Liberta-me.

O tormento II

- aonde estou?
Foi a primeira coisa que eu consegui fazer fazer da minha boca, pois estava muito assustada e exausta com tudo o que tivera acontecido.

- Estás no hospital, como vês. Tu estavas louca? Tu tentaste matar-te! És tão linda, tens uma vida inteira pela frente, porquê que fizeste isso?

Disse ele, olhando para mim e tentando ver se eu não sou nenhuma psicopata mental.

-Sou linda sim, mas talvez não tenha uma vida inteira para frente.
Disse eu, baixando a cabeça e desviando o olhar , e me endireitando , pois eu estava numa posição desconfortável.

- Como assim?
Podes contar-me o que te levou a fazer isso?
Perguntou-me ele , pegando no meu queixo, levantando o meu rosto  e tentando fazer com que eu olhasse para ele.

Nesse exacto momento chegou o Doctor.

Oi, eu sou o Dr°Lewis e vim saber como está a nossa paciente. Disse o Doctor, pegando no seu esfignomanometro, aferindo  a minha  pressão arterial.
Pegou no termômetro e mediu a minha temperatura.
Pronto para dizer alguma coisa, ele se levanta, coloca o estetoscópio por volta do pescoço, endireita a sua bata totalmente branca, e diz:

Bem , ela está melhor do que eu esperava, agora, por enquanto, chega de perguntas, vamos deixar ela descansar, é o que ela precisa fazer nesse momento.
Ela está com a tensão e temperatura normal, isso é um bom sinal.

Desculpe , Doctor. Mas eu quero pelomenos saber o que aconteceu depois de eu ter me atirado do último andar de um prédio.

Disse eu, cheia de vergonha na cara.

Bem, não sei como , só por um milagre, tu apenas deslocaste o fémor, o maior osso do corpo, da perna. Disse o Doctor Lewis.

Então eu vou ficar paralítica? É isso?
Eu nunca mais vou andar? Eu vou depender de uma cadeira de rodas.

Disse eu, com muita lágrima nos olhos e me sentindo culpada por tudo o que havia acontecido...

Não, como eu disse, por um milagre ...O lugar de onde te atiraste, era para morreres , mas só deslocaste a perna, tu ficaste 2 semanas em coma e com os nossos tratamentos, tudo se resolveu e podes andar normalmente. Não aconteceu nada contigo, estás muito bem e daqui à 2 dias dou-te altas.  Disse o Dr° Lewis, se retirando lentamente e pedindo para o jovem que me socorreu, que nem sequer se apresentou à mim, para se retirar lara que ru descansasse, e foi assim que ele fez.

Eu fiquei sozinha, olhando para o quarto em que eu estava, sozinha e meio confusa.  E aí, as lembranças vieram novamente e eu comecei a chorar, mas logo pensei :

Já não vou mais me atormentar pelo meu passado, vou tentar viver o presente e melhorar o futuro, eu falhei, eu sei. Falhei muito , e por essa falha, todos a minha volta pagaram, mas a minha tortura é pior. Eu vou esquecer tudo isso porque é passado, não quero mais me atormentar.
Senhor Deus, eu peço perdão por tudo e que hoje em diante, seja o senhor a acompanhar-me , a cada tribulação em que passar.

Depois de tudo isso, tentei levantar-me e consegui.  Não sei se podia levantar, mas o Dr° não deixou nenhuma ordem, Então...
Olhei para a janela e notei o quão brilhante estava o sol, quão felizes estavam as pessoas que estavam lá fora, parecia que ninguém tinha problema algum... gostaria de voltara sorrir assim...

E aquela velha, e os espíritos, e o pacto?
Ah, sei lá, vou sorrir agora, enquanto posso, mas vou pedir à Deus para que ele me dê forças para lutar, caso eles voltem a perseguir-me .