parte V

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Deitada à cama, eu tocava o meu rosto bem em cima dos locais onde suas mãos encostaram. Eu sentia a frieza da ponta de seus dedos por ali a contornar meu rosto. Nunca havia pensado naquilo, mas comecei a imaginá-la tocando-me por completo.

Suas mãos fortes escorregando por meu corpo e acelerando o meu peito como estava acontecendo naquele segundo. Só em imaginar eu já me sentia depravada e louca. Gostava de pensar que minha alma gêmea era uma garota. Sabe, nunca vi nada parecido em meu reino e a sensação de novidade era boa.

Não havia uma regra que determinava que toda mulher era moldada a um homem, era apenas uma ação cultural de meu reino. Para mim, não era totalmente errado, era só... Novo.

Minha mãe me disse diversas vezes sobre amor. Tentar moldá-lo é como segurar a água líquida. Você tenta a manter em suas mãos, mas ela escorre pelos lados por sua tendência ser livre e sem reclusões. Deixar a água reclusa a uma única direção é o mesmo que aprisionar o amor.

Achar alternativas para não me tornar tão incorreta era a minha segunda atividade favorita. A primeira era pensar em Sooyoung.

Meus olhos vasculharam todo o quarto até se pousarem na carta que Heejin havia deixado há dias. Ao abri-la, tive uma pequena surpresa visto que fora escrita à mão... Por Sooyoung. Chamava-me para uma caminhava pelo bosque em frente ao rio congelado.

Não era fácil querer ignorar aquela carta, ela foi bem escrita por letras garrafais e eu podia sentir a euforia além do doce aroma de sândalo que pairava dela. Aquela carta não deveria ser ignorada como aquelas que eu me recusava a dar atenção vindas dos príncipes e duques da região, agora, era diferente.

O amor é um erro
o peito dispara sem motivo
o corpo treme sem frio
a mente enlouquece sem insanidade
as mãos suam sem calor
os instintos se afloram sem estímulo
os murmúrios ecoam sem voz
o amor é um erro
e eu estou errada.

winter things ✦ chuuvesOnde histórias criam vida. Descubra agora