Desejos

8

Acordei ao lado de peixinho, fico encarando ela que faz cara de dor e diz que tá com ressaca, não consigo falar nada porque só penso se ela consegue lembrar tudo que aconteceu noite passada. Levanto da cama faço minha higiene e vou atras de um remédio pra dor de cabeça, cruzo com Diego no caminho para a cozinha e o evito, pego dois comprimidos e vou pra o quarto dá um pra peixinho
- obrigado minha nega.
Ela fala com os olhos tristes
- você sabe que a gente precisa conversar né!?
- sei...
balanço a cabeça e levanto indo procurar Rodrigo. Acho ele na varanda tomando um sol e sento junto com ele
- bom dia meu amor!
- oi Rô..
- nossa que energia pesada viu, o que aconteceu com carolzinha?
- tudo! Cê acredita que ontem quando tava muito louca ela me disse duas coisas que estão martelando dentro de mim até agora.
- que te ama!?hahahh
- engraçado você! Eu acharia o máximo, mas ela falou que o Diego me viu falando com você que a minha estratégia de jogo era formar casal pra ganhar público.
- mentira?! Você seria no mínimo burra se essa fosse tua estratégia!
- pois é! Imagina que casal normativo daria, principalmente no momento político, eu adoraria ganhar ainda mais o ódio na família tradicional brasileira. Porque já não basta se mulher negra e sapatão, agora vou ter um relacionamento com uma mulher nordestina em rede nacional.
- ahhahahahaha adoro a normatividade! Diego só pode ser burro pra forjar uma história dessas!
- e peixinho pra acreditar nele.
Falo triste
- é...fala com ele primeiro, esclareça essa história absurda, depois fale com ela com calma.
- calma!? Rô eu tô muito brava com essa história. O cara tá inventando essas coisa pra que? E foi dizer isso só pra ela, ahh tenha santa paciência. Maior escroto.
- vai resolver isso com ele!
- vou, mas antes sabe quem disse que queria me beijar?
- não acredito!
- pois é a própria Carolina peixinho!
Digo sorrindo
- gente essa festa rendeu viu..
Abro ainda mais o sorriso quando vejo ela passando pra ir a academia, toda bonita.
Começa a acumular pessoas na varanda e eu resolvo comer alguma coisa, mas quando chego na cozinha vejo Diego terminando de comer, sinto meu sangue ferver de ódio.
- não vai falar comigo não é gabizinha?
- não, seu falso!
- tá louca? Cê não fala comigo assim!
- é mesmo!? Então não sai por aí espalhando uma coisa que nunca aconteceu e depois vem com esse "gabizinha" falso pra mim não.
- cê tá me chamando de fofoqueiro também? Se enxerga garota que ninguém vai comer essa teu mimimi.
Ela fala levantando a voz
- sai dessa Diego, você foi falar pra peixinho que me viu falando sobre "meu jogo" com o Rô, pra que colocar ela contra mim? Que merda tu ganha com isso?
- eu não falei nada disso sua otaria.
Fico incrédula com a falsidade do garoto. Deixo ele falando sozinho e vou em direção a academia onde peixinho tá. Ele vem correndo atrás de mim enquanto me xinga.
- Carol!
Ela se assusta junto com outras pessoas que estão lá dentro.
- o que foi nega?
- Diego acabou de me dizer que não falou nada pra você de uma suposta conversa que eu tive com o Rô.
- comassim, Diego tu me falou dessa história na outra festa
- carolzinha essa mulher tá louca eu não fiz nada, ela que entrou na cozinha me xingando me chamando de falso! Ela tá louca.
Eu não podia escutar aquilo
- EU QUE TÔ LOUCA? Carol vem me dizer que você foi dizer a ela uma estratégia de jogo que eu nunca tive por que eu não sou BURRA! Aí depois você diz que nunca falou nada. E eu agora sou LOUCA??
- olha, todo mundo vê que você fica atras de Carol por jogo, com essas militâncias, querendo fazer casal gay pra ser amada pelo público. Você acha que alguém compra isso?
- Diego porra se eu quisesse biscoito eu formaria casal com você! Eu que não iria me expor a homofobia em rede nacional por fama, deixa de ser otario moleque.
- você é uma militante de merda, vai ver que quando eu sair daqui vou te por na justiça por calúnia sua burra!
- faz o que você quiser lá fora, eu não tô nem aí, de você eu quero duas coisas RESPEITO E DISTANCIA.
Olho pra Carol e vejo lágrimas escorrerem pelo seu rosto, mas não me compadeço
- e você presta mais atenção em quem você confia.
Vejo ela soltar o choro em um soluço e sentar numa das máquinas da academia, pondo a mão sobre o rosto e as lágrimas correndo.
Saio dali o mais rápido possível pra não cair na tentação de ir consolada, apesar da raiva que me consumia naquele momento, escuto xingamentos mas continuo marchando pra fora daquela academia. Vou em direção a cozinha e quando passo pela varanda vejo Rodrigo que me olha preocupado e curioso. Entro na cozinha e bela tava fazendo o almoço me vê e fica assuntada com meu estado choroso
- tá tudo bem gabi?
- não, mas vai lá em cima na academia que peixinho tá precisando de você.
Ela me olha assustada e sai correndo em direção a amiga. Vejo Rodrigo entrar e me abraçar apertado, me desmonto em seus braços aliviando tudo que tava guardado. Sinto um consolo em suas palavras e atitudes. E depois de um banho quente, conto com tudo que aconteceu com detalhes. E sinto ele ficar bem puto, mas o acalmo e decido que é hora de virar essa página.
O que me preocupa é que ainda não vi peixinho, tenho medo de ter deixado ela mal de mais, tenho que dá um tempo pra ela pensar em tudo, afinal o amigo era dela, deve ser horrível sentir esse tipo de coisa pincipalmente aqui dentro que é tudo muito intenso.