XXX - 19

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[P.O.V JUNGKOOK]

O que aconteceu comigo?

Eu estava mais uma vez em um quarto de hospital, como eu deixara isso virar rotina?

Porra, minha rotina antes era transar com todas as omêgas de Seul.

Levantei da maca e pude ver uma enfermeira dando em cima de Dragon, o que ele estava fazendo aqui mesmo?

- De novo? – perguntei desacreditado.

Ambos me olharam, Dragon deu um sorrisinho.

- Vaso ruim não quebra mesmo né? – ele deu um tapinha no meu ombro.

- Jimin, preciso encontrá-lo! – sai correndo por entre os corredores agora já conhecidos.

Desci três lances de escada correndo, a única coisa que me dava forças naquele momento era a esperança de encontrar ele.

Me deparei com uma enorme porta de ferro que foi aberta rapidamente pelo botão verde ao seu lado.

O piso frio denunciava que lá era o necrotério, pude ouvir uma conversa baixa entre dois homens.

Entrei na porta e sem muito esforço passei pelos dois internos que pareciam estar conversando sobre qualquer escândalo em alguma casa de shows.

Olhei para os lados no lugar totalmente assustador e enorme, com várias gavetas armazenando corpos de pessoas sem parentesco identificado.

As luzes que já eram fracas se apagaram, dificultando minha visão para continuar no estreito corredor de gavetas.

Ouvi um fraco gemido, um choro baixinho, parecia ser de uma criança, fui atrás do som, tentado me manter calmo.

Um ar frio percorreu meu corpo inteiro e finalmente encontrei, um pequeno corpo acuado no chão, me abaixei lentamente e o abracei.

- Eu tô aqui, tá tudo bem, tá tudo bem. – tentei tranquilizar a criança e com um susto descobri que não era uma criança – Jimin?

- Jeon? Mas? – ele secou as lágrimas e se esforçou para me olhar.

Nos levantamos e a luz a voltou.

Pude ver o rostinho vermelho dele, um pouco inchado do recente choro.

- Você não tava morto? – perguntei o abraçando forte.

- Não né Jungkook – falou me empurrando.

- Então, que outro Park...

- A minha mãe, ela não sobreviveu – ele me completou.

- Vamos sair daqui e conversar direito lá fora, com luz de verdade – peguei em sua mão e saímos pela porta grande e subimos as escadas.

Ao abrir a porta que dava para a recepção eu o puxei para outro abraço e o beijei, nem podia acreditar que estava lá, vivo, bem.

Finalmente juntos, fomos até o quarto onde Hyuna estava brigando com Dragon.

Ela nos olhou e logo parou, ele sussurrou um “obrigado”, pegou as chaves do carro e fomos caminhando para lá.

Jimin disse que já havia acionado a funerária e no fim da tarde seria o enterro, era como... um desejo de sua mãe.

- Ela queria ser enterrada em um fim de tarde, quando todas as flores fossem jogadas queria que todos se afastasse e que só jogassem a terra quando todos fossem embora, para que tivessem lembranças boas de um enterro lindo. Mas não haverá ninguém, todos da minha família já morreram, eu sou o único que está vivo pra continuar a dinastia dos Park. – o abracei e ele chorou mais um pouco.

Finalmente chegamos aos dormitórios da Triple X.

- Podem ir para os seus quartos, eu durmo com Jimin essa noite – Hyuna  me jogou as chaves do carro e olhou para Dragon que abaixou a cabeça logo em seguida e foi embora.

Entrei no meu quarto, me deitei e fiquei pensando em tudo o que houve, repassando todas as cenas, todas as vezes que eu o perdi, que eu me perdi.

Odeio estar neste lugar e odeio mais ainda o quão fragilizado eu fico quando estou perto dele.

Após pensar pelo o que me pareceu horas finalmente decidi me afastar de Jimin, não só dele mas de toda essa putaria, literalmente, dar um tempo para mim, para minha mente.

O único problema é que ninguém abandona a Triple X, sob nenhuma circunstância, ninguém pula do barco.

Eu poderia voltar a fazer minha faculdade de arquitetura, ainda poderia ter uma vida com uma ômega qualquer, ainda dá tempo de ser normal.

Será se dá mesmo?

Sempre quis saber o que seria de mim hoje se eu não tivesse feito aquelas escolhas erradas no passado, tudo me trouxe até aqui.

Eu sou a porra de um prostituto assassino, como que ainda posso querer ter um futuro, não sou digno de nada.

Não consegui dormi é óbvio, saí e fui atrás do Jay, a gente precisava ter uma conversinha.

Bati no quarto dele.

- O que você quer Jeon? – ele abriu a porta sem camisa, só com uma calça jeans clara marcando suas coxas definidas.

- A gente precisa conversar – falei baixinho.

- Entra – passei e ele bateu a porta atrás de mim – O que aconteceu?

- Eu preciso dar um tempo da Triple X, tentar fazer alguma coisa da minha vida sem ser foder com todo ser vivo existente.

- Ninguém saí, você sabe disso e sabe também o que acontece com quem tenta sair – falou se sentando na poltrona perto da cama, me sentei na frente dele, em cima da cama mesmo.

- É necessário, você não sabe o que eu tô passando, tudo tá dando errado, só preciso de um tempo, um ano, apenas um – expliquei.

- Você precisa conversar com a Hyuna e com o Dragon, isso é realmente necessário? – falou confuso.

- EU PRECISO DISSO JAY!

- Tá bom, tá bom, eu converso com eles, você precisa mesmo de umas férias.

- Muito obrigado, é sério, agora eu preciso ir, antes que você mude de ideia – me levantei e ele me acompanhou.

- Relaxa cara, você já fez demais por nós mas se você não voltar, já sabe – passou o polegar na garganta e eu entendi o recado.

Me deu um rápido abraço e fechou a porta.

Voltei pro meu quarto mais leve, peguei minha mala e comecei a jogar todas as roupas lá aleatoriamente.

Com uma outra mala pus todo o dinheiro que tinha no cofre do quarto, seria o bastante permanecer com a vida boa.

Olhei para o quarto onde metade se Seul já tinha dormido e reconheci quer eu já não era mais o mesmo.

Passei pelo corredor vazio, com as duas malas, desejo nunca mais voltar!

Saindo do dormitório pude ver o quanto da minha vida eu tinha perdido naquele lugar.

Peguei o primeiro táxi.

- Boa Noite moço, vamos para onde?

- Aeroporto Internacional de Incheon.

Iria comprar qualquer passagem, para qualquer lugar do mundo onde eu pudesse esquecer de tudo.

Eu o senti, pela última vez quando cheguei no aeroporto, Park Jimin o que você fez comigo?

E mais uma vez me vi sozinho.

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