Aquilo não podia ter acontecido.
Não, era apenas um pesadelo. Um pesadelo demasiado real.
Aquela não era a mãe de Laura, não podia. Ela nunca faria algo assim, não tinha motivos para isso. Ou tinha?
Não, Laura recusava-se a acreditar nisso. Alguma coisa de muito terrível estava por detrás daquele suposto "suicídio", e ela sabia muito bem disso.
Mas então... Quem? Quem estava na verdade por detrás daquilo?
Seriam... Os espíritos daqueles que morreram na tragédia? Ou seria algo ainda mais sombrio? Talvez uma maldição...
Os pensamentos de Laura foram interrompidos por um choro alto, seguido de soluços.
Ela não conseguiu salvar a própria mãe, e essa era a verdade.
Pedro e Patrícia subiram as escadas preocupados, pois ouviram o choro desesperado de Laura. Mal sabiam eles o que os esperava depois daquela grande escadaria...
Patrícia e Pedro entraram rapidamente no quarto, e só depois de uns breves minutos é que se aperceberam do corpo inerte, que permanecia suspenso no ar.
Os olhos vazios e sem vida de Catarina provocaram uma sensação de desconforto a ambos, que ficaram paralisados durante o que pareceu uma eternidade.
Pedro caiu ao chão em prantos, perto de Laura, e Patrícia correu para o quarto do lado e trancou-se lá. Talvez não tivesse suportado aquela visão terrível, afinal, Patrícia ainda era apenas uma pequena criança de sete anos.
Algum tempo se passou, talvez até horas. Horas de puro sofrimento e terror.
Laura e Pedro levantaram-se a custo, pois tremia-lhes as pernas. Os seus rostos encontravam-se vermelhos por conta do choro.
Tiraram com algum esforço o cadáver de Catarina, pois este estava preso pela forte corda.
Laura foi procurar a irmã enquanto o pai falava com uns senhores de uma agência funerária ao telemóvel.
Esta então, reparou que o quarto do lado estava trancado. Ouviu a voz da irmã.
Estava a falar sozinha?
Ela encostou o ouvido na porta para conseguir ter uma melhor audição do que estava a ser dito ali:
- Eu disse para não fazeres mal à minha mãe, Cíntia.Cíntia? Mas quem raios era Cíntia? Estaria Patrícia a conversar com alguém mesmo? Não, só ela estava ali. Então como...
Antes que pudesse ter tempo para pensar um pouco, Laura ouviu mais uma coisa:
- Era só uma brincadeira...Uma... Brincadeira? Não, ela só podia estar a alucinar.
Para além de ter que lidar com a morte de dois membros da sua família, agora a irmã dela também andava a falar com espíritos?Laura ignorou este pensamento sombrio e pediu à irmã para abrir a porta.
Ouve-se um silêncio e finalmente Patrícia abre a porta.
- Porque é que te trancaste aqui, Patrícia? - Perguntou Laura com uma expressão de certo receio.
- Nada maninha. Só fiquei assustada com o que vi naquele quarto...
Sim, era isso mesmo. Aquilo que Laura ouvira era tudo fruto da sua imaginação fértil. Assim esperava.
- Não te preocupes mana. Ela foi para um lugar melhor e está a olhar por nós lá em cima. - Disse Laura, apontando em seguida para o céu visível através da janela do quarto onde se encontravam.
- É... Tens razão.
Laura abraçou a irmã e ambas foram ter com o pai, que as esperava no outro quarto.
Mais tarde, foi realizado o funeral de Catarina. Foi também "comprovado" que a causa da morte da senhora fora o suicídio, embora Laura estivesse certa de que a mãe dela jamais faria isso.
Laura sabia perfeitamente que a mãe nunca iria abandonar a família assim. Ela sabia que aquele lugar estava a devorar a pouco e pouco uma família que em tempos, fora feliz e unida.
Mas também sabia que não poderia fazer nada sem descobrir o que estava por detrás daquilo tudo e arranjar uma forma de deter aquele mal.
Talvez aquela porta fosse a solução. Ou talvez fosse uma passagem direta para o inferno...
Depois de horas de choro e lamentações, o que sobrara da família chegou a casa.
Laura dirigiu-se para o seu quarto, mas tropeçou em algo. Era o desenho que Patrícia queria entregar à mãe pouco antes desta morrer.
Laura pensou em entregar-lho, mas a curiosidade tomou conta dela. Laura viu o desenho: Nele, estavam retratados todos os membros da família juntos (incluíndo Catarina e Luna) porém, algo a mais chamou a sua atenção: Ao lado de Patrícia estava uma criança, mas não uma criança comum... Era uma criança completamente desfigurada, pois tinha um amontoado de cortes na cara e não era só esta que se encontrava assim... Era todo o corpo...
Também havia uma legenda por cima das cabeças de todos os membros: Mamã, papá, maninha, eu (Patrícia) e por fim, Cíntia.Bem... Este capítulo ficou um pouco maior do que o normal (acho que fui atingida por uma explosão de criatividade) 😅
Mas espero que estejam a gostar da história : )
Venho também pedir para que votem e comentem muito e...
Até ao próximo capítulo 👻Continua...

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Assombração
ParanormalLaura acaba de se mudar para uma casa grande e com um aspeto antigo, situada num pequeno bairro de Lisboa. Mas esta acaba por se revelar maligna... Laura sabe que aquele lugar esconde mais do que aquilo que aparenta e tenta recorrer à ajuda dos pai...