volte para casa em meu coração

7.3K 973 1K
                                    

/Três meses depois

- Sinceramente, não foi como... Como uma dor de cabeça enchendo minha cabeça ou um monte de sonhos. Eu só... Só acordei e então eu lembrava. Lembrava de tudo que eu perdi.

Aizawa concordou com a cabeça. Coçou o queixo e suspirou.

- O que vai fazer? - ele perguntou devagar. - Já tem mais de um ano desde que ele foi embora.

Concordei com a cabeça e não pude evitar as lágrimas que começaram a cair desesperadamente. Havia sido assim nos últimos três dias. Bati uma das mãos na mesa com raiva e me levantei tentando a todo custo respirar fundo.

Eu me sentia meio enjoado com tudo. Como eu pudera me esquecer dele? Como, como eu simplesmente... Não me rastejei para ele implorando que ele me fizesse lembrar de alguma forma?

-Ei, Baku, calma ai - Aizawa pediu e se levantou. - Nós podemos tentar falar com ele, cara. Deve ter alguma forma... Uma rede social, algum número, talvez.

Balancei devagar a cabeça. Era impossível me concentrar no que Aizawa dizia enquanto eu me lembrava das coisas que eu havia feito naquele meio tempo. Eu saí com outras pessoas... Beijei outras pessoas, e pior ainda, dormi com outras pessoas.

Agora, mesmo tendo minhas lembranças de volta, eu havia esquecido o som da voz dele.

Meu coração estava tão despedaçado que doía em cada batida.

//

A forte dor de cabeça que eu sentia não era nada se comparada a tristeza em meu peito quando encontrei a livraria completamente diferente.

Nenhum dos posters de super herois estava ali. Nem mesmo os mais antigos. As prateleiras estavam repletas de livros e mais livros que eu não conhecia e o pior era o cara do caixa que eu nunca havia visto na vida.

Perguntei a ele sobre o dono da livraria e ele apenas me respondeu que, pelo que ele sabia, o dono da livraria morava na Califórnia há um tempo e havia deixado um amigo responsável pela livraria. Mas então esse amigo também havia ido para a California e eles decidiram alugar aquele espaço para uma nova livraria.

Então não havia mais nada naquela cidade que pudesse me dar uma lembrança concreta de Izuku.

Caminhei pela calçada, indo embora, sentindo-me ainda pior. O que eu faria com tudo aquilo? Do que adiantava tudo aquilo se eu não o teria comigo?

Parei distraído em frente a faixa de pedestres para atravessar e ir embora para casa. O reflexo de um dos carros deixou meu rosto em evidência e eu odiava o que eu via. Aquela face arrasada, os olhos vermelhos e inchados...

-Ei, bom dia! - uma voz sorridente murmurou ao meu lado. Virei-me de cara feia e dei de cara com uma garota de cabelo curto e escuro. - Tudo bem? Meu nome é Jirou, eu sou estudante da Escola das Artes. Nós estamos convidando os moradores para conhecer nossa orquestra. Se tiver interesse você...

- Onde é essa escola? - perguntei interessado. Jirou piscou surpresa.

-Oh, bem... É perto daqui - ela murmurou. - Rua General Hodan, número duzentos e trinta... O prédio branco ao lado de uma loja de instrumentos.

-Você está indo pra lá, tipo, agora? - perguntei.

-Eu... Bem, sim - ela murmurou parecendo confusa. - Você quer conhecer a escola?

- É, eu acho que sim - eu disse devagar com um suspiro pesado. - Eu  preciso encontrar algo para me entregar.

.

A Teoria Do Esquecimento | BAKUDEKU Onde histórias criam vida. Descubra agora