Pesadelo

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Laura estava deitada na cama, pensativa e terrivelmente assustada, devido ao acontecimento ocorrido um pouco antes.
O quarto estava completamente escuro, à exceção de um pequeno canto que era iluminado por um candeeiro situado numa mesinha de cabeceira ali perto.
Em breve, ela teria de desligar aquela fonte de luz e adormecer, mas não queria, estava com medo. E não havia ninguém que a pudesse ajudar, pelo menos não ali, naquele momento.
Laura tentou não pensar muito sobre o ocorrido, mas mil pensamentos ecoavam como gritos na sua cabeça.

Algum tempo depois, Laura não aguentou muito mais devido ao cansaço e desligou a luz, adormecendo em seguida. Mas teve um pesadelo.

Ela encontrava-se numa sala escura e não havia lá absolutamente nada, apenas ela e um corpo que apareceu de seguida na sua frente.
Laura aproximou-se para ver quem era, e teve uma grande surpresa ao ver que lá, jazia morta a sua mãe. Apunhalada com uma faca no coração, esta encontrava-se coberta de sangue e no lugar dos seus olhos estavam dois grandes buracos pretos sem vida. Tinha também um corte não muito profundo, mas visível, no braço.
Laura não teve tempo de agir, pois acordou nesse preciso momento, assim como o resto da família.

Já era de manhã.

Laura estava suada, pálida e não conseguia pronunciar nenhuma palavra, devido ao medo que estava a sentir.
Não era possível ter sido tudo um sonho... Era real demais...

Laura gritou. Gritou até ficar sem ar. Gritou até alguém vir a correr até ela. Era a sua mãe.

- Laura? Está tudo bem? - Perguntou.

- Mãe!!! - Gritou Laura a chorar.

- Está tudo bem querida, estou aqui. Respondeu Catarina, abraçando a filha.

- F-foi um pesadelo. T-tu estavas...

- Está tudo bem agora, filha. Já passou.

Nesse momento, apareceram o pai e a irmã de Laura, igualmente preocupados.

- O que aconteceu??? - Perguntou Pedro, preocupado com o que acontecera.

- A Laura teve um pesadelo, mas já está tudo bem. Vamos preparar todos o pequeno almoço para que ela se possa vestir em paz. - Disse Catarina, sorrindo tranquilamente.

Laura abanou a cabeça como forma de concordância e todos saíram, à exceção da pequena irmã dela que ficou parada à sua frente, fitando-a com os seus olhos cor de avelã.

- Então Patrícia? Não vens? - Perguntou a mãe.

- Já vou mamã, só quero falar um pouco com a mana.

- Está bem, então. Depois desçam para tomar o pequeno almoço.

A mãe das irmãs fechou a porta e deixou a sala, juntamente com Pedro, o pai.

A pequena rapariga continuou a olhá-la nos olhos, até finalmente falar:

- Eu também vi, mana. - Patrícia disse, fazendo em seguida um silêncio pouco duroso, mas que deu à situação um clima ainda mais assustador.

- A mãe...

- Ela... Estava morta... E... Tinha um corte... E os olhos... Os olhos... Eles não estavam lá...

Patrícia começou a soluçar e a irmã abraçou-a de seguida, confortado-a.

- Mas ela está aqui connosco, isso é que importa. Vamos, não precisamos de pensar mais nisto.

- Tens razão maninha. Foi só um pesadelo.

Laura levantou-se e vestiu-se rapidamente.
Agarrou na pequena e macia mão da irmã e levou-a para a cozinha, situada no piso de baixo.

Ambas se sentaram e permaneceram caladas em relação à conversa que tinham acabado de ter. Estavam dispostas a esquecer aquilo, embora parecesse muito real...

Catarina preparou uma chávena de leite para todos e quando ía entregar a de Laura ela viu...

Um corte não muito profundo, mas visível, que nunca antes tinha visto no braço da mãe.

Continua...



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