Uma nova casa

66 6 2
                                    

Laura estava agora de frente para a sua nova moradia, situada num pequeno e silencioso bairro de Lisboa. Era grande e tinha um aspeto bastante antigo. Provavelmente já tinha sido habitada por outras famílias. Tinha um jardim enorme, onde se encontravam algumas árvores e baloiços que apesar de balançarem devido ao vento, permaneciam silenciosos.

Na verdade, silêncio era algo bastante visível por ali: Não se ouviam passos agitados, não se ouvia o barulho incessante dos veículos a passar, não se ouvia o ruído provocado por pequenas discussões entre alguém, nada! Apenas se ouvia o vento, que dava um ar bastante sombrio àquele lugar.
Tudo aquilo causou a Laura uma sensação de desagrado, mas os seus pais e irmã aparentavam estar tranquilos. Porém, Luna, a cadela de Laura, estava um pouco inquieta. Saltitava assustada de um lado para o outro, como se sentisse algum tipo de presença...

- Calma, Luna. Está tudo bem. - Disse Laura, acariciando o pelo farto do animal.
Luna ficou mais calma e parou de saltitar.
Após alguns minutos de observações minuciosas, Catarina, a mãe de Laura, disse:
- Esta casa parece bastante amigável, não achas, Pedro?

-Sim, acho que nos vamos adaptar rapidamente. - Respondeu o pai de Laura, esboçando um pequeno sorriso de encorajamento.

Patrícia, a pequena irmã de 7 anos de Lauren, ficou visivelmente alegre por ver os baloiços e tamanho da casa. Olhou para todos com os olhos iluminados de satisfação e exclamou:
- Adorei esta casa! É linda! Podemos ir buscar as nossas coisas à carrinha por favoor? - Perguntou, de seguida.

-Claro, filha. - Responderam em coro pai e mãe.

Foram buscar tudo o que se encontrava na espaçosa carrinha e procederam às devidas arrumações.

Laura encaixou a chave na fechadura da porta, que se abriu de seguida, com um rangido estridente.
Lá dentro estavam várias teias de aranha e antigos móveis usados. Tinha três grandes andares: o piso de baixo, o de cima e, por fim, o sótão.
No piso de baixo haviam uma casa de banho pequena, uma sala bastante grande com uma mesa retangular com um aspeto luxuoso, cadeiras igualmente luxuosas e alguns outros móveis e ornamentos não tão importantes, uma cozinha e uma sala que se encontrava fechada à chave.

No piso de cima, haviam três grandes quartos com alguma mobília e ornamentos antigos, uma casa de banho onde se sobressaía uma enorme banheira luxuosa e antiga, um escritório e outra sala fechada.

No sótão, haviam várias caixas cheias de antiguidades e objetos espalhados por todos os cantos. Mais teias de aranhas e mobílias.

Laura reparou numa caixa aberta que continha algumas bonecas de palha sujas e, de repente, viu-se debaixo de uma escada que caíra em cima dela, sem que pudesse dar conta disso.

Os pais dela foram a correr em seu auxílio:
- Meu Deus Laura, estás bem? - Perguntou Matilde, preocupada.

- Sim estou, não foi nada grave - Respondeu, levantando-se com alguma dificuldade.

- O que é que estavas a fazer aqui? - Perguntou de seguida o pai dela.

- Estava a explorar o sótão e encontrei uma caixa com uns bonecos de palha, respondeu, apontando para o local onde antes se encontrava esta.

- Mas não está aqui nada, Laura - Respondeu Pedro com alguma preocupação no rosto.

- O quê??? Mas estava aqui agora mesmo! Eu vi-a!

- Deves ter batido com a cabeça, filha. Anda, é melhor irmos todos dormir, foi um dia muito atarefado. Vou buscar a tua irmã e trata de descansar.

Laura foi, contrariada e pensativa: Como era possível que uma escada que ela nem sequer tinha visto ter caído em cima dela? E todos aqueles bonecos, ela vira-os! Disso, tinha a certeza!

Aquela sensação inquietante voltou a percorrer-lhe o corpo como um calafrio. Era melhor tentar adormecer...

Continua...

Assombração Onde histórias criam vida. Descubra agora