Capítulo 21

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Gina
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Quando entramos na construção peculiar que fora minha casa durante todos os meus primeiros anos, percebi quase que instantaneamente que o silêncio não era habitual.

- Tá ouvindo, Harry? Ou melhor, não tá ouvindo?

- Tô achando estranho... - Ele levantou uma sobrancelha, e caminhamos até a cozinha, onde sabia que mesmo com a louça sendo lavada por magia, mamãe estaria.

E não deu outra. Arrumando alguns armários manualmente, lá estava Molly Weasley, com a voz de Celestina ecoando na cozinha enquanto ela acompanhava com algumas notas estridentes. Alguém devia ser sincero com ela, ou dar alguma aula de canto.

- Oi, mãe! - Sinalizei nossa entrada, e na mesma hora ela se virou e deu um sorriso típico de mãe.

- Filha! Harry, querido! - Ela abriu os braços, caminhando até nós e me envolveu num abraço de urso e de tirar o fôlego. Em seguida, fez o mesmo com o meu marido.

Sempre sonhei com essa cena típica de família de comercial trouxa. Eu chegando na casa dos meus pais acompanhada de meu marido, que em meus sonhos sempre foi Harry Potter. Saber que isso era real era a melhor sensação do mundo.

Olhei de relance para ele, e vê-lo tão confortável com o ambiente e mesmo com minha mãe, a quem ele nunca perdera o costume de se dirigir formalmente, para mim era tudo. Ela o tratava como um filho, e eu sabia que sua proteção era idêntica a dada a sua árvore genealógica.

Harry para mim era tudo. Quando encontrei minha independência, ainda adolescente, eu sabia que eu conseguiria ser feliz sozinha, e sou. Sou feliz comigo mesma, e com tudo que eu conquistei. Mas ele transcende tudo isso, ele é o que eu preciso do meu lado para completar minha felicidade.

- Cadê a parte barulhenta da casa, Sra. Weasley? - Harry olhou em volta, provavelmente esperando ver algum dos nossos filhos escandalosos em algum canto do recinto.

Minha maior realização. Meus filhos. Nunca achei que ser mãe seria meu forte, apesar de ter como inspiração e ter sido guiada para isso por uma mulher extremamente amorosa e com sete filhos. Nunca achei que aquilo era para mim, até ter em meus braços uma cópia de Harry, com os olhos castanhos e os cabelos rebeldes. Depois dali, queríamos um time de Quadribol inteiro.

Depois que Lily chegou, descobrimos que não tinhamos a menor capacidade de dar conta de nem ao menos sete filhos, como fez mamãe. James e Lílian torravam o juízo e eram o suficiente para toda a eternidade. Alvo foi o equilíbrio, puxara a parte mais reservada de Harry. Lílian era fogo, igualzinha a mim. James puxou exatamente as duas partes mais grifinórias da mãe e do pai, e eu nós não podíamos ser mais orgulhosos das personalidades deles.

- Ah, eles estão na casa de Gui e Fleur. - Franzi o meu nariz na hora que o nome foi dito. - Esqueci de avisar.

Não é que eu tinha rixas com Fleur, não era isso. Eu havia superado essa parte do meu passado, agora eu era uma pessoa num nível espiritual muito avançado e não me apegava a essas pequenas coisas. É só que, não sei. Não saber me parece um bom motivo, e um motivo bastante evoluído, afinal.

Gui sempre foi um dos meus irmãos mais próximos, e vê-lo feliz era tudo que eu precisava, então eu aprendi a viver com as divergências e a enxergar as partes que o fizeram se apaixonar por ela. E por tudo isso e muito mais, eu não tinha a mínima razão para me preocupar, estavam todos em boas mãos.

- Então quer dizer que a senhora está de folga? - Ri um pouco, puxando a cadeira da cozinha para me sentar e esticar as pernas.

Harry e eu havíamos passado o dia resolvendo algumas de suas pendências trouxas que eu não fazia a menor questão de entender ou saber os nomes, mas acompanhá-lo era algo que me agradava, então eu fui, só não sei até que ponto isso foi uma boa ideia, pois meus pés doiam até agora.

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