-Ei, Katsuki, tire os pés do sofá - minha mãe ralhou. Instantes depois uma almofada atingiu minha cabeça.
Eu estava concentrado no meu video game favorito. Ainda estava me acostumado ao fato de que eu não tinha mais dezessete anos, mas minha mãe dizia que não havia pressa. Com o tempo as coisas voltariam ao seu lugar, ela sempre dizia para me tranquilizar.
Já havia se passado uma semana desde que eu acordei. Passei todos esses dias em consultórios, conversando com médicos e até com um psiquiatra. No geral nada muito emocionante acontecia; eu ainda não conhecia Izuku porquê minha mãe disse que ele precisava de um tempo para se preparar, e eu entendia. Mais ou menos. Não era como se eu fosse sair correndo assustado, eu só... Queria saber quem era ele. O que ele tinha de tão especial para mim?
Pensando nisso, finalizei meu adversário no Mortal Kombat, vendo Scorpion abrir o buraco do inferno e passar para a próxima luta. Acabei me cansando antes que o próximo adversário entrasse em ação e parei o jogo.
-Você tem uns jogos melhores - minha mãe resmungou atrás de mim. Estava toda arrumada pro trabalho. - Se quiser comer algo, pode pedir. Aquela lanchonete que você gosta fica perto daqui, as coisas lá estão exatamente iguais.
-Ah, certo. Ei, mãe... Eu, hm... Ainda tenho um celular?
Minha mãe pareceu surpresa com a pergunta.
-Bom, o seu quebrou no acidente, querido... - ela explicou. - Se não me engano, Izuku até comprou um pra você depois... Mas não sei se ele funciona...
Tendo uma idéia repentina, concordei com a cabeça e fingi estar desinteressado no assunto. Menos de dez minutos depois minha mãe saiu e deixou um beijo em meu cabelo.
Contei exatamente cinco minutos.
Levantei-me apressado e corri até o banheiro. Escovei os dentes e ajeitei o cabelo o melhor que pude. Meu coração já batia desajustado em meu peito; eu me perguntava se realmente deveria fazer aquilo.
Desci pelas escadas os dois degraus que me separavam do apartamento que, algum dia, eu dividi com Izuku. Entre todos aqueles eu não fazia ideia de qual deveria ser. Tentei olhar fixamente cada número nas portas, tentando me forçar a lembrar, mas nada vinha.
Eu estava literalmente parado no meio do corredor quando uma das portas se abriu.
Um rostinho redondo e velho me encarou.
-Bakugou! - a senhorinha exclamou alegre. - Você finalmente ficou bem!
Ela veio em minha direção e me deu um gostoso abraço. Foi tão inesperado que eu fiquei parado e sem reação.
-D-desculpe, eu não me lembro da senhora - falei da melhor forma que pude.
-Sim, sim, Izuku me contou que você perdeu a memória... - ela suspirou, mas não parecia abalada. - Você sabe que o jovem Izuku sente muito sua falta, não sabe?
Balancei a cabeça.
-Eu não o vi ainda... Acho que ele está com medo... - murmurei chateado. - Mas eu estou realmente curioso. Como é que ele é?
-Ah, lindo! Você com certeza vai se apaixonar de novo quando encontra-lo. Vocês eram um casal muito engraçadinho, morando aqui...
-Eramos?!
-Sim, sim... Vocês moravam naquele apartamento - ela apontou para uma das portas. - Izuku provavelmente ainda está lá. Por que não vai fazer uma surpresa?
Olhei boquiaberto para ela. Era exatamente isso que eu planejava, eu queria dizer, mas sinceramente, minha voz havia se escondido de mim.
Andei entorpecido até a porta que ela apontou. Havia um tapetinho preto e verde na porta e uma planta grande enfeitando-a.
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A Teoria Do Esquecimento | BAKUDEKU
FanfictionKatsuki Bakugo acordou depois de um grave acidente. Ele não sabe quem é "Kacchan", nem tem lembrança alguma sobre seu namorado, Izuku.