PERCY
Há 900 anos...
Grécia
2º Guerra Gigante - Batalha final.Se Percy tivesse que nomear os sentimentos que compunham a massa que parecia borbulhar em seu estômago, irradiando da ponta dos pés ao último fio no topo de sua cabeça, ele facilmente classificaria como puro terror e desespero. Cada monstro que assombrou sua vida de semideus, seja qual for o período, estava ali, presente e marchando até ele. Uivando, rosnando e gritando no que perceptivelmente era um clamor pelo seu sangue. Pelo sangue dos semideuses. Parecia quase como uma piada e divertimento sem fim que o maldito Tártaro liberou contra ele.
Logo Percy sentiu sua respiração ficar descompassada à medida que a complexidade do problema o atingia, enquanto buscava freneticamente em sua mente um motivo que explicasse como eles chegaram a esse ponto.
Eles erraram?
Nico e Reyna conseguiram transportar a Atena Partenos para o Acampamento Meio-Sangue, a personalidade dos deuses não está mais em conflito, os gregos e romanos fizeram um acordo de paz e os semideuses derrotaram os gigantes.
Não era a isso que toda a busca se resumia? Isso, por si só, não era uma grande vitória? Ele é algum tipo de líder, não é? Então deve dar a palavra aos seus amigos e companheiros de acampamento para seguirem em frente, para lutar...
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Se é assim, então porquê Percy não pode deixar de sentir o peso de um fracasso iminete em seus ombros, ao olhar para esse exército gigante (irônico, não é?) clamando por seu sangue, pelo sangue dos seus amigos, do seu povo? Onde está sua motivação desenfreada? Onde está sua coragem?
Onde ele está?
Quanto mais ele procura, quanto mais ele cava dentro de si, Percy percebe que, junto com a exaustão, ele apenas sente medo. Um medo profundo e corrosivo. Ele se perde numa memória, de muitos anos, quando a deusa Atena lhe disse que sua falha fatal era lealdade, que para salvar um amigo, ele destruiria o mundo. Na época, Percy tentara decifrar e entender a preocupação da deusa, plantando uma preocupação própria em sua mente, que persistiu ao longo dos anos mas foi abafada pela tonelada de outros problemas mais imediatos (como tentar ficar vivo) que sua vida trouxe.
Mas os anos passaram e, depois das batalhas, depois do Tártaro , a pequena dúvida no fundo de sua mente foi substituída por uma zombaria incaracterística do que ele é (ou foi) nesses 18 anos de vida.
Era algo muito longe de seu sorriso irônico, longe das emoções positivas e de sua idiotice diária. No fundo de sua mente havia apenas raiva e zombaria. Como se perguntasse, em toda a história marcada pela mesquinharia divina, por que ele deveria sacrificar seus amigos pelo bem dos deuses que, em muitas (MUITAS) ocasiões tentaram matá-lo(s)?
É nesse momento que Percy, em toda exaustão, se assusta com essa amargura recém-descoberta. É muito mais profundo que antes. Ele sente e treme ao pensar que há algo de muito diferente e estranho dentro de si. Desde o abismo, desde o encontro com a Maldita deusa da Miséria [1] .
Ele treme, porque ele sabe: o Tártaro quebrou algo dentro dele e, para ser sincero, Percy não sabe se tem algum tipo de conserto.
Ele está cansado. Muito cansado para mais essa batalha. Ele sente medo, muito medo, porque sabe também que as consequências de uma derrota aqui ressoarão pela eternidade no mundo.
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Guardiões (fanfic Percy Jackson) - [EM EDIÇÃO]
FanficExistem centenas de monstros, deuses e outras criaturas fantásticas no reino de Caos, o criador. Já Guardiões? Apenas seis. Quase um milênio após o fim da Segunda Guerra Gigante, o traído e abandonado Percy Jackson agora prospera como líder dos Guar...