Confronto

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      Brandon 

Peguei na merda do jornal e entrei no grande auditório à procura do meu pai, era muito provável que a esta altura ainda não soubesse de nada. 

Olharam todos para mim curiosos e os murmurinhos aumentaram de tom quando comecei a falar. 

-Preciso de falar consigo. - disse directo. 

Não quero perder tempo e algo me diz que só ele me é capaz de ajudar. 

-Brandon estou a meio de uma aula. Se tiveres dúvidas podemos conversar depois. - não admira que nunca tenha desconfiado, o homem esconde bem.

Um grupo qualquer começou a rir-se da situação e acreditem que não é nada bom para a minha disposição. 

-Riam-se mais uma vez e prometo que têm os vossos dias contados. - ameacei-os. 

Nunca teria tanto trabalho nem me preocupava em estragar a vida das pessoas, mas preferia que tivessem medo e me respeitassem. 

Baixaram as cabeças e evitaram olhar para mim tal como esperava. 

-É urgente, não o pediria se não fosse. 

O senhor Louis pareceu perceber porque acenou e saiu à pressa do centro da sala, vindo ter comigo. 

-Novidades no caso? - perguntou para que só eu ouvisse. 

-Muito mais grave, já todos sabem. 

-Todos sabem de o quê?

Entrámos numa sala vazia e de repente parecia bastante ansioso com o rumo da conversa. 

-Que é meu pai, que fui acusado de homicídio e montes de merdas. - só de o dizer em voz alta deixava-me furioso de novo. 

Mais furioso me deixava terem faltado ao respeito à Alice, quando apanhar o Harry não respondo por mim. Estou me a fuder se já tenho um processo em cima vai se arrepender caralho. 

-Mas isso é impossível! Onde, como e quem? - o meu pai parecia tão irritado como eu. 

Irónico como agora percebo o quanto somos parecidos. 

-Apareceu no jornal de merda, de certeza que foi o Harry que passou a informação, mas não sabemos quem escreveu e publicou. 

-Isto vai ter que ser apagado e os responsáveis punidos Brandon e o director sabe que és meu filho, somos grandes amigos e foi ele inclusive que guardou a vaga para trabalhar onde estudavas. 

-Tenho medo... - confessei. - Tenho medo que agora que se sabe ele faça alguma coisa à minha mãe, ela nunca me deixaria de falar ou visitar a não ser que ele proibisse. 

-Não vou deixar que nada aconteça à tua mãe Brandon, nem à tua mãe nem a ti filho. - posou as mãos nos meus ombros. 

Por momentos quis abraça-lo, queria sentir aquilo que nunca senti na minha vida, amor paterno... quando me abraçou com força.

Ao início pensei em afastar-me, mas assim como a Alice era o meu porto seguro, como o Dylan era a minha rocha este homem era qualquer coisa, qualquer coisa para lá do explicável.

-Vai ficar tudo bem Brandon, prometo. 

                                                                                                 *

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