parte VI

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Fui ao encontro de Sooyoung, nós caminhamos pelo bosque e imaginei que seria apenas aquilo, mas não consegui negar quando ela me chamou para visitar sua biblioteca. Ela era repleta de livros e eu senti inveja do local. A que ficava em meu castelo não chegava a 1/3 daquela.

Pela primeira vez, eu contei a uma pessoa sobre minhas poesias e nunca imaginei que pudesse se interessar. Eu estava recitando algumas para ela, sabia todas até se me pedissem para falá-las de trás para frente. Houve um momento em que nos silenciamos e deitamos no carpete da biblioteca.

Me encantei ainda mais pelo local que tinha um afresco pintado de uma forma tão delicada quanto a própria pintura, além de uma claraboia a iluminar o local. Sooyoung umedecia os lábios a todo momento, a toda hora, e eu pressentia que ela queria falar algo, só não sabia o quê. Não demorou muito para ela começar a falar:

— Acredita que eu seja a sua alma gêmea?! — ela não precisou falar alto, o sussurro foi o suficiente para me causar arrepios.

— Por quê?! Seria muito ruim?!

— Não, não é isso. Digo, não quero frustrar as suas expectativas, mas não sou um homem, não posso lhe dar herdeiros, não serei aceita por teu pai, quanto mais ao teu reino. Se eu for realmente a sua alma gêmea, trarei-lhes problemas.

— E como descobriremos isso?! — Sooyoung se sentou e eu realizei o mesmo, de frente para ela, atenta aos seus olhos cinzas tentando não me olhar.

Sooyoung segurou meu rosto entre suas mãos e encostou sua testa na minha, cerrando os seus olhos e me impedindo de observar o belo acinzentado que me hipnotizava. Sua boca foi se aproximando junto a uma aspirada forte de ar e seu hálito de menta. À medida que seus lábios se pressionaram aos meus, tive um palpitar diferente no peito.

Meu corpo foi se derretendo e acalmando-se, logo minhas pálpebras fecharam-se e eu fui tomada por toda a atmosfera antes apreciada apenas por Sooyoung. Ela separou os meus lábios e dessa vez permitiu adentrar-se à minha boca.

Sooyoung não era fria, rude ou má. Cada um de seus toques demonstravam a sua personalidade dócil e delicada, junto às pequenas tragadas de ar entre o beijo. A pior sensação que tive foi quando nos separamos e eu fui obrigada a abrir os olhos.

Ha deu um pequeno sorriso e me encostou seus lábios uma última vez, sentando-se sobre os calcanhares.

— Sim, sou eu...

— Como sabe?!

— Seus olhos... Eles têm apenas uma cor agora. E eu os amo.

winter things ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora