Capítulo 2

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Abrindo a porta com força para seu quarto, Andrea entrou com um olhar de nojo e raiva no rosto. Como seu próprio pai podia ter feito uma coisa tão horrível com uma criatura tão linda? Era desumano e monstruoso, palavras que Andrea com certeza não usaria para descrever seu pai, mas o que ela viu foi somente isso. Ela andou para todos os lados sem parar, sua raiva borbulhando como água fervente, crescendo dentro dela. De repente, ela sentiu seus dedos arderem e suas mãos se contraírem.

"O quê...", ela começou a falar quando a vela perto dela se transformou em chamas. Ela gritou e pulou para longe do fogo, apavorada. Imediatamente o fogo diminuiu, deixando apenas a cera derretida pingando no chão. Andrea olhou ao redor recuando devagar, até sair correndo do quarto.

***

"Eu juro Doug! Pegou fogo bem na minha frente!", Andrea seguia Doug até os estábulos.

Doug tinha um grande fardo de feno em seus braços fortes e o carregava até o celeiro enquanto sua amiga tagarelava. Era a rotina normal deles – Doug fazendo tarefas e ela tagarelando em seu ouvido.

"Andy", ele colocou o feno no estábulo de Guinness e virou para ela, suas mãos na cintura.

"Você realmente acredita que uma vela magicamente virou chamas assim do nada..."

"É isso!", Andrea estalou os dedos. "Talvez o que eu tenha feito foi mágica!"

Doug levantou uma sobrancelha e se voltou para ir para fora e buscar mais feno. Andrea o seguiu, agitando as mãos no ar enquanto falava:

"É sério Doug... Você não sabe se eu tenho poderes mágicos ou não."

"Querida, por mais mágica que você seja, eu não tenho certeza se você tenha mágica de verdade", Doug grunhiu ao levantar o monte pesado. Ele levou de volta para o estábulo e colocou em uma cocheira diferente. Quando ele se virou, ele viu Andrea acariciando o focinho de seu cavalo Guinness. Ela parecia perdida em pensamentos, fazendo carinho nos pelos negros.

"Andy?", ele perguntou devagar.

Andrea se virou para Doug com um leve sorriso no rosto. "Minha mãe tinha poderes mágicos."

"A Rainha tinha mágica?", Doug se surpreendeu. "Por que você nunca me contou isso?"

"Você sabe que eu não gosto de falar sobre a Mamãe", ela disse devagar e um traço de lágrimas apareceu em seus olhos.

"Desculpe Andy", ele se moveu para abraçá-la.

"Tudo bem", ela olhou para cima com um sorriso vacilante. "Eu sinto muita saudade dela, mesmo nunca tendo a conhecido. Isso é estranho?"

"De jeito nenhum", seu melhor amigo disse convicto. "Eu acho que seria incrivelmente difícil não tomar conhecimento de alguém que foi tão importante e especial em sua vida. Você sabia que ela existiu em algum momento e me parece cruel que o destino tenha feito que vocês não se conhecessem nunca. Não é estranho, nem bobo."

"Obrigado Doug", ela fungou e encostou sua testa no peito de Doug, grata por ter um amigo maravilhoso como ele.

Os dois ficaram em silêncio por algum momento antes que Doug quebrasse esse silêncio sereno.

"Ei, se eu me encontrar na infeliz posição de estar em uma briga, você pode magicamente me tirar de lá?"

Andrea bufou. "É claro."

"Quer cavalgar um pouco?"

"Com certeza."

***

Era o dia da festa de 18 anos de Andrea e todo o reino estava ocupado se preparando para o grande dia. O aniversário de 18 anos de uma donzela significava sua entrada na vida adulta, permitindo que ela se casasse com qualquer solteiro no país. Para uma princesa, seus 18 anos significava o dia em que o Rei permitiria que ela se casasse com o homem que ele escolheu. O grande anúncio ocorreria na hora do jantar na véspera do aniversário e ela teria que se casar e esperançosamente ficar grávida até o fim daquele ano. Andrea tinha receio do grande anúncio, porque por mais que seu pai fosse um amor, ele era péssimo em ouvir seus desejos quanto aos homens. A única vez em que ela falou do assunto, mencionando Nate como um possível candidato, o Rei Richard explodiu pelo Grande Saguão dizendo que era uma decisão dele e somente ele poderia escolher o homem certo para ela. Todos os homens do reino pensavam que sabiam o que era o melhor para as mulheres – com exceção de Doug. Andrea ficava louca com isso. Nem precisa dizer, mas ela explodiu outra vela. Dessa vez, ela se concentrou em um sentimento e tudo que ela sentiu foram ódio e raiva. Obviamente isso não fazia sentido, o único momento que ela produzia mágica é quando estava com raiva?

A Rainha Dragão e Sua PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora