosto se acendia mais. 

Soltei sua mão por alguns segundos e apontei para um grupo de três crianças, duas garotinhas e um garoto. Eles estavam em um escorregador que parecia ser para uma idade maior que a deles.

Cutuquei minha mãe que estava falando sobre como aquele orfanato era incrível.

- Mama, a Sofia não é muito pequena para estar ali? - digo e aponto para o escorregador enorme. - Vai que ela caí.

Minha mãe olhou para onde eu apontava e revirou os olhos.

- Ela não vai cair, Camila.

Dei de ombros e acompanhei a mulher mais velha até um homem alto e moreno. Ele sorriu ao nos ver e acenou com a cabeça para a porta atrás de si.

Uma mulher que aparentava uns 30 anos, olhos castanhos escuros e bem alta se levantou da cadeira atrás da mesa onde estava e andou até nós, pelo o que mamãe tinha me dito seu nome é Ellen, ela sorriu de lado e apontou para o sofá ao lado de sua mesa.

- Estão acomodadas? - diz quando nos sentamos, eu assinto e minha mãe apenas dá um sorriso fraco. - Bem, pelo que me lembro da ligação que sua mãe me fez, Camila, - ela me olha de forma séria. - Se você por acaso adotar uma criança aqui, você será mãe solteira certo?

- Eu ainda estou tentando convencer meu noivo sobre ter um filho.

A mulher alta me deu um sorriso triste e andou até sua mesa se sentando e segurando alguns papéis.

- Bom, vamos começar a falar sobre o processo de adoção... e eu vou avisar desde o início que, não será muito fácil o processo, digo, não será tão rápido.

Apenas sorri de lado e concordei com a cabeça. Ellen começou a explicar os prós e contras de uma adoção, sobre o longo tempo que iria levar para poder ter a criança ao meu lado. Ela estava falando sobre que dia poderia ser feita a visita em minha casa, eles precisavam saber onde eu morava e se eu tinha estrutura suficiente para abrigar e adotar uma criança, quando meu celular tocou e o nome de Peter ascendeu na tela.

Eu levantei o dedo como um pedido mudo para ela me olhar.

- É o meu noivo, eu vou atender e volto logo, tudo bem?

- Claro querida, leve o tempo que precisar. - Ellen sorriu fraco. - Vou conversar com sua mãe e já terminamos para eu ir mostrar as crianças para vocês.

Fiz um 'sim' com a cabeça e praticamente corri até a saída da sala, quando parei em frente ao parquinho onde Sofia brincava com o pequeno grupo de crianças, a chamada foi encerrada e uma mensagem apareceu na tela do meu celular.

"ͺmi amor <3
você provavelmente deve estar insistindo nessa merda não é? Eu não posso com isso, Camila. ͺ10:27a.m

estou saindo de casa. se não quer desistir disso problema seu, eu vou embora. ͺ10:28a.m"

Grunhi irritada e apertei o celular com força na minha mão, senti o nó familiar se formar na minha garganta e andei rápido até o final do enorme corredor onde tinha uma porta azul entreaberta, não pensei duas vezes antes de abri-la e gritar alto assim que entrei na sala.

- Uau, que frustação.

Olhei assustada para o canto esquerdo da sala, de onde a voz veio. O garoto alto sorriu de lado, ele tinha um violão, ou guitarra, azul no colo. Fez um som de estalo com a língua e levantou a sobrancelha como se me pedisse para explicar algo.

{orphan boy}Onde histórias criam vida. Descubra agora