Prólogo: Livro IV - Nações

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A Contemplação

1 1 Maravilhado, admirou cada singularidade das estrelas, planetas e outros corpos celestes que cruzaram Seu percurso. 2 Ora, Sua Criação era perfeita. 3 Porém, Sua missão, naquele instante, transcendia a contemplação.

4 A certeza que se acendera em Sua mente permaneceu oculta por eras; até ser revelada aos mestres anjos.

5 Após Seu primeiro ato, caminhou entre as galáxias. 6 Entendeu o necessário para retomar Sua jornada.

7 Embora fosse do conhecimento do Pai cada detalhe do Universo, vê-lo vivo e materializado tão fielmente aos Seus desejos era avassalador até mesmo para um deus. 8 Tal sentimento foi outorgado, tempos depois, aos homens através da paternidade.

9 O amor gerado na concepção de um filho é uma das maiores dádivas da vida. 10 Um filho é parte do pai e, assim, também o inverso.

11 Deus Iahweh sabia da magnitude de Seus pensamentos; ainda assim, vê-los existindo O confortou. 12 Deu-Lhe a segurança necessária para o próximo passo.

13 Contemplou Sua Criação, Seu primeiro filho. 14 Não como a Sua imagem, mas como a Sua glória perpétua.

15 Assim, passou-se a primeira era do Universo.

O Sopro da Vida

2 1 A caminhada do Pai parecia ocorrer de forma aleatória. 2 Entretanto, Seus caminhos – curiosamente – levavam-No ao Seu principal objetivo.

3 Com o conhecimento ímpar da Criação, visitou os infindáveis limites do Cosmo; e contemplou-os com a mesma intensidade de quando ainda em pensamento. 4 Por quanto tempo, não ouso dizer.

5 Foi em uma visita Dele a um remoto planeta no extremo norte do Universo que algo intrigante ocorreu. 6 O astro era composto, em grande máxima, por oceanos de água salgada. 7 Sua superfície terrestre era formada por poucas dezenas de continentes de diferentes tamanhos e geografias.

8 Deus Iahweh, costumeiramente, conheceu Sua Criação. 9 E Ele viu que era bom.

10 Parou ao entardecer no cume de uma montanha. 11 Ao leste estendia-se um planalto com sua vegetação linear. 12 Ao oeste, um precipício tinha seu abismo voltado a um largo oceano. 13 Do topo, era possível observar a semelhança das duas vistas opostas da Criação do Pai; 14 um espelho d'água que refletia o azul do céu contrapondo o oceano esverdeado dos vegetais.

15 Deus Iahweh sentou-se observando o mar. 16 Ondas se chocavam contra o paredão de rochas impenetráveis. 17 A brisa do final da tarde trouxe o frescor marítimo; sorriu. 18 Sua Criação era exatamente como deveria ser: perfeita. 19 Estava pronta para receber a dádiva maior.

20 O Universo, embora Sua Criação, existia agora independentemente de Seu Criador. 21 Galáxias surgiam em meio a nuvens cósmicas, 22 estrelas cruzavam os sistemas em suas rotas, para, em milhões de anos, apagarem com a mesma intensidade de seus nascimentos. 23 Tudo compunha um propósito idealizado por Ele. 24 Tudo estava interligado.

25 Eras se passaram até se construir o momento ímpar da Criação. 26 Esse era o Seu objetivo, Sua missão; desde o instante do Seu nascimento.

27 Deus Iahweh levantou-se. 28 Sentiu o vento tocar-Lhe a face enquanto puxava um pequeno saco de Suas vestes. 29 Recipiente criado pelo próprio Pai com a palha encontrada em um planeta visitado; 30 era simples, mas resistente. 31 Fizera-o para depositar pequenas esferas marfim que, de tempos em tempos, tirava da boca como pequenas golfadas de criação inacabada. 32 Ao pegar uma, Deus Iahweh recolocou o saquinho no bolso interior de Sua vestimenta.

33 Olhou para o objeto circular repousado em Sua mão. 34 O pequeno globo era liso, perfeito. 35 Sua cor clara refletia o entardecer daquele mundo. 36 Observando-o, era possível notar uma luz que girava em seu âmago; 37 era como se a casca protegesse a força oculta que desejava ser liberta.

Archangelus: O DespertarWhere stories live. Discover now