Na manhã seguinte, o menino se sentia doente.
O corpo pesado não calaborava com a idéia de se levantar da cama, e parecia preguiçoso demais para coisas assim. Notou que estava com a mesma camiseta xadrez que vestiu no dia passado, e se lembrou também das palavras frias e cortantes que seu pai carregava na ponta da língua sempre que estava falando com o mais jovem ali, se lembrou também de chorar até pegar no sono, como fazia todas as noites desde o incidente com sua mãe.
Sentiu a cabeça latejar em dor e sono quando seus pés tocaram o chão que se comparava a gelo. Alguém tocava a campainha quando o garoto desceu as escadas, e o homem mais velho da casa reclamava sozinho enquanto dormia no sofá, poderia simplesmente ignorar mas um timbre grosso o dizendo para atender fora o bastante para o garoto o fazer.
No momento em que abriu a porta e viu uma mulher alta e com traços nem um pouco coreanos em seu rosto, era loura e os olhos possuíam uma cor clara bonita, parecia — naquele jeito — uma atriz de televisão americana que fazia filmes sobre praia. Aquela ali sorriu abertamente enquanto pronunciava um “oi” carregado de sotaque estrangeiro.
— Somos os vizinhos novos, gostaríamos de chamar você e seus pais para uma pequena reunião de boas vindas a vizinhança! — Gesticulava de várias formas enquanto Haechan apenas balançava a cabeça, deixando um sorriso brincalhão quando ela pronunciava algo errado ou fora do contexto em sua explicação sobre de onde vinha, e que estava animada para morar ali.
— Claro... — Respondeu hesitante e olhou para dentro de casa novamente, seu pai continuava deitado como um morto mas provavelmente estaria diferente na hora. — Farei o possível! — Riu nervoso, e assistiu a novata atravessar a rua.
Fechou a porta atrás de si e suspirou, seria um dia difícil.
Felizmente — ou nem tanto —, a noite chegou rapidamente, junto com as preocupações de Donghyuck. Havia falado para seu pai sobre a "reunião" na casa alheia e o homem concordou com poucas palavras. Naquele momento, o jovem tentava arrumar sua gravata mas ao perceber que não iria conseguir, trocou o terno velho e fedido por calças rasgadas, um tênis manchado com suco de uva e permaneceu com a blusa social, mas agora sem a gravata estranha.
Seu pai não ousou dirigir-lhe uma palavra sequer, e apenas tocou seu ombro quando entraram na casa. Era bom passar uma boa imagem aos outros.
Todos dentro daquela residência pareciam sufocantemente felizes, isto ia do cara coreano que não parava de sorrir até os chineses que inventavam qualquer desculpa para a falta do filho ali. Não demorou até o Lee usar uma desculpa qualquer para sair de dentro daquela casa e ir para o quintal da família nova, já que não poderia ir para a própria casa.
Respirou fundo e colocou a mão no coração, achou que morreria quando viu o idiota de seu progenitor sorrir em meio aquelas pessoas, ele era um homem mau, qua fazia coisas ruins, não devia sorrir.
Sentiu algo frio tocar em seu cotovelo e se virou pronto para arrumar uma desculpa qualquer como sempre fazia quando seu pai encostava em si.
— Calma cara, você tá chapado? — Disse rindo enquanto o moreno se afastava notavelmente.
— Não. — Respondeu automaticamente. Digamos que o garoto possuía um sistema de defesa própria criada por seu corpo depois de tanto sair machucado em "discussões" com o único de sua casa, então apenas fora perceber que estava falando com o garoto estranho do outro dia quando estava a certa distância do mesmo. Notou também um cigarro em suas mãos, e ele ainda havia perguntado se Haechan era o "chapado". — Eu sou Mark!
— Lee Donghyuck. — Se curvou minimamente e escutou o outro dizer algo como: “ah, vocês tem isso aqui”. Ótimo, além de fumante, era xenofobico.
O Lee mais novo estava pronto para correr dali diretamente para seu quarto, mas a porta fora aberta pela mesma mulher de mais cedo, que deixou uma expressão confusa e brava tomar seu rosto ao perceber que a droga nas mãos do filho.
— Oi mãe, não são meus... — Falou sobre o objeto em mãos. — É dele! — Apontou para Haechan.
A expressão não mudou muito mas pareceu suavizar no rosto da mais velha, que apenas deu algumas informações ao adolescente e saiu dali.
Fumante, Xenofobico e acima de tudo, um mentiroso.
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daddy issues ― MARK+HYUCK.
FanfictionLee Donghyuck nunca achou que teria problemas em esconder de seu pai e família que era gay. Até que com a chegada de seu novo vizinho, começa a ver dificuldades em manter tal segredo. 「 homophobia; +18; songfic; hiatus. 」