algumas semanas depois...
ͺA manhã ensolarada de sábado me fez levantar mais cedo que o normal. Se não fosse por um motivo tão bom quanto aquele, eu estaria praguejando até os deuses mitológicos por me fazerem levantar as 7:30a.m.
Com um chá na mão esquerda e a pequena mão de Sofia agarrada na minha outra mão, eu entrei animada pelo portão do grande orfanato.
"Maison des Petits Anges"
Eu sorri ao ouvir as risadas altas e gostosas, olhei para cada canto daquele lugar e me senti aliviada por ver alegria estampada no rosto daquelas crianças.
Eu sabia que muitas delas se sentiam triste por não ter uma família, pais presentes ou alguém que se importasse. Suspirei quando vi Ellen acenar para uma garotinha que aparentava ter uns sete anos de idade, ela quase não parava quieta ao lado dos novos pais adotivos. Os dois homens se abaixaram para ficar da altura da garota loira e deram um beijo na bochecha da pequena, um em cada lado, enquanto Ellen tirava fotos dos três.
Eu me aproximei devagar quando o casal foi embora com a garotinha que saiu acenando para as crianças com sorriso enorme no rosto. Ellen me fitou de olhos cerrados e com uma expressão brincalhona.
- O que faz aqui, Camila? - se aproximou de mim, eu apenas ri. - Está cedo demais.
- Ah, eu só quis trazer Sofia para brincar um pouco com as crianças. - acenei com a cabeça para onde minha irmã estava. Ellen concordou e olhou para o seu relógio de pulso. - Tem muito o que fazer hoje?
- Sim, uma visita na casa de um casal que se interessou pelo Sam, você sabe? Aquele garotinho autista.
Franzi o cenho tentando me lembrar de quem ela falava. Até que lembrei de um pequeno garoto que sempre estava enfiado com a cara em um caderno preto e desenhando pinguins por toda a folha, ele também não saia de dentro de um moletom verde.
- Ah! O Sam... - digo alto, Ellen ri. - Desculpe, eu não funciono muito bem pela manhã.
Ellen brincou um pouco comigo por ser lerda e alguns minutos depois conversa, ela se despediu.
Andei apressada até Sofia e avisei que iria ficar na sala de música. Ela me deu um olhar malicioso acompanhado de um risinho.
Por quê eu ainda conto segredos para minha irmã de dez anos? [n/a; galera eu não sei ao certo a idade da littlecabello, acho que é 11 mas coloquei 10. whatever]
Praticamente corri todo o corredor até a enorme sala de música, nem bati, eu nunca o fazia. Eu sabia que ele estaria lá, e hoje era o dia que ele mais era presente no lugar.
- Você não sabe quem me enviou milhares de desculpas... - praticamente gritei toda a frase mas a cena à minha frente fez minha animação sumir. - Ih, tô atrapalhando?
- Você deveria parar de entrar como um furacão.
Reviro os olhos e ando até uma das cadeiras sentando ao lado do garoto de pele bronzeada, os olhos castanhos claros meio esverdeados me avaliaram devagar.
- Hey, o que aconteceu com ele Shawn?
O rapaz que eu chama de parceiro de dias ruins passou a mãos nos cabelos bagunçando os "cachos", se sentou na cadeira à minha frente e olhou para o garotinho que chorava de forma silenciosa.
- Alec, me desculpe mas não sei o que fazer. - Shawn começou com a voz calma. - Já cantamos sua música preferida, me diga o que está te deixando triste.
O pequeno garoto, Alec, deu de ombros e encostou as costas na cadeira, levantou as pernas e abraçou os joelhos.
Eu olhei para Shawn que tinha uma expressão triste, levantei uma das mãos e levei até os cabelos castanhos e meio longos de Alec.
Ele deu um pequeno sorriso quando comecei a fazer carinho nos seus cabelos e meu coração esquentou de uma forma boa.
- Uh, continue por favor. - disse baixo. Eu arregalei os olhos para sua voz, era um inglês cheio de sotaque latino. - Nossa, fazia tempo que eu não recebia carinho.
Sua fala me fez murmurar um "oh meu deus" para Shawn, que olhava tudo de forma atenta.
Depois de muitos minutos, Alec tinha se esticado por cima de duas cadeiras, deitou a cabeça no meu colo enquanto me pedia várias vezes para não parar de fazer cafuné em seus cabelos.
Eu jamais negaria aquilo.
Shawn contava um sobre o menino adormecido em meu colo, e com o passar do tempo e do que ele falava, eu só me apaixonava mais por aquele garotinho.
- Eu... poxa, eu nem sei o que dizer. - confesso baixo para não acordar Alec. - Ele sofre tanto aqui, por quê vocês não fazem nada?
Alec sofria preconceito das crianças maiores e as que tinham quase ou a mesma idade que ele, por ser mexicano e imigrante. Aquilo me deixou irritada, pois eu sabia o que era sofrer dessa forma, Alec era só uma criança de seis anos, ele não merecia aquilo.
- Você gostou dele, não é? - Shawn me olhou com aquela cara de "sei o que está pensando, não me diga que é mentira.". - Gostou sim, dá para ver nos seus olhos.
Eu ri e o deixei sem resposta, por quê no fundo ele já sabia. Shawn em pouco tempo se tornou alguém que me lia em poucos segundos apenas com o olhar e eu não entendia aquilo. Nos conhecíamos há tão pouco tempo mas a nossa amizade parecia ser de séculos, ele até brincava me dizendo que éramos almas gêmeas, eu apenas ria porque não acreditava nisso.
Parei os carinhos nos cabelos de Alec e foquei em Shawn, ele retribuiu meu olhar e eu dei um sorriso bobo sentindo meu coração acelerar sem motivo algum.
Poxa, parece até que sou uma adolescente.
Era a terceira vez que eu sentia isso, tinha medo do que poderia ser mas eu não queria parar de sentir, era bom e nunca havia sentido aquilo com ninguém, nem com Peter, apenas com o meu parceiro de dias ruins.
ͺ

VOCÊ ESTÁ LENDO
{orphan boy}
Fanfiction➴ [camila × shawn] quando suas esperanças de ter um filho se acabam, camila cabello vai atrás de sua última opção e aquela que seu noivo menos queria que ela fizesse, adotar uma criança.