Capítulo 3

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    As semanas se passaram e tudo ocorreu muito bem. Na verdade, tudo ocorreu ótimo. Meus pais não estavam mais brigando, estava indo bem na escola e minha amizade com Isabella realmente tinha algum futuro. Eu comecei a almoçar com ela e com seus amigos, nós tínhamos piadas internas, e sempre que possível, a gente saia depois da aula. E o que deixava nossa amizade ainda melhor, era o fato do Dylan não estar mais me enchendo o saco. Por algum motivo, ele nunca me infernizava quando Isabella estava perto, e como ela estava perto de mim quase que toda hora, ele não infernizava mais. Ás vezes, quando eu passava por ele no corredor, podia ver as veias saltando de seu pescoço, como se me odiasse ainda mais por estar falando com sua irmã. Mas já não me importava. Se eu fosse casar com Isabella, deveria aprender a conviver com aquele saco de merda que ela chama de irmão.

    Estava tudo indo bem, então de repente, tudo começou a ir mal, muito mal.

    O dia começou normalmente, já era possível sentir a temperatura mais amena do Outono e as folhas já começavam a ganhar um belo tom alaranjado. Fui para escola como todos os dias. Tive que colocar um casaco porque não aguentaria andar de bicicleta somente de camisa ás seis horas da manhã. Tinha Biologia II como de costume e depois Espanhol. Encontrei Isabella na entrada com algumas amigas, fui até elas e cumprimentei todas. Elas contavam como foi o fim de semana, e eu apenas observava Isabella, que quando percebeu, ficou um pouco envergonhada. Ela me empurrou e aproveitei o impulso para ir guardar minhas coisas no armário.

    Eu estava feliz, talvez nunca estivesse tanto na minha vida. Finalmente eu era alguém, e ainda melhor, eu era alguém para a pessoa que eu mais queria que me notasse. Isabella e eu havíamos começado um tipo de joguinho de flerte. Ás vezes jogávamos algumas indiretas e olhares, mas sempre acabávamos rindo igual idiotas. Sempre que acontecia, eu não me reconhecia, como eu, Josh Bailey, estava jogando indiretas e cantadinhas para Isabella Hansen?! Era óbvio que havia alguma coisa entre nós, e Dylan sabia.

    Estava guardando meus livros quando, do nada, alguém esbarra em mim.

- Olha por onde anda, Bailey! – Já tinha algumas semanas que Dylan substituíra ''viadinho'' por apenas ''Bailey''. Não reclamei do novo apelido.

- Você que esbarrou em mim – Falei enquanto colocava meu livro de Redação na mochila – Idiota.

    Não era minha intenção, mas falei alto demais. Eu estava começando a ganhar confiança, mas a mesma me traíra. De repente, a porta do armário bate tão perto do meu rosto, que consigo sentir o vento na minha cara. Minhas bochechas enrubescem.

- O que você disse?! – Dylan olhava para mim com uma expressão que eu nunca havia visto. Eu sabia que ele estava guardando tudo para si, e tive certeza que era agora que ele iria explodir.

    Me virei em sua direção.

- Se você pensa que só porque está andando com a Isabella, eu não tenho coragem de quebrar sua cara, é melhor você tomar muito cuidado.

- É melhor você também tomar cuidado, Hansen. Não tenho medo de você!

    Ele sabia que era mentira, mas não aguentava me ver desafiando ele. Dylan avançou na minha direção, mas eu não recuei, não podia, não quando já havíamos chamado a atenção de algumas pessoas. Ele cerrou os punhos com tanta força que quase pude escutar seus ossos estalarem. Ele estava vermelho, e meu coração estava batendo tão forte que tive medo dele conseguir ouvir. Eu olhava no fundo dos olhos dele, e não desviei nenhum momento. E como uma salvadora, ouvi a voz de Isabella e suas amigas vindo em direção a nós pelo corredor. Dylan deu um sorriso de leve, que contrastou com seu olhar de ódio:

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