Capítulo 11 - Segunda chance

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Iei! Voltamos! 

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O domingo chegou para todo mundo. Beca iria almoçar com seu pai e depois tinha marcado de ir tomar um sorvete com Joguí perto de casa. No dia seguinte, todos levantariam cedo e Diogo deixou claro que o namoro - ou o que quer que eles tivessem - não poderia interferir em nada nas notas de Beca. Ele nunca teria condições de pagar um colégio como aquele e ela não podia correr o risco de perder a bolsa que tinha.

Nina levantou logo cedo. Antes mesmo de Beca acordar, a companheira de time se arrumou, tentou arrumar a cama que tinha dormido e se preparou para sair. Antes de passar pela porta do quarto da amiga, a olhou mais uma vez, como um anjo sem asas dormindo o melhor dos sonos. Fingiu não perceber seu coração acelerar, apenas sorriu, deu um beijo na cabeça de Beca, bem de leve para não a acordar, escreveu um bilhete dizendo que tinha saído cedo e foi pra casa. Queria pegar o café da manhã com os pais, já tinha passado muito tempo fora e ainda sairia mais tarde para encontrar com Alexia. E só de lembrar dela, o nervosismo tomou conta.

Não desmarque comigo, por favor. Na pracinha, nosso banco, depois do por do sol. Nina já estava quase chegando em casa quando recebeu a mensagem da ex. Como se ela soubesse o que Nina estivera pensando. Respondeu confirmando o encontro, abriu o portão de casa e entrou pela cozinha, bem a tempo de sentir o cheiro de café que sua mãe estava preparando.

- Dormiu fora, dona Daniela? - a mãe lhe perguntou com um sorriso sincero no rosto

- Mãe, me chama de Nina, por favor?

- Você não gosta do nome que lhe demos?

- Não é isso. É que Nina tem mais a ver com o que eu realmente sou...

- Tudo bem, então posso te chamar só de filha?

- Na verdade a senhora deve! É meu apelido preferido

- E exclusivo! Só eu te chamo assim, ouviu?

A amizade delas nunca foi nada de especial, mas depois que Nina assumiu sua sexualidade e passou por algumas fases difíceis de aceitação, sua mãe virou seu porto seguro em muitos momentos. Era um ombro, um colo, uma briga e o abraço que ela mais precisava em todos os momentos. Além do mais, ela foi a melhor mãe do mundo aturando todas as confusões de Alexia.

- Eu posso saber onde minha filha dormiu, então? - a mãe voltou a perguntar

- Dormi na casa da Beca, aquela amiga que te falei

- Uhm....amiga nova é? - a mãe perguntou com um nítido tom diferenciado na voz

- Nada disso, mãe! Ela é minha amiga mesmo

- Se você diz...quem sou eu para discordar?

- Mãe, não ia te contar isso, mas acho que preciso dividir a notícia...

- Se fosse em outros casos perguntaria se você está gravida, mas acredito que não preciso ter essa preocupação, não é?

- Não mesmo, mãe...é a Alexia...eu vou encontrar com ela hoje.... - Nina diminuiu um pouco o tom da voz no final da frase

Era nítido ver a transformação no rosto da mãe de Nina

- Filha, não vou te dizer que gosto, mas não vou proibir, até porque não é o meu estilo...só peço para que tenha certeza do que você está fazendo. Nós sabemos o que essa menina nos fez passar.

- Pode deixar! É só uma conversa, mas, quando eu chegar eu te conto como foi, tá bom?

- Sempre confiei em você, não seria diferente agora. Vamos tomar café? Estou faminta!

O resto do dia correu normal em todas as casas. Beca riu com o bilhete deixado por Nina e lembrou da sensação de ganhar um beijo logo pela manhã, mas podia ser sonho, ela não tinha certeza. Almoçou com seu pai, adiantou alguns exercícios de casa e se preparou para sair com Joguí. O menino estava esperando uma resposta e ela já tinha decidido aceitar o pedido de namoro, mas nas condições dela, ou seja, sem pressão, sem exigência de romantismo e sem sexo. Pelo menos por enquanto.

Do outro lado da cidade, Nina se arrumava no quarto para encontrar Alexia. Passou algum tempo na frente do armário pensando em que roupa colocar, tirou e recolocou várias calças e blusas. Tentou uma bermuda, mas desistiu antes mesmo de fechar o zíper. No final das contas, não inovou: colocou uma calça jeans azul, uma camiseta com uma jaqueta jeans e uma sapatilha de cor neutra, igual a todas as outras que ela tinha. Nina não era de chamar atenção e justamente por isso chamava mais atenção do que todas as outras meninas.

- Por um momento achei que você não viria - Alexia falou assim que avistou Nina de pé ao lado do banco onde estava sentada

- Eu falei que vinha, não tinha porque mentir... - Nina falou enquanto se sentava

- Obrigada

- Fiz por tudo que a gente passou...

- Realmente, nós passamos por muita coisa mesmo...

- Nem sempre foram boas, né, Alê?

- Ouch. Você sabe mesmo como estragar as memórias de alguém

As duas riram com a interpretação que Alexia fez fingindo levar um tapa ou algo do tipo. Por um instante, Nina lembrou de todos os melhores momentos que tinham vivido. Em como Alê a adorava e fazia de tudo para agradá-la, em como elas estavam apaixonadas e em como o beijo e o sexo eram algo surreal. Nina lembrou de quando estavam naquele mesmo banco em um sábado a tarde e Alê apenas levantou sem falar nada e voltou cheia de pequenas flores na mão, como um buquê, para Nina. Elas diziam que iriam se casar e que a festa seria na quadra de futebol da pracinha.

- O que você queria conversar comigo, Alê? - Nina perguntou depois de conversarem sobre algumas banalidades

- Primeiro de tudo, eu queria te pedir desculpas...por ter sido tão ruim para você...

- Alexia, não precisamos entrar nesse assunto... - Nina tentou interromper, mas Alexia colocou um dedo em seus lábios para que ela parasse

- Nina, você foi o que de melhor aconteceu na minha vida e eu nunca vou conseguir e nem nunca vou querer esquecer você. Eu quero uma segunda chance. É isso que eu vim conversar.

Por mais que Nina esperasse que esse fosse o assunto da conversa, não acreditou que Alexia estivesse realmente pedindo uma segunda chance, não depois de tudo que aconteceu. Seu coração acelerou demais e ela teve que respirar fundo para controlar a frequência cardíaca que já estava explodindo. Alexia não falou mais nada. Apenas se aproximou de Nina, segurou suas mãos e de olhos fechados a beijou. Aqueles lábios que Nina nunca esquecera e continuavam com o mesmo gosto. Aquele beijo na velocidade certa e com o encaixe perfeito. Nina estava nervosa. Pela primeira vez em muito tempo, ela não fazia ideia do que fazer agora.

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E aí? Será que a Nina vai dar essa segunda chance? Capítulo curtinho pq titia aqui tá morta! Mas voltamos em breve! 

@ grupohpm


Filme Americano (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora