always feel inadequate.

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Um sábado de manhã não poderia ser pior que aquele. Estava quente demais, apenas o ventilador velho e quebrado que possuía em seu quarto não ajudaria em nada, e a janela era tão pequena que poderia ser comparado a um janela de banheiro.

O garoto estava certo de que estava em um segundo inferno, quando assim que chegou na sala, se deparou com o fedor horrível de álcool e seu país estava sentado no sofá, com sacos plásticos de Cheetos ao seu redor, e é claro, vidros de cerveja pelo chão. O homem não se deu ao trabalho de encarar o filho, continuou estático enquanto fingia prestar atenção no jogo de Hóquei que passava na tv.

— Estou saindo. — Avisou antes de sair e fechar a porta.

A família canadense parecia se divertir, pois a mulher e o homem lavavam o carro enquanto brincavam com a água. Mark estava sentado na pequena escadaria que se encontrava na entrada da casa, os cabelos estavam molhados o que dava a entender que também estava na brincadeira a um tempo atrás. O olhar deste, logo capturou o do coreano, este que fez questão de apressar o passo em que andava, mas não fora o bastante para deixar Mark para trás.

— Hey, Donghyuck! — Escutou a voz estrangeira perto de si e rezou aos céus para ser uma alucinação, afinal, queria ficar sozinho, colocar seus pensamentos no lugar e pensar bem nas atitudes que deveria tomar. — Me espere!

A mão alheia tomou a sua, fazendo com que o coreano se virasse com o susto.

— Oi! — Mark disse.

Um sorriso grande traçava seu rosto, e os cabelos ainda molhados deixavam gotas teimosas caírem sobre a camiseta branca do mesmo. Um suspiros e murmúrios choramingosos deixaram a boca do mais novo enquanto este voltava a andar. O Lee mais velho não parava de falar um segundo, várias perguntas e sempre entusiasmado, parecia um brinquedo o qual a pilha era infinita e isto começava a irritar Haechan.

— Mark, um minuto de silêncio, é tudo que eu te peço, por favor! — Suplicou quando se aproximaram do atual destino de ambos.

— Mas eu nem comecei.

— Cala a boca. — Donghyuck pediu.

— Por quê não cala a sua boca na minha? — Isso sim era algo inesperado.

O sorriso de canto que surgiu no rosto do canadense fora o bastante para deixar o outro em um pequeno pânico interno. Afinal, não poderia negar que o estrangeiro era de extrema beleza, e não se importaria nem um pouco em dar uns bons beijos no mesmo.

— Não, obrigada. — Tentou ao máximo demonstrar que estava irrelevante ao que o havia sido dito, mas sua língua enrolara um pouco deixando as bochechas rosadas transparecem juntamente.

— Tem certeza? Pense bem. — Levantou as sobrancelhas deixando um tom sugestivo em sua pergunta.

Donghyuck sinceramente sentia vontade de jogar o refrigerante que acabara de comprar no garoto que andava a sua frente, que agora, se encontrava com a língua ácida, dizendo coisas carregadas com um duplo sentido fora do comum. Sempre falando algo que deixava o mais novo ali com uma extrema vergonha.

— Ainda teremos muitas chances de nos conhecermos melhor. — Mark disse enquanto se distanciava, e seguia caminho a sua casa.

O jovem encarou o mesmo com uma careta de raiva e entrou dentro da própria casa murmurando xingamentos de variadas formas para seu novo vizinho. Seu pai dormia sobre o sofá sujo, provavelmente bêbado demais para se lembrar do próprio nome. Isso era bom. Sem pai, sem brigas. Sem brigas, sem machucados para cuidar no amanhã.


daddy issues ― MARK+HYUCK.Onde histórias criam vida. Descubra agora