Possessão

14 2 0
                                    

Laura chegou ao seu destino, mas deteve-se diante da porta deste. Pensar que iria ficar novamente sozinha em casa fazia-a estremecer de medo, pois na última vez que tal acontecera, Luna foi de encontro à própria morte...
E mais pessoas iriam encontrar a mesma se Laura não descobrisse maneira de o evitar. Ela tinha esse pressentimento já desde o início...

Depois de intensas reflexões, Laura decidiu ganhar coragem e entrar lá de uma vez por todas. Não estava ninguém naquela casa, então não poderia haver mais nenhuma morte, ou poderia?...

Depois Laura lembrou-se. Lembrou-se que não estava totalmente sozinha... Lembrou-se da presença espiritual que sentia todas as vezes que entrava ali. Lembrou-se de Cíntia. E então, sentiu a presença. Mas esta não se encontrava tão forte quanto antes. Faltava... Algo... Algo que Laura não sabia bem o que era, e então, achando que não era algo de grande importância, ignorou.

Uma péssima decisão, eu diria...

Laura começou a procura da chave. Mas por onde começar?

Ela decidiu procurar primeiro pelas divisórias do andar de baixo, já que era o local mais perto.

Procurou por todos os lugares e cantos, mas sem sucesso. Então, decidiu partir para o andar de cima. Laura subiu as extensas escadas, mas hesitou precisamente à frente do quarto onde a mãe tinha cometido o suposto "suicídio" (que como sabemos, não era verdade, já que a verdadeira entidade por detrás de tudo era Cíntia). Pouco depois, Laura deixou a hesitação e medo de parte, e entrou.

La dentro aparentava estar tudo "normal". A mesma grande cama de casal coberta por um colchão azul, as mesmas mesinhas de cabeceira polidas com fotografias da família encostadas uma em cada lado da cama, o mesmo armário de roupa, nada de chaves por ali.... Enfim... Tudo estava nos seus conformes. À excessão de um pequeno pormenor... Um pequeno pormenor que, por mais minúsculo que fosse, era de arrepiar a espinha.

Na fotografia que estava na mesinha de cabeceira esquerda, onde se encontrava a família que em tempos fora unida e feliz, dava para perceber um corte consideravelmente grande na cara de Patrícia.

Isto não agradou nada a Laura, mas ela pensou que estava a alucinar com tanto evento traumático que presenciou, então, apenas ignorou aquilo e seguiu para a próxima divisão. Talvez a ignorância dela não tivesse sido a melhor opção...

O quarto do lado, que era o de Laura, não tinha vestígios de assombração e de chaves, tirando a parte em que Laura pensou ter visto um vulto a passar diante da sua janela...

O quarto da irmã, que era o que esta pensava que poderia estar assombrado por algum tipo de entidade (talvez Cíntia), era o que possuía um ambiente mais tranquilo. Laura procurou outra vez, mas mais uma vez, não obteve sucesso na sua busca.

Na casa de banho não estava nada, e estranhamente, no sótão também não, embora Laura tivesse procurado o objeto em todas as caixas possíveis.

Bom, se a chave não estava no sótão, no piso de baixo e também não estava no piso de cima, só poderia estar... No jardim!

Sem mais demoras, Laura correu para o jardim e reiniciou as buscas.

Já estava a ficar sem esperanças, quando reparou numa espécie de cadáver, que estava bem atrás dela, mesmo que ela não o tenha visto ali...

Laura olhou mais de perto e reparou por fim, que aquele cadáver já lhe era conhecido... Era Luna. E a chave estava bem ali, no seu frágil corpo dilacerado.

Laura sentiu uma sensação de vómito na garganta, mas tomou coragem, e, fechando os olhos, conseguiu remover o objeto do corpo do pobre animal.
Voltou a enterrá-lo como estava antes (ainda sem saber quem é que o tinha tirado debaixo da terra), pôs a chave no bolso das calças e seguiu caminho para casa. Decidiu não ir ter com Lucas naquele momento, pois já era tarde.

Uma vez chegado lá, esta sentou-se no sofá, esperando poder descansar um pouco. Mas este descanso não durou muito, porque o telemóvel dela começou a tocar de repente. Era Pedro.

- L-Laura...

- Pai? És tu?

- Sim...

- Aconteceu alguma coisa com a Patrícia?

- Sim...

- O quê???

- Não sei, ela... Parece que está a ter uma convulsão, e está a deitar espuma da boca...

Laura ficou imóvel durante longos instantes, e finalmente disse:

- Pai, não saias daí e espera por mim! A Patrícia foi possuída!

Continua...


Assombração Onde histórias criam vida. Descubra agora