"Isso vai acabar, pirralhos! Eu estou no meu limite. Achavam que eu iria apenas aceitar que parassem de roubar, que deixassem de me dar lucros, que iriam ser felizes para sempre? Coloquem na cabeça: Vocês são meus e farão o que eu quiser que façam!"
Estas palavras, proferidas por Bartolomeu, eram ouvidas de um pequeno gravador. Bartô ficou muito pálido quando ouviu sua própria voz e viu que Cielo o encarava com o gravador na mão. Ela não tinha medo e estava convencida de que o fim do silêncio era a primeira parte da solução. Pelo menos agora, Bartolomeu saberia que os meninos não estavam mais sozinhos e indefesos. Era hora de intervir.
- Você pode me explicar o que significa isso? - Disse Cielo em tom de ameaça.
Bartolomeu, que estava do outro lado da mesa do escritório com a porta fechada olhou em seus olhos por alguns segundos. Avaliara a possibilidade de desacordá-la com um golpe usando o peso de papel, e depois arrastá-la pela sala secreta, e de lá direto para o porão.
- Fale! - Ela voltou a pedir.
Ele, irracional, atingiu seu punho, tentando arrancar-lhe o gravador das mãos, mas ela esquivou-se rapidamente. Apenas para ganhar tempo, Bartolomeu começou a atuar em sua melhor cara inocente.
- Eu não sei o que dizer, Cielinho... Você está dizendo que este falando sou eu? Não sou eu, olhe, escute bem a minha voz, vamos!
- É você sim! - Ela disse com raiva. - Como é que você pode forçar crianças a roubar?
- Ok, ok... Temos que conversar com eles também, não quero expô-los assim, mas ok. Sim, era eu. Você sabe em que circunstâncias eu disse estas terríveis palavras? Com Tatinho me agarrando pelo pescoço, e Jasminzinha me ameaçando com uma faca na mão! Esses monstrinhos são indomáveis.
- O quê? - Cielo perguntou perplexa.
- É o que você ouviu, Sky... Eles são realmente selvagens. Esse foi um ato de desespero, eu me tornei o cara mau para ver se a proibição os assustava de alguma forma... Mas tudo o que eu inventei lá, é mentira, eu juro pela minha irmãzinha.
Cielo olhou para ele com desprezo. Até mesmo para mentir ele era um homem patético.
- Você é um canalha! - Disse Cielo com a raiva mais profunda que já sentiu. - E eu, sou uma tonta. Quando descobri a fábrica de brinquedos, e eu deveria ter percebido, mas eu confiei em você!
- E você precisa continuar confiando. Eu não sou um monstro!
- Você é pior que um monstro! - Cielo esbravejou, explodindo. - É um desperdício, uma pilha de esterco humano!
- Olha como fala. - Bartolomeu disse começando a mostrar suas garras.
- Nada de como fala. Agora eu vou até um juiz e vou denunciar isso.
Bartolomeu, de um salto, avançou para a porta do escritório. Ele segurou uma das mãos sobre o pescoço de Cielo e olhou-a atentamente nos olhos.
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Quase Anjos - A Ilha de Eudamón
FantastikOs caminhos da bailarina Cielo Mágico e do arqueólogo Nicolas Bauer se cruzam inesperadamente enquanto ele busca a sua tão sonhada Ilha de Eudamón: a ilha das crianças felizes, fazendo-os se apaixonarem perdidamente e fazendo com que Cielo encontre...