Título Indefinido #1

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Entre os praticantes de artes em geral,  é comum o ato de renovar os ares, sair das angústias, através de uma nova composição.
Diante da monotonia dos dias, proveniente da corriqueira falta de comunicação com o resto do mundo, uma oportunidade de tirar-me a indiferença no olhar me aparece: sair com dois amigos, de bicicleta, sem rumo definido.
Ruas, prédios, pessoas, conversas. Só vi que realmente necessitava disso ao estar no então presente momento, de boa companhia. É estranha a comparação.
Ao final da tarde, penso sobre os momentos, tão diferentes do usual... Fá maior soa-me conveniente, ao remeter-me ao verde das árvores pelas quais passava, o sol entre elas, e a ausência da mente enquanto apenas vivia. O vento... suave, em um dia quente, e o coração, que bate... lentamente, sugere uma levada calorosa e paciente.
Esse dia, porém, não existiria sem introdução. Vozes de cordas anunciam, de forma íntima e forte, todo o swing em descrição.
Assim como a minha visão ao meu redor, um violão começa sozinho, tímido, prevendo um posterior acompanhamento, que torna tudo mais confortável. Como uma flor que desabrocha ao sol, o sentimento se expande... expandindo ao ponto de esquecer do resto do mundo. É só isso que importa agora. Este é o refrão.
Tomado pela junção de todos os elementos, das folhas aos ventos, da mente ao momento, a vida ganha uma música e, por ela, é encaminhada por uma trilha, digna de boas recordações, que se estendem até agora, através de doces pontes e solos ferventes de cores, onde depois são envoltos pela ternura, que tudo isso permitiu, concluindo um belíssimo registro de um bom dia, vivido do jeito que era pra ser vivido.

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