parte II

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O nosso reino não era o mais amado daquela região. Muitas das guerras que já tivemos foi gerada por nossas tropas e eu não me orgulhava daquilo, de forma alguma. Saber que tínhamos de nos concentrar aqui e não poder ir em outros cantos sem ser duramente repreendidos doía-me.

Isso também permitia que qualquer um adentrasse ao reino e iniciasse algo que fizemos anos atrás. O mal de tudo ainda era o rancor.

Eu conseguia ouvir os gritos vindos do andar inferior. Era a voz firme de meu pai com outro homem. Não o reconheci, mas sabia que não queria tomar um refresco conosco. Da janela de meu quarto, eu via uma mulher aparentemente de minha idade ou um pouco mais velha próxima a um cavalo negro.

Este mesmo carregava o brasão do nosso reino e imediatamente eu saí às pressas do quarto, não me importando com Heejin gritando-me para adornar a coroa pela cabeça. Os homens brigando no centro me olharam sair dali e ir em pura raiva para perto da garota.

Eu só tive forças para a afastar e encostá-la numa árvore próxima do animal. Ela estava presa e me olhava com incredulidade. Foi então que, em meio ao encarar, seus olhos acinzentados me paralisaram. Demonstravam certa bravura e até um aspecto ruim, ocasionando certos arrepios à minha espinha.

— Qual é o teu problema?! — suas mãos firmes me empurraram e me fizeram atingir o chão. — Não ia roubar o seu cavalo, a prática de roubo é feitio de teu reino, não do meu.

Não tinha falas, não havia falas, não podia expressar nem argumentar nada além de susto. Eu fugi dela, fugi daqueles reis brigando no castelo, da minha mãe, de mim. Trancar-me aos aposentos não era o melhor dos esconderijos, mas me permitia ficar sozinha.

Sozinha, mas não o suficiente, pois os meus demônios internos me forçavam a lembrar que minha alma gêmea era... Uma mulher.

winter things ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora