Prólogo: Livro V - Ministrações

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"Sou o que sou!"

1 1 O primeiro olhar dado pelo Pai era fraternal. 2 De pé e com Seus braços abertos, sorriu. 3 Em estatura, era semelhante aos Seres de luz. Sua fisionomia ancestral, porém, astuta dava-Lhe a imagem de um ser experiente na arte da vida. 4 Vestes brancas cobriam-Lhe o corpo; 5 este naturalmente forte como a de um camponês. 6 Seus fios grisalhos compunham Sua cabeça, junto com uma barba por fazer. 7 Seus olhos eram castanhos; tais como amêndoas recém-colhidas.

8 Esperançoso, Deus Iahweh disse: "Bem-vindos os que conhecem a vida!"

9 Gabriel Arcanjo, ainda confuso, indagou: "Quem és?"

10 Para, então, ouvir o firme entoar da resposta do Pai: "Sou aquele que o concebeu de minha própria alma. 11 Sou o céu e a terra; o fogo e a água. 12 Sou o Ser que o incumbirá de suas tarefas; como o Ser que lhe pedirá conselhos. 13 Eu sou o que sou, assim como tu és o que és!".

O ministrar do Pai

2 1 E, assim, Deus Iahweh criou os Arcanjos. 2 E Ele viu que era bom.

3 Levou-os a uma caminhada pelo planeta recém-descoberto por Seus filhos iluminados.

4 Durante anos peregrinamos pelo imenso continente, 5 conhecemos inúmeros lugares; e, a cada viagem, conversávamos.

6 O Pai nos contou acerca de Seu caminhar pelo infinito. 7 Relatou sua peregrinação; e sua Criação. 8 Deus Iahweh havia criado o Universo que, agora, Seus filhos celestes habitavam; 9 e o havia povoado com a raça do homem. 10 Disse Ele que nós Arcanjos andávamos sob o mundo em que nasceria um de Seus mais novos e nobres filhos; 11 e, para protegê-los, decidiu retirar de Sua própria essência a força vital para dar vida aos guardiões dos Céus.

12 Os planos do Pai para nós Arcanjos era de que guiássemos Seus filhos rumo à evolução espiritual. 13 Devíamos levar a Palavra de Deus Iahweh aos homens e, assim, conduzi-los à luz. 14 Tarefa esta que foi aceita de bom grado; visto que, advindos do Pai, nós, Seres de luz, partilhávamos do amor fraternal pela Criação e pela humanidade.

15 O tempo seguiu com as ministrações de Deus Iahweh. 16 Ouvimos acerca da vida e da paz; e de como a comunhão da evolução humana com o acompanhamento espiritual dado por nós, Arcanjos, era fundamental para o objetivo principal da Criação: 17 a evolução dos espíritos.

18 Deus Iahweh conversava conosco a todo instante. 19 Mesmo quando contemplava Sua Criação, ou ministrava para o grupo: 20 podia ouvi-Lo sussurrar em minha mente conselhos e pedidos. 21 Hábito que se tornou comum pela era que se seguiu.

22 Percebíamos, então, que essas eram parte das instruções que o Pai esperava que executássemos. 23 Mais que nos presentear com a história da vida, Deus Iahweh nos instruía para sermos os líderes celestiais.

O Pedido do Pai

3 1 Tal condição tornou-se clara para mim quando, após uma noite de verão, paramos em uma localidade tropical do grande continente. 2 Contemplávamos as estrelas; algo que era constante em nosso cotidiano; 3 quando senti um chamado íntimo do Pai.

4 De imediato, levantei-me e segui meu coração. 5 Levei algum tempo até vencer a flora densa e chegar às margens de um riacho calmo que brotava no sopé de uma montanha próxima. 6 O clima agradável propiciado pela Criação alegrou meu ser; segui adiante até vê-Lo.

7 Deus Iahweh estava sentado em uma pedra no leito das águas. 8 Sua postura firme ainda era esplendorosa mesmo para os que, como eu, O conheciam. 9 Seu corpo negro era iluminado pelo luzeiro da noite de forma limpa e reluzente. 10 O manto que o cobria fora suspenso para que Ele pudesse repousar os pés na água fria. 11 Apoiado nos braços, reclinou-se a fim de contemplar os astros celestes.

12 Por instantes, parei. 13 Contemplar o Pai era mais intenso do que contemplar a Criação. 14 Em meu peito aflorava toda a afeição que eu possuía por aquele Ser. Em meu íntimo sentia que, ao contemplá-Lo, enxergava mais do que o Deus Iahweh; 15 via ante meus olhos a essência presente em incontáveis Universos.

16 Emocionado com tal visão, perguntei abertamente: "Chamastes a mim, Pai?".

17 Deus Iahweh, sem desviar Seu olhar do céu, disse: "Sim, meu filho. Quero te falar". 18 E respondi: "Estou a ouvi-Lo, Senhor".

19 E Ele retomou: "Desde o princípio da Criação, quando pude contemplar o Universo que, até então, só era vivo em minha mente, que observo constantemente os astros. És tu capaz de sentir a grandiosidade disso, Miguel?"

20 Senti-me ligado ao Pai; visto que possuía a mesma contemplação. 21 Tal sentimento era enraizado em minha alma.

22 Assim, respondi convicto: "Sim. Creio que, por advir de Vossa essência, sinto um inexplicável desejo em contemplar a Vossa Criação, Senhor. 23 Sinto-me como parte de tudo".

24 Deus Iahweh olhou do céu para mim, pude sentir uma força emanar de Seu corpo: 25 "E tu és! És parte da Criação; e és parte do Criador! És o Arcanjo Miguel; 26 guardião da palavra de Iahweh!"

27 Ajoelhei-me ante tal poder. 28 A força do Pai contagiou meu Ser em sua plenitude. 29 Era desejo meu expressar todo o meu apreço e respeito pelo Criador. 29 Deus Iahweh era o Pai da Criação; e eu o seguiria se assim pedisse.

30 Disse Ele: "Levanta-te, filho! Não te ajoelhes perante mim, nem ninguém. 31 Quero pedir-te algo; 32 sei que será um fardo a carregar, entretanto necessito de tua benevolência. 33 Conduz teus irmãos e protege os homens".

34 Sem hesitar, respondi: "Farei o que for preciso, Senhor".

35 E mudando Sua voz, como a de um menino travesso, concluiu o Pai: "Há também uma missão especial para ti; mas promete que este será um assunto só nosso". 36 Surpreso, acenei de bom grado.

37 Os pedidos íntimos do Pai não foram feitos somente a mim. 38 Aqueles que conhecem a história compreendem que o futuro do Universo, em especial da Terra, foi ditado por tais pedidos. 39 Ouso opinar que toda ação tende a influenciar outrem; 40 mas este só se deixará influenciar se desejar.

41 Naquele instante, eu desejei.

Archangelus: O DespertarWhere stories live. Discover now