Capítulo 1

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Sophia

– Estou te falando, Cacá, finalmente irei começar a trabalhar. Não vejo a hora de mostrar para o meu pai que posso ser uma pessoa responsável. – falo apoiando o celular no ombro enquanto fecho o vestido.

– Você que deixou o velho desconfiado, ninguém mandou virar uma rebelde sem causa. – riu do outro lado da linha e revirei os olhos.

– A culpa é sua, seu safado, eu era uma santa comportada e você foi lá me levar para o mau caminho.

Ouço sua gargalhada e automaticamente gargalho também.

Luca era uma das poucas pessoas importantes na minha vida. Depois de nos encontrarmos em uma festa quando eu tinha dezesseis, nunca mais nos desgrudamos, viramos melhores amigos e com o passar do tempo viramos mais algo também. Ele era um cara incrível e descobri que era muito diferente dos outros cuzões da nossa idade. Sempre dávamos uns beijinhos quando batia vontade, mas nada além disso. Ele sempre me respeitou muito. Luca era um namorador nato, sempre rodeado de garotas e fazia questão de usufruir da beleza que tinha. Porém, nunca senti ciúmes dele. Éramos melhores amigos que se beijavam de vez em quando, nada mais.

Quando fiz dezessete anos e ele dezoito, deixamos as coisas rolarem e acabei perdendo a virgindade com ele. Não me arrependo. Foi perfeito, eu confiava bastante nele e ele foi super paciente e cuidadoso comigo. A gente ficou com medo de que o sexo confundisse a nossa amizade, mas isso não aconteceu. Como todos pensam, a primeira vez a gente nunca esquece e a minha eu vou sempre lembrar com carinho, afinal foi com uma das pessoas que mais amo na vida.

Meu amor por Luca é imenso, mas é amor de amigo, de irmão. Não sei explicar, apenas sei que não sou apaixonada por ele, nunca fui.

– Como estão as coisas aí? – perguntei quando paramos de rir.

– Frias. – riu de leve. – Ótimas na verdade. Recebemos um projeto fantástico, quando eu tiver um tempo te mando a ideia.

Podia sentir sua animação e fiquei feliz por ele. Fazia dois anos que ele havia se mudado para Alemanha, depois de um amigo de seu pai tê-lo chamado para trabalhar em sua empresa assim que se formou. Luca era engenheiro civil e trabalhava em uma das melhores construtoras da europa. E tudo isso com apenas vinte e quatro anos.

– Vou cobrar. Bom, lindinho, tenho que desligar, boa sorte nesse projeto. – desejei.

– Tchau, tigresa, te amo.

– Amo você. E pare de me chamar assim!

– Não, você gosta que eu sei.

Ri negando com a cabeça, nunca ia admitir isso.

Encerrei a chamada e voltei a me arrumar. Hoje é meu último dia de folga. A partir de amanhã vou começar a trabalhar e estou bastante ansiosa. Sempre quis trabalhar na empresa de papai, o admiro e quero me tornar presidente como ele.

Portanto, quero estar linda e maravilhosa para meu primeiro dia de trabalho, afinal vou fazer parte da diretoria – também não aceitaria nada menos que isso – junto com outro rapaz, que parece ser filho de um antigo amigo do papai. Nunca o vi, mas meu pai não para de falar nele e em como é um homem responsável e direito e que daria um ótimo presidente.

Isso nunca!

Aquilo tudo vai ser meu e não vou deixar um qualquer tirar isso de mim. Não sou nenhuma louca por dinheiro ou poder. Longe disso, mas poxa, cresci vendo meu pai trabalhando na empresa e sempre sonhei em ser como ele e assumir seu cargo; não seria justo outra pessoa assumir tudo. Todavia, não quero ser reconhecida apenas porque sou sua filha. Vou fazer por onde e mostrar que mereço e sou boa o bastante para isso.

Aquele cara que me aguarde.

Termino de passar o batom e pego minha bolsa, saindo de casa logo em seguida. Esto indo ao shopping comprar uma roupa que me deixe com cara de séria, afinal quero causar uma boa impressão no meu primeiro dia na empresa. Ao chegar, vou direto para a praça de alimentação e mando uma mensagem para Luana, minha melhor amiga.

Lú, cheguei. Cadê você?

Estou atrás de você, gata.

Virei-me na hora e vi minha amiga parada, me olhando com o celular na mão. Estava linda como sempre. Usava uma saia azul um pouco acima dos joelhos, uma blusa solta de seda branca e nos pés calçava uma rasteirinha básica.

– Sophia do céu! Pensei que não viria mais. Sabe quanto tempo te esperei? – reclamou, me abraçando.

– Desculpa Lú, fiquei presa no trânsito. Mas vamos logo ver essa roupa antes que eu tenha um ataque de ansiedade. – falei a puxando em direção a escada rolante.

Fomos em várias lojas diferentes e comprei um monte de roupa; sou consumista mesmo, não nego. Tá, confesso que não precisava da maioria das coisas que comprei, mas o que eu posso fazer se amo comprar? Lú e eu comemos comida japonesa e depois nos despedimos. Eram seis horas da noite quando recebi uma mensagem da Caroline, minha outra melhor amiga.

AMIGA! Hoje é a inauguração da boate Lux. Te pego às onze horas.

Ah amiga, acho que não vai rolar. Tenho que acordar cedo amanhã para meu primeiro dia de trabalho. Fica pra próxima. Beijinhos.

Digito de volta e guardo o celular.

Não podia sair hoje, ainda mais para uma boate, toda vez que vou à uma não dá o que preste. Uma vez fiquei tão bêbada que fiquei de calcinha e sutiã na frente de todo mundo. A sorte é que minha amiga viu logo e me tirou de lá. Saí na capa de um monte de revista de fofoca sensacionalista com manchetes tipo essa: Filha do empresário Diogo Albuquerque, Sophia Albuquerque, fica seminua em uma boate no centro de São Paulo.

Arg, não gosto nem de lembrar daquela fase da minha vida!

Joguei o celular de lado e fui tomar banho.

Boate hoje não! Não queria ir trabalhar com uma puta de uma ressaca.

Assim que saio do banho meu celular apita dizendo que chegou uma mensagem.

Amis, você vai sim. Já pedi para o meu amigo colocar o nome da gente no camarote VIP, então deixa de fricote e põe uma roupa bem bonita que daqui a pouco estamos aí.

Meu Deus! Essas minhas amigas só me botam no mau caminho. Não tenho escolha, vou ter que ir à essa tal boate.

Espero dar oito horas para me arrumar; coloco um vestido preto colado curto, ele tem um decote discreto, mas que provoca a imaginação e é aberto nas costas. Nos pés coloco um salto agulha vermelho e faço uma make marcando bem meus olhos azuis. Nos lábios, coloco um batom vermelho sangue e solto meus cabelos loiros que vão quase até a bunda, fazendo cachos nas pontas para finalizar.

Prontinho, estou pronta e me sentindo muito gostosa. Não é por nada não, mas eu sou muito gata.

Linda, rica e loira.

Sorrio largamente e mando um beijo para o meu maravilhoso reflexo no espelho, piscando um olho logo em seguida.

Acordo dos meus devaneios com o barulho do interfone avisando que as meninas tinham chegado.

Lá vamos nós, seja o que Deus quiser!

No entanto, mesmo apreensiva de acabar me metendo em confusão, tenho uma estranha sensação de que esta noite promete!

Surpresas do Destino (Efeito Sophia) Onde histórias criam vida. Descubra agora