mama told me not to try.

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Donghyuck olhava a rua molhada de onde estava. Agora, havia saído um pouco do ambiente repetitivo que era seu quarto e observava a chuva fina cair do lado de fora. Se sentia um pouco culpado por estar sempre sendo malvado com o mais novo vizinho, afinal, Mark não tinha culpa por sua vida ser uma grande desgraça.

Estava sozinho em casa como sempre ficava as sextas, então poderia aproveitar para fazer tudo que queria, e isso incluía: ficar no andar de baixo da casa sem se preocupar com o que aconteceria e poder andar por ali sem ter que confrontar o olhar desgostoso de seu pai.

Franziu o cenho quando uma pessoa saiu da outra casa com uma capa amarela de chuva e se dirigiu até a sua, pediu internamente para ser a mãe de Mark e não o mesmo, porém as santidades com toda certeza estavam contra si, assim que abriu a porta, pode ver um garoto de rosto pálido sorrindo para o mesmo enquanto possuía uma sacola em mãos.

— O que foi? — Perguntou.

— Jantar. — Mostrou a sacola em mãos. — Meu velho notou que você estava sozinho, e se não se importa, 'tá um pouco desconfortável aqui fora.

O coreano hesitou, mas dado às circunstâncias, simplesmente abriu espaço para o outro jovem passar e mostrou onde deveria colocar sua capa, está que o deixava com um ar extremamente infantil.

O dono da residência foi até a cozinha, abrindo o plástico e encontrando um recipiente com alguma comida estranha e que com certeza não era coreana. Parecia uma junção de várias coisas em um só lugar, já que podia se ver queijo mas o cheiro era de batata.

— Se chama Poutine. — O canadense disse ao ver a confusão no rosto alheio. — É comida do Canadá, mamãe é de Québec então ela manja dessas coisas.

O garoto se sentou em uma cadeira ao lado da do outro. Ao olhar envolta, era perceptível a falta de coisas como o sal nos lotes, e café. A pia se encontrava limpa e apenas um prato fora lavado, fato que fez o Lee se perguntar qual dos residentes não estava comendo, mas não precisou pensar muito, pois a forma com que Donghyuck praticamente atacou o a comida o denunciava. Mark não pode segurar a risada ao notar que o outro ficava fofo com as bochechas cheias.

— A quantos dias está sem comer? — Brincou.

— Só um, mas o macarrão instantâneo acabou ontem e meu pai não trouxe outros, e também não posso sair se ele não estiver. — Deu de ombros e voltou a comer.

O Lee mais velho o olhou espantado de certa forma, mas decidiu não se pronunciar sobre, afinal, não poderia se intrometer assim na vida do outro.

Ambos ficaram na cozinha por um bom tempo, as vezes no silêncio, e outras vezes, Mark tentava puxar alguns sorrisos do outro, o que falhou no começo mas com algumas piadas ruins e caretas estranhas, conseguiu.

— O que houve com ela? — Perguntou quando já estavam na sala.

O canadense segurava uma foto que estava atrás de algumas revistas sobre objetos de construção. Uma mulher de cabelos curtos e sorriso doce, um homem também sorrindo e a criança ao meio que estava com os braços levantados e uma expressão surpresa no rosto.

— Câncer. — Mas papai disse que sou eu.

— Sinto muito.

— Tudo bem, acho que essas coisas acontecem, não? — Donghyuck não sorriu, não fez questão de tentar esconder sua dor. Não naquele dia.

Deixou seu corpo cair contra o sofá e viu o Lee se sentar ao seu lado.

— Você se lembra dela?

— Sim. — Como poderia Donghyuck esquecer, quando era lembrado todos dias que a morte da mesma era sua culpa?

— Como era?

— O paraíso.

Um curto silêncio pairou ali, rapidamente preenchido por sons de carro e um homem bravo entrando na casa, um pouco cambaleante, e seu semblante apenas piorou ao notar a presença do filho dos novos vizinhos ali.

— Acho melhor você ir. — Donghyuck susurrou e engoliu seco. Levou o "amigo" até a porta e a fechou assim que o mesmo saiu, não fazendo questão de lhe dar um adeus.

— Então é isso que você faz quando eu saio, transforma essa casa em um ponto de encontro pra você e seu amiguinho!? — Ditou alto e bravo, fazendo o menor se encolher. — Não quero saber de você com esses garotos, Donghyuck! Está me ouvindo? Procure uma namorada ou outra coisa para se divertir!

Se afastou e ia em direção a cozinha, até que o menor se pronunciou: — Eu não quero uma namorada.

Disse baixo, não era para o progenitor escutar, mas ele ouviu.

— Vai me dizer que é gay agora!? Filho meu não é viado, Donghyuck! — O homem se aproximou novamente, segurou na camiseta que o filho vestia e a usou para puxar e empurrar o mesmo contra a parede diversas vezes. — Você não é um desses viadinhos de merda que andam por ai, está entendendo? Você não é!

O mais velho não notou quando saiu do controle e socou o rosto daquele ali, o fazendo perder o equilíbrio e consequentemente cair.

— Eu acho bom me obedecer, garoto. Não quero ter que te ensinar como nos velhos tempos. — E se foi.

Logo, Haechan sentiu um gosto estranho na boca, e pode notar que a bochecha estava cortada no interior. Bom, pelo menos fora apenas um soco.

daddy issues ― MARK+HYUCK.Onde histórias criam vida. Descubra agora