Capítulo 11

633 45 20
                                    

-

Alvo

-

Devo admitir que boa parte de mim suspeitava. Obviamente, eu não chegaria dizendo que minha irmã caçula era afim do meu primo, mas que aquele amor não era fraternal eu sabia. Ou pelo menos, desconfiava. Posso ser desligado, e até um pouco devagar, mas burro eu não era.  Minha cabeça parecia ferver de tanta informação que eu tentava processar. Meus pais e meus avós sentaram com todos para preparar o terreno para quando o mais novo casal entrasse - se assim desse certo o plano desenvolvido por Hugo e por meu pai - e não gerasse tanto constrangimento. Mas, numa família que envolve o James, isso não era possível.

Boa parte do formigamento em meu peito se dava pelo fato de que era minha irmã que eu não havia dado conta que já tinha crescido. Que formava sua vida e era tão decidida que só me enchia de orgulho. Corajosa como meu pai, e forte como minha mãe. Ela sim era a mistura perfeita dos dois, um furacão que perto de todos só trazia leveza e calmaria. Os ciúmes traziam incômodo, mas eu nunca fui desse feitio, e não seria agora que eu começaria.

Senti o lado do sofá afundar um pouco, e encarei a pessoa ao meu lado. Os cabelos vermelhos do pai, e os olhos expressivos de tia Mione não negavam que Rose era tudo aquilo que eles sempre imaginaram.

- Sei como se sente. Não é fácil entender que cresceram. Mais novos que nós, mas cresceram mais rápido. - Rose riu, e eu apenas assenti com um sorriso. Ela era minha melhor amiga, esforço não era necessário para ela me compreender.

- Acontece que eu vejo a Lily como um diamante. Eu sei que a aparência até pode ser frágil, mas que ela é extremamente forte. Só que eu sinto como se não pudesse mais protegê-la de tudo.

- Você nunca pôde, Al. A Lily sempre viveu de maneira intensa, e sempre garantiu que ela mesma aprendesse com isso. Isso foi o que a tia Gina nos ensinou desde cedo. - Rose pegou minha mão, apertando suavemente. - Hugo a ama, eu sei disso. Conheço meu irmão como James conhece o mapa do maroto. Eles são perfeitos juntos, a última coisa que devemos ter é preocupação. E mesmo se tiver, é normal, não se martirize por isso. Você tem o coração do seu pai, ama a um ponto que faria tudo por qualquer um. Só que o que você tem que fazer por ela agora é deixá-la ser livre.

Escutei atentamente suas palavras, porque Rose era a cópia de Hermione Granger nesse aspecto. Era sensatez, equilíbrio, cuidado e atenção. Eu só poderia agradecer por tê-la nos momentos onde minha cabeça não funcionava. Puxei-a para um abraço, bagunçando seus cabelos e escutando sua reclamação baixa.

- E você? Como estão as questões do coração? - Perguntei despretensioso, logo vendo seu rosto adquirir um tom mais vermelho.

- Eu? Normal! Por quê? Você viu algo? Escutou? - As palavras saiam rápido de sua boca, e um estalo se fez em minha cabeça. Rose estava apaixonada, e eu acho que já havia se dado conta disso.

- Não, Rosie. E mesmo se eu não soubesse, eu descobriria agora. - A risada foi involuntária. Seu tapa de leve nem fez efeito, e fomos interrompidos pela porta principal abrindo com a aparição novo casal com sorrisos estendidos pelo rosto.

- MÃE! - Minha irmã gritou assim que viu a família reunida. - Vamos ter as conversas que a senhora sempre quis. Os namoradinhos chegaram.

- Os namoradinhos não, Lílian, por favor. Um já é o suficiente. - Meu pai reclamou, com um sorriso reprimido. Hugo soltou uma risada e eu admirava toda a sincronia que eles sempre tiveram e que agora parecia mais realçada.

- Agora conta como foi! - Luna pediu chamando Lily para sentar-se ao seu lado com palminhas dadas no assento. Lily sorriu exultante e começou toda a narração animada enquanto ouvíamos atentos todo o romantismo de Hugo.

Truth or DareOnde histórias criam vida. Descubra agora