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- Então... Essa "briga" foi tensa, eu sei, mas, vamos conversar sobre o "eu a amo", senhor Jeon Jungkook?- perguntei com a cara mais cínica que consegui.

- Sobre isso... Ah, você já imaginava, não?- o garoto morde os lábios, nervoso.

- Talvez sim, talvez não, mas eu quero ouvir outra vez.- digo.

- Por favor, diz que é brincadeira.- ele fez cara de choro.

- Não é! Eu também quero escutar, só para oficializar vocês.- Ayla surge no corredor com um sorriso de orelha a orelha.

- Você estava escutando o tempo todo?- perguntei.

- Sim, eu até ia vir até aqui e dar uma boa lição naquela garota, mas vendo o Jungkook te defender, foi tão lindo que fiquei alí, escondida e deixando tudo acontecer.- Ayla fingiu enxugar uma lágrima.

- Aigoo... - Jungkook exclama.- Tudo bem... Suk, eu...

- Vou saindo, com certeza, vocês precisam de privacidade.- Choa se curvou e saiu andando.

- Pronto, pode falar.- incentivo o garoto, tentando não rir da sua expressão de vergonha.

- Suk, eu... Aish! Ela vai ficar nos encarando assim?- aponta para Ayla, que olhava para nós, atenta.

- Ok.- ela tampa os olhos com as mãos.- Pode falar agora.

Jungkook respirou fundo.

- Eu... Eu te amo, Suk... Satisfeita?

- Não! Faltou o beijo!- exclama Ayla, agora sem as mãos nos olhos.

- Por favor, Suk, diz pra ela parar de dar uma de novelista!- Jungkook espernea.

- Só porque reclamou, você é obrigado a me dar um beijo, agora.- me aproveito da situação.

- Bom... Tampe os olhos, de novo.- diz a Ayla, assim ela faz.

Jungkook me encara por segundos, suas bochechas, aos poucos, vão ficando avermelhadas.

Ele avançou e juntou seus lábios macios com os meus, pressionando-os em um selinho. Eu planejava transformar aquilo em um beijo, até que, ouvi um som de flash e nossas bocas se separaram.

- Ayla!- exclamamos juntos ao vê-la com um celular na mão.

- Desculpa, é mais forte que eu.- sorriu e mostrou a foto.- Essa vai pro álbum.

- Qual álbum?- Jungkook perguntou

- O álbum de fotos de vocês dois, é claro.

***

O final das aulas do dia foi anunciado pelo sinal do colégio. Peguei meus materiais pronta para voltar para casa.

- Ei pequena, me espera.- Jungkook me chama segurando a mochila com uma das mãos.

Com a mão desocupada, ele segura a minha, entrelaçando nossos dedos. Esse simples ato fez um arrepio percorrer o meu corpo.

- Vem, vou te levar para casa.- ele começou a andar na direção oposta a sua.

- Mas, sua casa é longe da minha.- digo.

- Não tem problema.- ele sorriu e beijou a minha bochecha.

Começamos a andar normalmente, à todo momento, Jungkook dava um jeito de puxar assunto comigo e chamar a minha atenção.

Minutos depois, passamos em frente ao cemitério da cidade, situado no caminho para a minha casa.

Parei por segundos encarando o local, meu pai estava enterrado alí, isso me faz lembrar da sua figura.

- Suk? Não me diga que viu alguma coisa alí? Se sim, é melhor irmos embora.- Jungkook diz tentando me puxar.

- Meu pai... É lá que ele está.

Aquela vontade de chorar surgiu em meu peito, sem me esforçar para conter, deixei uma lágrima rolar.

- Você se importa em... Me esperar?-  perguntei secando minha bochecha.

- Eu vou com você.

Falei com o guarda que estava alí no portão, depois de muita insistência, ele deixou eu e Jungkok entrar.

A cada passo que eu dava até o seu túmulo, sentia a atmosfera fria e melancólica, a dor no peito só aumentava.

Fiquei de joelhos em frente a sua lápide, Jungkook apenas se abaixou com uma das mãos em minhas costas.

- Amanhã vai fazer três anos que ele se foi, nesse dia, eu não consigo ter animação para nada, mesmo que ele tenha dito que eu devo ser forte todos os dias. - funguei, sentindo um peso na garganta.

- O que houve com ele?- perguntou Jungkook.

- Meu pai havia decidido voltar aos  estudos, já que ele não tinha concluído por falta de dinheiro. Alguns rapazes, que também eram alunos, sentiam inveja dele, por ser um homem de família e ainda ter o desejo de concluir os estudos, por isso, começaram à o apelidar e rotular.

- Um dia, a coisa foi longe demais, no final da aula, armaram uma emboscada pra ele. Papai foi parar no hospital, mas, a situação foi tão grave que...- não terminei a frase e comecei a chorar.

Jungkook apoiou a minha cabeça em seu peito, enquanto afagava meus cabelos.

- Não precisa terminar, se não se sentir bem.- diz ele.

- Tudo bem... Eu consigo... Eu lembro que, antes dele realmente ir embora, disse que seria melhor eu pensar que ele estaria descansando, e que eu deveria aproveitar ao máximo os meus dias, mesmo que doesse. Meu pai deixou uma pilha de livros para mim, todos eram dele, o mesmo disse que, quando as coisas estivessem difíceis, eu poderia lê-los e, talvez, fugir um pouco da realidade.

- Dá certo as vezes, porém, uma hora ou outra, eu tenho que enfrentar a batalha.- me afastei de seu abraço, encarando a lápide.

- Deixa eu te ajudar, à enfrentar essa batalha diária?- Jungkook segurou minha mão.

- Como você faria isso?- perguntei.

- Fazendo você feliz.- sorriu para mim.

*****
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Labels = {Jeon Jungkook}Onde histórias criam vida. Descubra agora