Caos

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Capítulo 03 - Caos (versão corrigida)

  Morto. Ele está morto. Ele morreu, bem na minha frente.  
Alguns soberanos logo trazem uma lona e cobrem o gélido cadáver. 
  Me lembro exatamente de quando eu era criança. Tinha apenas 4 anos e por algum motivo (o qual não sei), fui ver um formigueiro. Me lembro exatamente de por obséquio, jogar água nas formigas. O formigueiro era grande e fazia o formato de um cone de terra, todo marrom com um grande buraco em cima. Eu joguei toda a água que tinha em meu cantil no formigueiro.
As formigas desesperadas, saiam e corriam dele, fazendo círculos ao redor das formigas que se debatiam e de outras formigas que ali morriam.  
A cena que eu presencio é idêntica. Estou dentro de um formigueiro agora. A idéia de me comparar a uma formiga é extremamente estranha e um pouco repugnante, mas o que realmente me deu arrepios, não chega nem perto dessa mera... comparação.
   Ouvi gritos e mais gritos e vi uma luz tão forte que quase me cegava. A luz saia de dentro de uma pessoa, como se fosse explodir. Virei minha cabeça para outra direção, para não ferir os meus olhos com aquela forte luz. Quando olhei para frente, lá em baixo, no pé da escada, uma pessoa pegava fogo da cabeça aos pés descontroladamente, fazendo seu corpo tremular entre as chamas. O mais incrível era que ela não se queimava, mas não foi parando por aí, o circo de aberrações havia acabado... de começar.

Aquilo se tornou um caos e de uma hora pra outra viralizou, como uma epidemia e o mais bizarro era que nem todo mundo estava pegando fogo, brilhando, ou coisa do tipo, o que estava gerando ainda mais pânico, dor e confusão.
Dentro de um segundo, mais de meia dúzia de pessoas estava... sei lá o que estavam. Não dava tempo de pensar, e tudo que eu pensava era em um simples objetivo: escapar e sair dali, e com certeza de preferência, viva.

Os soberanos ditaram a muito tempo uma regra: só saia do evento quando ele acabar (caso você saia antes, é sentenciado a doze chibatadas de chicote). Bem... Eu acho que acabou.
Empurro uma mulher que estava na minha frente
  Não há tempo pra ser educada agora. Sinto muito, é a vida, e eu sei que você como uma repugnante formiga faria o mesmo comigo, andando ao meu redor e fazendo um círculo, mesmo se eu estivesse me debatendo ou melhor, pedindo socorro enquanto me afogo pela multidão aflita que se apavora feito um gato arisco correndo atrás de seu rabo, sem nem sequer saber o motivo, mas que não consegue parar. Pois é, a vida é injusta, e acho que não vai ser diferente dessa vez.

   Naquele momento eu sabia que tinha que sair dali, eu queria sair dali, eu desejava, queria e precisava, era tudo que eu mais almejava, mas era impossível (ponto pro meu pessimismo), porque como um predador, eu estava apenas rodeando tudo, mas o que me deixava ainda mais confusa é que nessa natureza, nessa estranha natureza, eu ao mesmo tempo, sendo o predador, era também a presa, literalmente a presa. De repente, uma garota se transformou em uma pantera, e veio rugindo e correndo em minha direção, com seus passos longos e sutis, mansos e ao mesmo tempo avassaladores, mas ao ver ela ainda em sua forma de pantera, se preparando para o bote, pulando sobre mim, sua presa. Ela era como um animal sagás, e eu, temia pelo pior, mas o que eu não esperava, é que a pantera desmaiaria sobre mim no exato instante em que abrisse a sua boca, e seus dentes tentassem me estraçalhar vorazmente, como se eu fosse a a única refeição do dia.
   Ela simplesmente voltou em sua forma humana com os olhos arregalados e sombrios, e então ela desmaiou caindo em minhas pernas, totalmente inconciente e ao chegar ao chão os soberanos fizeram um círculo ao seu redor, apontando várias armas, enquanto um outro vinha e jogava sobre ela uma rede enorme, a capturando. Já outro vinha com uma maca. A pegaram com as mãos totalmente enluvadas e sem cuidados colocando – a, sobre o leito e a levando para um lugar onde vários outros estavam presos também em redes, gritando por socorro e ajuda, sem contar nas crianças chorando ao redor de pessoas desmaiadas e também de corpos vazios, porque a alma deles já não estava mais lá e assim como a suprema autoridade (nosso vice – regente), eles estavam mortos.  Senti naquele momento uma força incrível, me impulsionando a sair dali e ir para o lugar mais longe. Tudo que eu precisava era de ser o mais rápido possível, correr sem me importar com o que acontecesse em meu redor, que é exatamente o que eu já deveria ter feito nesse mar de caos e confusão.

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