Capítulo 4

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Lauren POV

-Você podia ter me esperado te buscar, Camz. - Disse dando espaço para ela entrar em meu apartamento.

-Não. Ia te dar muito trabalho, Lolo. - Parei ao ouví-la me chamar de um apelido fofo. - Eu sei que você já passou a tarde inteira trabalhando no seu novo projeto.

Fiquei um pouco vermelha. Na verdade,mais do que o sol já havia me castigado. Mas notei que para ela era mais que natural me chamar assim. Então, tentei agir naturalmente.

-S...sim, está ficando lindo.

-Então, você passou a tarde fotografando os catadores de lixo?

-Sim, acho que fiz ótimas fotos. Depois que estiver trabalhando na revelação delas, eu te mostro.

-Ótimo! - Disse sorrindo lindamente e colocando a língua  entre os dentes. - E quando será isso?  

-Trabalharei esta semana inteira lá, o dia todo. Acredito que semana que vem, lá para o meio ou final, já terei o material necessário.

Resolvi mostrar a cidade com outros aspectos. Tirarei algumas fotos dos catadores e algumas funções menos valorizadas da sociedade.

Sempre acreditei que cada um tem sua função na sociedade e ninguém é mais ou menos importante que ninguém. Peguei alguns depoimentos também e pretendo apresentar meu trabalho para algumas galerias. Quem sabe eles não se interessam em mostrar meu trabalho em uma exposição?

Sonhando grande demais? Sim, mas com os pés firmes no chão e pronta para voar. Se não der, darei alguns pulos e provarei o vento no rosto, descolando os pés do chão mesmo assim.

-Estou ansiosa. - Disse colocando a vasilha que trouxe com brigadeiro em cima da mesa. - Você está bastante vermelha, Lolo. Usou protetor?

Baixei o rosto me entregando.

-Usei um chapéu. Esqueci de colocar protetor.

-Você é muito branquinha. Não pode esquecer.

-Eu sei, Camz. Não vou esquecer amanhã.

-Bom mesmo. - Olhou brava para mim e segundos depois deu um sorriso manhoso. - Quero pipoca.

Sorri abobalhado para ela, apaixonando-me mais do que já estava.

Ficamos assistindo filme até tarde e em alguns momentos eu queria agarrá-la e juntar nossos lábios, mas me contive e preferi não espantá-la.

-Fica, Camz. Amanhã cedo acordamos juntas e vamos trabalhar. - Será que pareceu que eu estava insinuando algo? - Q...quer dizer, você acorda separada de mim, mas no mesmo horário. Eu não quero dormir com você. Q...quer dizer, quero, mas...

O que eu estava falando meu Deus. Fiquei vermelha, ou melhor, roxa. E ela riu da minha cara como sempre.

-Eu entendi, Lolo. - Disse fazendo-me derreter novamente pelo apelido fofo. - Mas acho melhor eu ir. Vai que você resolve dar um ataque de sonambulismo durante a noite e me atacar no sofá.

-N...não, Camz. - Disse espantada. - Primeiro que você dormiria na minha cama e não no sofá. E você trancaria a porta para ficar mais a vontade.

-Eu não quero te tirar da sua cama ou isso faz parte da aposta?

-Esquece essa aposta, Camz. As meninas são malucas, eu não quero forçar nada entre a gente, só quero sua companhia.

-Eu gosto da sua companhia também, Lolo. Mas hoje eu gostaria de dormir em casa, podemos marcar com as meninas de dormir qualquer dia desses.

-Sim, você tem planos para a sexta?

-Eu sou toda sua este mês. - Disse com o sorriso de lado me fazendo ficar vermelha. Logo sua risada gostosa soou e eu baixei meu rosto.

-Então, a gente marca para sexta. - Disse ainda envergonhada. - Mas aqui é bem pequeno, podíamos marcar em outro canto se vocês quiserem. Eu tenho dois colchonetes que comprei pensando na minha família, mas nunca os usei.

Isso me trazia um nó na garganta. Uma tristeza imensa me atingiu. Pensar que eu tinha tantos planos com essa minha mudança e nenhum deles, relacionado a minha família, foi concretizado. 

Camila notou minha tristeza e se aproximou um pouco de mim, colocando suas mãos sobre a minhas.

-Eu não me importo de ser aqui. Gosto do seu apartamento. Ele é aconchegante. - Disse sorrindo, fazendo-me dar um riso envergonhado.

Ela tinha um poder de me fazer se sentir bem com um só gesto.

-Lolo, o que acha de marcarmos algo com nossas irmãs amanhã?

-Com nossas irmãs? Não entendi.

-Eu fiquei bastante reflexiva sobre o que conversou comigo a respeito da escolha de curso. E eu notei que nunca tive essa conversa com Sofi. - Disse me fazendo parar para pensar.

Não sei se seria uma boa ideia. Taylor havia se afastado de mim após minha mãe, praticamente, obrigá-la a isso.

-Eu sei que você e sua irmã estão distantes, sei também que sua mãe não quer que se aproximem, mas podíamos marcar algo na faculdade delas. Elas estudam na mesma e...

-Camz, eu não acho uma boa ideia. - Disse a interrompendo. - E se minha mãe descobri? Ela ainda mora com meus pais.

-Mas deve almoçar no campus. Podíamos marcar com as duas próxima a faculdade neste horário.

Parei para refletir ainda apreensiva. Minha mãe me mataria se descobrisse e não sei se Taylor irá querer essa aproximação.

-Vamos, Lolo. A única coisa que sua mãe fará, caso descubra, é afastar vocês, mas isso ela já fez. - Ela disse. - Arrisque-se comigo.

Eu me jogaria de um penhasco com você, Camila.

-Ok, mas primeiro preciso mandar mensagem para Taytay. Caso ela aceite, vamos.

-Mande agora, então. - Disse e eu me espantei pela pressão. - Vamos, Lolo, antes que desista.

Revirei meus olhos e me levantei para pegar o celular. Taylor visualizou a mensagem pouco depois de eu mandá-la. Seu silêncio foi uma resposta e eu preferi não mandar mais nada.

Porém, antes de Camila se despedir de mim, quando já havíamos desistido, ela me respondeu dizendo que me encontraria no horário marcado.

Espero que dê tudo certo. A distância está me matando, mas eu respeito sua postura e entendo que prefira ficar longe para não piorar o seu relacionamento com nossa mãe.

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