Choque frontal

Verdade

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                                                                                  Brandon

A Alice tinha ficado comigo algum tempo, basicamente até ser obrigada a sair e depois disso deitei-me na pequena cama da cela e tentei descansar. 

Precisava de dormir e esquecer por uns minutos a confusão instalada na minha vida. 

A conversa com o meu pai tinha me afectado mais do queria admitir, sabia que as ameaças dele não eram só conversa, nem as dele nem as do Harry. 

Mas eles não eram os únicos com sangue frio, crescer com eles tornou-me capaz de muita coisa.

Voltei a ajeitar a almofada cheia de pó e tentei outra estratégia para adormecer, lembrando-me dos primeiros dias com a Alice. 

Nós só discutíamos e praticamente só a provocava, na altura não percebia porquê é que me ria e sorria tanto perto dela. 

Lembrei-me do nosso primeiro beijo, foi um beijado roubado mas ela adorou e gemeu baixinho. 

Lembrei-me do acampamento e de nadarmos no lago, de a empurrar e ela quase me matar. 

Lembrei-me da cena enfermaria quando ironicamente fomos apanhados pelo senhor Louis, engraçado ele avisou-me sobre ela. 

Talvez tenha sido sempre um pai para mim e simplesmente não o via. 

Caralho, preciso de dormir!

                                                                                                  *

Não sabia a que horas saía então convenci todos a voltarem para casa, mesmo a Alice e o Dylan que não me queriam deixar por nada. 

Acontece que sou bom com argumentos. 

Consegui sorrir quando me abriram a porta para a rua e descaradamente mandei o raio do guarda para um sítio que eu cá sei. 

-Vê lá se não queres voltar para aqui! - ele gritou irritado. 

-Só se for para atormentá-lo. - gritei de volta divertido. 

Preferia ir a pé para casa, não queria ajuda agora. 

-Brandon. - o homem parou à minha frente sério. 

-O senhor? - revirei os olhos - Não estou com paciência. 

Tentei andar mais rápido mas ele veio atrás de mim determinado a que o ouvisse. 

-Vais ter que me ouvir quer queiras quer não e preferia que fosse por vontade própria. 

-Pensei que já me conhecesse minimamente pai. - disse a última palavra com veneno. 

-E achas que não conheço? - ele parou-me, já estávamos no meio de uma rua os dois. - Conheço-te melhor do que pensas, tenho te acompanhado Brandon... todos estes anos. 

-Imagino que deva estar muito desiludido, não sou propriamente um bom rapaz. Sabe o que é que me faz mesmo confusão? 

Olhou para mim curioso. 

-Ter permitido que eu entrasse na vida do Kit, ver-me a cuidar do miúdo e a apegar-me e não ser capaz de me dizer a verdade, que ele é meu irmão. - disparei irritado. 

-Vamos. - ele fez sinal para eu o seguir. 

-Acha mesmo que vou consigo caralho? 

-Acho que não tens outra hipótese, queres saber a verdade não queres filho? Vamos tomar o pequeno almoço a um bom café, deves estar esfomeado.