Final!

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/ Izuku


- Aqui, senta aqui - Kacchan pediu animado, afastando alguns travesseiros e o edredom grosso para que eu pudesse chegar para perto dele na ponta da cama. 

Eu não estava vestindo nada a não ser uma boxer dele, depois de passarmos infinitas horas acordados na noite anterior. Eu nunca percebi que sentia tanta falta dele até o exato instante em que ele deslizou as mãos pelos meus braços ou segurou meu cabelo enquanto me beijava. Como meu corpo somente reagia ao corpo dele, a sintonia dele. Como eu só era capaz de me entregar a ele, com tanto amor e profundidade. 

- Você se lembra daquele filme com os vampiros que você me disse que gostava? Quando nós começamos a morar juntos - ele explicou. - Você me fez assistir um filme onde um vampiro tocava piano para a garota dele.

- Você está falando sobre crepúsculo? Você ainda lembra disso? - perguntei surpreso.

Os olhos de Kacchan brilharam.

- Eu me lembro de tudo sobre você - ele me respondeu e se virou para o piano portatil que ele havia me mostrado.

- Não vai ficar tão bom porque o som é diferente do piano de verdade - ele disse ainda com aquela animação, esticando as mãos na frente do corpo. - Mas olha só.

Notas calmas e bonitas começaram a ecoar imediatamente. Cada toque dos dedos dele era como mágica e eu podia senti-los na minha pele. Como ele dedilhava minha cintura na noite anterior ou como suas mãos acariciavam meu rosto - era daquela forma que ele tocava o piano a sua frente. 

Kacchan estava tão concentrado tocando aqueles sons lindos e eu de repente me lembrei exatamente de qual música ele estava falando. Era aquela música linda e calma onde a garota do filme sempre dorme. A música que o vampiro tocava para ela na sala de estar. 

Uma música que poderia me fazer apaixonar de novo e de novo por ele. 

- E-eu - murmurei em voz baixa. - Queria ver você tocar violoncelo. 

Ele parou a música por um instante. 

- Você quer?

Concordei com a cabeça. Ele se levantou - estava usando uma calça de moletom folgada e somente isso - e andou até o enorme armário que cobria quase toda a parede e o abriu. Ali dentro havia muitas coisas que eu não conhecia e ele trouxe consigo a maior delas. O violoncelo era imenso. 

Ele se sentou de novo no banco do piano, dessa vez de frente para mim e me encarou meio envergonhado. Ele desviou o olhar para as cordas do violoncelo e as tocou devagar, os olhos fechando imediatamente. 

- É como se fosse você - ele murmurou tão baixinho que poderia ter sido um cantarolar. - Eu sempre toquei nele pensando em você.

E sem dizer mais nada ele estendeu os dedos para o violoncelo, abraçando-o com um dos braços e movendo a outra mão com aquela coisa que eu não sabia o nome para formar os sons. E o que ele fazia. Aquilo era inacreditavel, era realmente mágico. Ele tocava com um sorriso profundo no rosto tranquilo de olhos fechados, uma paz tão grande em sua expressão que ele poderia estar sonhando. 

Ele murmurou alguma coisa enquanto tocava, os lábios se movendo em silêncio completo enquanto as mãos davam forma a coisa mais bonita que eu já o ouvira fazer algum dia. 

Eu estava tão entretido com o rosto dele que quase me assustei quando ele abriu os olhos e os fixou em mim. Senti minhas bochechas ficando vermelhas e notei um sorriso crescendo no rosto dele. 

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