Capítulo 22

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James
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- Assim não, James! Você está fazendo errado! - A estridência de Molly invadiu meus ouvidos e baixei a varinha na mesma hora.

- Porra, Molly, você só reclama. Vem fazer, então.  - Pus as duas mãos na cintura encarando minha prima que agora, com o semblante risonho, cruzava os dois braços.

- Não, sou a aniversariante. Levanta essa tenda direito! - E dizendo isso, entrou para o Chalé me deixando sozinho.

Claro, porque tinha que ser o James. "Ah, mas você já saiu do colégio", "ah, mas você que pode usar varinha fora da escola". Ah, meu poupe, isso era invenção pra criar um escravo no estilo elfo doméstico.

Agora eu estava ali, no meio daquele sol, estressado e com uma tenda torta. Eu merecia.

As gotas de suor já escorriam por minhas costas, e eu conseguia sentir as outras gotículas se formarem na minha testa. Tirei a camiseta e a estendi no ombro, depois de passar a mesma pelo rosto. Colocando a palma da mão para cobrir o brilho forte, tentei enxergar onde podia melhorar aquela merda.

Era tão grande que parecia que um batalhão vinha comemorar o aniversário de Molly. Fizemos uma pequena surpresa pra ela de manhã, a fim de termos nossa própria comemoração, e bastou algumas horas para ela nos alugar na arrumação de tudo. Já tinha recebido ajuda de tio Gui, mas ele precisou terminar de fazer outros encantamentos a pedidos da sobrinha.

Encarei minha barriga, passando a mão por ela. Ela estava reclamando que fazia um tempo e eu só sentia fome. A musculatura definida, graças a minha função no Quadribol, fazia sucesso. Dei duas batidas nela, rindo em seguida, e quando levantei a cabeça, vi que estava sendo observado.

Na soleira da porta, Luna me encarava calada. Ou melhor, encarava meu abdômen parada. Depois de alguns segundos, pareceu acordar.

- James, eu... - Ela gaguejou tentando organizar as palavras. Hm, ela estava nervosa. - Vim avisar que o almoço tá pronto.

- Certo. - Ri baixo, e ela revirou os olhos, já pronta para sair. - Luna.

- O que é? - Ainda de costas ela me perguntou, mas não parecia chateada.

Caminhei até sua silhueta virada e cheguei próximo de seus cabelos. O cheiro exalando e a cor iluminada me fazendo perder um pouco os sentidos.

- Eu preciso falar com você. - Praticamente pedi, com a voz cautelosa. Deveria ter falado com ela antes, mas estava tentando não estragar tudo, porém já fazendo isso. Bem no estilo James Sirius.

- A gente pode fazer isso em outra hora? Tá todo mundo esperando. - Sua voz ainda estava meio distante, mas ela agora já me encarava, seus olhos desviando periodicamente para minha barriga desnuda. Gostei disso, vou fazer mais vezes.

- Pode ser. - Me aproximei, dando um selinho na boca naturalmente rosada, e sai, a deixando ali.

Era a atitude que eu queria ter tomado? Não isoladamente. Controlei meus impulsos? Não mesmo.

Quando cheguei na mesa, a bagunça de um bando de adolescentes fazendo barulho era quase desconcertante. Os pratos estavam levantados na tentativa de enchê-los de comida e logo um desespero tomou conta de mim.

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