Revelações

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Um calafrio percorreu o corpo de Laura.
Como era possível aquilo? Como era possível que o corte do pesadelo estivesse ali, na sua mãe, idêntico?
Laura ficou completamente paralisada durante alguns minutos e pequenas pingas de suor escorreram pela sua testa.

- Está tudo bem, Laura? - Perguntou Catarina ao ver a sua filha naquele estado.

- Nada, não é nada. - Mentiu, fazendo um sorriso fraco, tentando esconder o medo que estava a sentir.

Pouco depois, Catarina apercebeu-se do motivo de tal reação. Apercebeu-se do corte que se encontrava no seu braço.

- Ah, é isto? Está tudo bem, eu posso pôr-lhe um curativo.

- S-sim. - respondeu Laura a gaguejar.

- Não te preocupes, filha. Isto vai melhorar, não é nada grave.

- Eu sei...

Laura passou a mão pelo suor e respirou fundo. Em seguida, bebeu rapidamente o leite e levantou-se.

- Mãe, posso ir conhecer a vizinhança? - Disse num só fôlego, como se quisesse desaparecer dali o mais depressa possível.

- Vai lá então. - Respondeu Catarina, estranhando aquela repentina atitude.

Os restantes membros da família, permaneceram em silêncio e quietos, com ar observador.

Laura encaminhou-se até à porta, abriu-a e saiu com pressa. Não queria estar nem mais um segundo ali. Aquela casa deixáva-a louca e cada segundo que ali passava, enlouquecia mais.

Laura começou a caminhar pelas ruas desertas, até chegar à casa que aparentemente, era do seu vizinho.

Bateu à porta, mas sem sucesso. Ninguém respondeu.

Ela começou a desesperar. Seria possível que não houvesse ninguém ali? Não, isso não era possível.
Continuou a caminhar, silenciosamente.

Depois de longos minutos a caminhar, e já a perder a pouca esperança que lhe restava, Laura, que estava distraída, esbarrou com alguém. Era um rapaz. Este, estava vestido de preto da cabeça aos pés, e sobressaía um capuz preto que lhe tapava o rosto, dando-lhe um ar sombrio e misterioso.

- P-eço imensa desculpa. - Gaguejou Laura, assustada e surpresa.

- Tudo bem. - Disse o rapaz misterioso quase num sussurro.

Este, olhou para Laura em seguida, mostrando um pouco de espanto no pouco do rosto que lhe era visível.

- Parece que finalmente alguém decidiu mudar-se para aquela habitação. Deves ser bem corajosa... - Disse o rapaz, com uma ponta de ironia na voz.

- Como assim corajosa? Espera... Como assim, finalmente?

- O quê, não me digas que não te apercebeste do mal que a ronda...

- Então é verdade... Aquele sonho... E a caixa... Então era tudo real? Deixou escapar Laura, sem querer. Tinha falado demais.

- Hum... Então já te apercebeste. - Disse o rapaz, esboçando um pequeno e sombrio sorriso.

- Como assim? Sabes de alguma coisa sobre ela? - perguntou Laura, começando já a ficar desconfiada.

- Digamos que essa habitação guarda uma espécie de maldição antiga...

- Maldição?

- Sim, isso mesmo. Ocorreu uma grande tragédia que matou lá muitas pessoas...

- Que tragédia? Quem morreu? - Laura começou a ficar confusa com aquela informação.

- Toma. - Disse-lhe o rapaz, entregando-lhe uma chave enferrujada do tempo.
Esta chave vai abrir uma porta que revelará algumas informações...

- Certo. Mas... Posso saber como sabes tanto sobre a casa? - Perguntou Laura desconfiada.

- A minha mãe trabalhava lá como empregada. Antes da sua morte entregou-me essa chave e disse para esperar pela "escolhida" e entregar-lhe.

- Ahh, peço desculpa por ter tocado no assunto...

O sujeito aproximou-se dela e sussurrou-lhe no ouvido:
- Tudo bem, afinal, toda esta espera valeu a pena. Escolhida.

Laura estremeceu, ao sentir um arrepio a percorrer-lhe a espinha.

Escolhida? Como assim??? Ela não estava a entender mais nada.

Dito isto, este desapareceu tão repentinamente quanto apareceu. Mas antes, disse:
- Ah, o meu nome é Lucas, prazer.

Continua...

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