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[P.O.V JIMIN]

Tudo estava meio exaustivo esses dias, minha mãe dar entrada várias e vezes no hospital era um dos motivos mais fortes.

Eu não poderia perder meu porto-seguro agora, eu não queria que isso acontecesse nunca, ela é a única pessoa que eu tenho, única pessoa que eu posso contar e correr para chorar nos seus braços após um dia estressante, eu não consigo imaginar um futuro feliz sem minha mãe do lado.

A primeira pessoa que eu chamei, o primeiro cheiro que eu identifiquei, o abraço que não existe igual, seu carinho me trás uma paz imediata, mãe.

Eu preciso fazer de tudo pra não perder ela.

Hoje ela deu entrada mais uma vez no hospital mas seu caso piorou, estávamos na emergência esperando um atendimento quando o doutor apareceu correndo e eu não pude evitar de puxar o seu braço e pedir para que ele cuidasse da minha mãe.

Ele disse que eu deveria aguardar e saiu correndo mais uma vez e assim foi com mais três médicos, as enfermeiras estavam ocupadas atendendo pacientes de um acidente de carro.

Um doutor veio em nossa direção e começou a examinar as pupilas da minha mãe e automaticamente descobriu o que era.

- A quando tempo ela tem problema no fígado? – ele perguntou com sua voz grossa e um pouco rouca, meu corpo arrepiou.

- Pouco mais de um ano, a gente vem aqui todo mês praticamente e nada, eles sempre mandam ela pra casa, passam uma cartela de compridos para for e dizem pra fazer repouso.

- Isso é inadmissível, já fizeram alguns exames pelo ao menos?

Não fui capaz de responder, minha mãe começou a vomitar sangue e desmaiou, ele a deitou na maca e saiu correndo.

- ABRAM AS PORTAS, SALA DE CIRURGIA UM, BIPEM A CARDIOLÓGIA – e não pude ver mais nada.

Comecei a chorar sentado na maca, eu não queria perder ela, poxa, ela é minha mãe.

Liguei pra Hyuna e ela apareceu em segundos no meio do corredor, parecia já estar ali no hospital.

Ela ameaçou algumas ômegas para obter resposta e acabou conseguindo.

- O nome do doutor que levou sua mãe é Kim Taehyung, ele é cirurgião geral, chefe do departamento dele e só sei disso até o momento, sua mãe está indo pra sala de cirurgia, isso pode demorar, vamos sentar.

Ficamos lá por horas, eu tremia, meu cheiro estava ficando muito forte, todos os alfas que passavam me olhava de forma esquisita, sentiam meu medo e queriam se aproveitar de mim de qualquer jeito.

Hyuna os ameaçava com o olhar, basicamente, era arrepiante, seus olhos eram com toda a certeza a porta do inferno.

Eu resolvi trancar a faculdade já que não teria como pagar as tantas cirurgias que minha mãe vinha fazendo, eu continuei dançando na Triple X, era a minha única fonte de renda no momento, cinco horas por dia, todos os dias.

Pedi para todos os ômegas que conhecia para que pudessem ir ao hospital tentar ver se eles poderiam doar mas quando não eram compatíveis, estavam gastos demais, danificados por conta do álcool.

Eu não tinha mais esperanças, ela já era uma idosa, não tinha prioridade alguma na lista de órgãos, eu orava todas as noites esperando uma resposta divina.

“Papai do céu, eu sei que os caminhos que resolvi tomar me afastam de ti mais e mais, me desculpa por isso senhor, eu preciso de toda a sua ajuda agora, eu sei que você pode ter me esquecido, eu não sou mais aquele anjinho, a vida me fez mudar, o conhecimento me fez mudar, a mamãe tá doente, muito doente, o fígado dela já não funciona mais, ela precisa urgentemente de um transplante, por favor me ajuda, envia um anjinho pra cuidar dela e que possa doar um fígado novinho pra ela? Eu preciso de ti pai, por favor não me ignora como das outras vezes, minha mãe precisa da sua ajuda e eu também, no fundo eu sempre serei o seu anjinho okay? Me ajuda”

Repeti essa oração todos os dias, sempre que precisava, eu já não sentia minha mãe, ela já não estava mais lá, eu quero a minha mãe.

Como um último ato de desespero eu gritei pedindo ao meu criador que ele me ajudasse .

Um homem com uma roupa azul marinho abriu a porta correndo e gritou.

- CONSEGUIMOS UM FÍGADO – uma equipe de cinco médicos saíram correndo junto a ele, eu comecei a chorar.

Será que meu criador realmente me ajudou? Obrigado pai, obrigado, eu só repetia isso em meio às minhas lágrimas.

Após uma hora a equipe voltou e saiu correndo por um corredor, meu coração estava acelerado, Hyuna tinha dormido mas eu não, eram três horas da madrugada e a última vez que eu tinha dormido foi dois dias atrás.

Um monte de enfermeiras começaram a correr, gritando.

Um homem todo de preto, usando uma máscara de gás parou na minha frente, ele estava com uma arma enorme na mão, eu não conti meu grito de medo.

Hyuna acordou e se pôs na minha frente, ela queria me proteger.

- Jimin, o Jungkook também tá aqui no hospital, ele foi internado mas foi só uma crise, desculpa não falar antes, você estava muito abalado, fala pro Dragon e pro Jay que eu amo eles.

Ela parecia estar se despedindo, antes que eu pudesse falar alguma coisa ele olhou pra mim.

- TODO MUNDO NO CHÃO CARALHO – Ele deu dois passos em nossa direção – MEU PAPO É COM ESSA PUTINHA AQUI.

Ele bateu com a arma no rosto da Hyuna que caiu no chão, ele me olhou uma última vez antes de tudo ficar escuro.

Eu corri para ajudar a Hyuna, a puxei para meu colo, ela ainda estava acordada, senti um cheiro estranho e pude ver um gás começando a se espalhar pelo hospital.

Minha mãe.

Era a única chance dela.

Por favor, não faz isso, por favor.

As enfermeiras pararam de gritar depois de oito disparos, assumo que tenham sido nelas cada um dos oito.

Gritei no último disparo pois senti o seu corpo se aproximando do meu.

Ele poderia me localizar por uma simples respiração.

Eu estava arrastando Hyuna no chão quando ele me puxou pelo cabelo e me jogou no chão atrás dele.

- VOCÊ LEMBRA DE MIM HYU? – ele perguntou e ela não conseguia responder, uma notificação chegou no meu celular que estava no sofá ao lado dele, ele não havia visto.

Fui rastejando até o celular, pedi ajuda a Jungkook e o celular descarregou.

Eu não conseguia ver nada, só a silhueta do marginal.

Hyuna parecia rosnar, ele desferiu vários tapas em seu rosto.

Eu tateei o chão em busca em algo para bater nele, não achei nada.

Fui até os corpos das enfermeiras e vi lá uma seringa, não era muito mas iria funcionar.

- VOCÊ SABE O QUE FEZ COM A MINHA VIDA? MINHA FAMÍLIA? VOCÊ, SUA PUTA SUJA – ele cuspiu nela.

Ele era muito mais alto, seu corpo era super malhado, ele parecia um monstro.

Fui cuidadosamente até eles e me joguei em seu pescoço, pus rapidamente a seringa perto do seu maxilar e apertei contra sua pele, eu não tinha ideia do que tinha naquela seringa, quando tentei tirar acabei quebrando a agulha dentro dele.

Ele jogou meu corpo contra a parede e senti o sangue saindo pela minha boca.

Ouvi mais um disparo.

- H-Hyuna – chamei seu nome mas estava baixo demais.

Outro disparo, uma porta se abriu e vi a silhueta dele, parecia um anjo escuro, um anjo caído segurando uma arma.

- Jungkook? – perguntei confuso.

Três disparos em sequência e eu desmaiei.

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