Laura correu. Correu o mais depressa que o seu corpo lhe permitia. Correu e desceu escadas até ficar sem fôlego e chegar ao seu destino. O grito veio do escritório, que se situava ao lado da casa de banho, portanto, esse era o seu destino.
Pedro também ouviu o grito, e assim como Laura, correu para auxiliar a filha.
Ao chegarem lá, não puderam acreditar no que os seus olhos viam: Patrícia estava caída no chão da sala, imóvel e cheia de marcas que Laura identificou logo: Eram marcas de corda...
Pedro pegou no pulso da filha e apertou-o, suspirando de alívio, ao ver que esta se encontrava desmaiada e não morta.
Laura também ficou aliviada, mas essa sensação não durou muito, pois está já tinha noção do que realmente acontecera.
Fora Cíntia. Não havia explicação mais plausível.
As marcas de corda, o diário, o desenho, as próprias palavras de Patrícia, tudo apontava para o mesmo: Quem agrediu Patrícia só podia ter sido Cíntia.
Mas como... Como é possível que uma entidade não viva possa cometer tais atrocidades? Não é cientificamente possível... No entanto, acontecera ali, e não era tudo parte de um filme de terror. Era real.
- Meu Deus! Tenho de a levar imediatamente para o hospital!
Não acredito nisto... Primeiro a Luna, a Catarina, e agora isto? Não posso crer... - A face de Pedro mudou de expressão. Já não estava feliz. Pelo contrário, agora a sua vontade era derramar lágrimas de desespero.- Pai, eu sei que não vais acreditar em mim, mas eu sei o que se está a passar.
- Eu também sei filha, e está tudo tão claro na minha mente...
- Sabes? - Laura lançou-lhe um olhar interrogativo.
- Sim, é óbvio. Ela ficou traumatizada depois de ter assistido a tantas coisas horríveis... E tentou cometer suicídio com aquela corda. - Pedro apontou para a corda que se escontrava perto do corpo desmaiado de Patrícia.
- Não, pai. Não é nada disso. É esta casa, ela está assombrada por espíritos malignos. E eles estão a matar-nos a todos. Estão a fazer-nos enlouquecer! - Laura disse, firmemente. Agora sim, ela podia dizer o que estava por detrás de tudo aquilo.
- Filha, eu sei que tudo isto te afetou um pouco, mas não precisas de inventar coisas. Eu sei que é difícil de aceitar, mas o que eu disse é a verdade. Agora espera aqui. Tenho de levar imediatamente a tua irmã ao hospital. Não abras a porta a ninguém.
- Mas...
Foi a única palavra que Laura conseguiu dizer, antes de o pai desatar a correr escada a baixo com Patrícia ao colo e fechar a porta.
Novamente sozinha...
Mas não por muito tempo. Laura estava disposta a sair dali e encontrar Lucas o mais rápido possível. Então não perdeu tempo e foi em direção à sua moradia.
Desta vez, bateu à porta da casa de Lucas e este respondeu, abrindo-a.
Pediu à avó permissão para sair e esta concebeu-lha alegremente. Ver novos vizinhos para ela era empolgante, visto que ninguém vivia naquela área isolada desde a tragédia...
- Então escolhida, qual o motivo para tanta pressa? - Perguntou Lucas no seu habitual tom brincalhão. Tinha vestida a habitual roupa preta e o seu rosto encontrava-se novamente tapado pelo grande capuz.
- Primeiro, o meu nome é Laura. E segundo, preciso de saber muitas coisas.
- E porquê agora?
- Porque eu já perdi duas pessoas da minha família e não estou disposta a perder mais. Laura deixou escapar demasiada informação.
- Espera... Alguém... Morreu?
- Sim...
- Eu... Desculpa. Não sabia que a maldição atuaria tão depressa...
- Nem eu... Mas, sabes como pará-la? - Laura começou a ficar com espectativas elevadas ao saber que Lucas sabia tanto a respeito da casa.
- Infelizmente, não. Mas há uma coisa que te pode ajudar. Antes de morrer, a minha mãe disse-me que escreveu num diário a forma de parar a maldição. Disse que tinha de encontrar a chave da porta que está trancada quando...
- Quando?
- Encontrásse a escolhida. Ou seja, tu.
- Eu?
- Sim.
- Mas porquê EU? - Laura estava confusa.
- Não sei. Ela só me disse que iria uma família para aquela casa e um dos seus membros seria uma rapariga especial, a escolhida. A única capaz de travar a maldição. Ela andou a pesquisar informações durante muito tempo. Sabia até como parar a série de acontecimentos sinistros que estavam a acontecer lá, mas antes que o pudesse fazer... Morreu na tragédia...
- Agora eu entendo... Eu vou procurar a chave e assim que o fizer, encontro-me logo contigo. É uma promessa. - Laura disse, com palavras extremamente convictas.
- Está bem, então. - Respondeu Lucas, removendo o capuz preto em seguida e revelando uma face jovem e bonita, envolta por longos e brilhantes cabelos pretos.
Laura sentiu a sua face corar durante um momento, mas virou-se logo em seguida, para que este não o notasse.
Retomou então o caminho para casa, tentando ignorar o que acabara de ver. Lucas era realmente bonito.
Continua...
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Assombração
ParanormalLaura acaba de se mudar para uma casa grande e com um aspeto antigo, situada num pequeno bairro de Lisboa. Mas esta acaba por se revelar maligna... Laura sabe que aquele lugar esconde mais do que aquilo que aparenta e tenta recorrer à ajuda dos pai...