Capítulo 10

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Agitada, a Rainha Dragão pousou bruscamente no topo da montanha e se transformou rapidamente em mulher. Ignorando o rosto surpreso de Serena por sua chegada, Miranda esbarrou nela e entrou na caverna pela passagem secreta. Ela foi a passos largos para seu quarto, evitando qualquer contato com as pessoas. Suas narinas se dilataram ao sentir o doce perfume de Andrea ainda persistente em seus lençóis. Sem pensar duas vezes, ela soltou um jato de fogo pela boca e queimou a cama, extinguindo qualquer vestígio de sua parceira.

"Impressionante", a voz de Nigel comentou atrás dela. "colocando fogo em algo sem estar na forma de dragão."

Miranda fechou os olhos. O homem corajoso se aproximou de sua perturbada Rainha, cautelosamente colocando a mão no ombro dela. Sem surpresa, Miranda a retirou.

"O que aconteceu, minha amiga?", Nigel perguntou com calma.

O único som era o crepitar do fogo. Miranda cerrou as mãos. O homem careca olhou a cama queimar e esperou pacientemente para que sua Rainha falasse. Quando tudo o que restou foram cinzas da cama e a Rainha ainda não tinha dito nada, Nigel deu um pequeno aceno antes de se virar para ir.

"Eu me uni a ela. Eu fiz a marca nela", a voz baixa de Miranda cortou o ar, fazendo com que ele parasse. "Eu estou unida eternamente com ela."

Nigel se surpreendeu. Depois de anos de solidão, sua Rainha finalmente tinha achado uma parceira, mesmo assim ela parecia desolada. Como ele nunca formou uma ligação com ninguém, Nigel não entendia completamente a sensação de estar unido a alguém, mas ele sabia que isso traria uma imensa alegria quando duas almas se conectavam para a vida.

"Por que tanta melancolia?", Nigel perguntou e vacilou quando Miranda se virou para olhar para ele. A tristeza nos olhos da Rainha era maior do que ele já havia visto. Ela parecia perdida.

"Eu praticamente... estuprei ela", a voz de Miranda falhou antes de ela poder continuar. "Eu deixei meu lado animal tomar conta de mim. Quando acordei vi as contusões e arranhões gravados na pele delicada dela. Esses ferimentos... eu os causei. Eu machuquei minha amada."

"Mas se vocês acasalaram pela eternidade. A mágica antiga iria prevenir que você a machucasse e..."

"Não preveniu", Miranda falou bruscamente. "Foram minhas garras que a arranharam, foi meu fogo que queimou o pescoço dela. Ela está com dor por causa de mim."

"E onde exatamente ela está?", Nigel perguntou alisando sua careca. Ele tinha uma sensação ruim de que Miranda tinha abandonado a Princesa. Seu medo foi confirmado quando ela respondeu.

"Eu a deixei embaixo do salgueiro", Miranda falou desaprovando a si mesma. "Eu não aguentei ver a dor que causei nela."

Nigel levantou uma sobrancelha, seu instinto de proteção pela Princesa reacendendo. "Então você a deixou sozinha naquele lugar? Sem meios de sair de lá?"

"Eu...", a compreensão surgiu no rosto da Rainha.

"Miranda, a pobre garota deve estar com medo e confusa. Você foi embora sem dar uma explicação, deixando que ela imaginasse o pior", Nigel se mostrou frustrado. "Você é a parceira dela, sua protetora." Ele levantou a mão para cortar a resposta dela, coisa que ele só se atreveria fazer se estivesse muito bravo. "Eu entendo que você está assustada, mas fugir não faz nada além de causar confusão e dor de cabeça desnecessária. Se ela concordou em se acasalar e se unir com você pelo resto da vida, então ela concordou com tudo o que vem disso. Ela entendeu o que poderia acontecer. O que ela não esperava é que você a deixasse na manhã seguinte. Ela é humana, Miranda. Uma jovem humana que ainda é muito inocente e sem saber sobre o mundo a sua volta. Você a deixou num grande dilema".

A Rainha Dragão e Sua PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora