-Acorde minha doce bonequinha.
Ao ouvir aquelas palavras em sua mente, Elizabeth abriu seus olhos rapidamente, causando uma dor de cabeça terrível em si, obrigando-a a pousar sua mão sobre sua testa. Após alguns minutos, a dor havia amenizado, podendo enfim observar o local onde estava. Era um quarto velho, cheio de brinquedos, os papeis de parede estavam surrados e rasgados em vários cantos do cômodo, o chão era de madeira velha, algumas farpas machucavam sua pele pálida.
Suas vestes também haviam mudado. Seu vestido agora era de algodão na cor azul claro com flores brancas em detalhe, contendo algumas franjas nas barras do mesmo. Seu cabelo estava escovado e amarrado em um penteado simples, seus sapatos agora eram pretos com um pequeno salto, acompanhados de uma meia fina e branca que alcançava até a altura de seus joelhos.
Elizabeth sentia uma leve dor em seu braço direito, em seguida notando que o mesmo estava enfaixado com muito cuidado e delicadeza. Foi então que ela se lembrou dos olhos verdes fosforescentes e Jason, com sua aparência nada amigável. A garota olhou ao redor da sala, mas apenas ela se encontrava ali no meio de vários brinquedos de diferentes tipos e gostos. Era como se fossem para ela, um presente. Mas ela temia de quem seria o remetente deles.
Ela estava fraca. Não se lembrava de praticamente nada, apenas de seu braço machucado, mas o motivo havia se esvaído de sua mente. Sentou-se perto de uma das paredes surradas com esperanças de recuperar suas forças e poder sair deste lugar.
Havia uma escada do outro lado da sala. Provavelmente ela estaria trancada em um porão, ou algum tipo de deposito subterrâneo. Estava se perguntando quanto tempo a deixariam ali e o porquê ela estaria ali. Seu coração batia como se estivesse pronto para rasgar seu peito e pular para fora, temia que Jason aparecesse e tentasse matá-la. Algumas lágrimas escaparam molhando seu rosto pálido. Medo, desespero, angustia até mesmo ódio estavam ali presentes.
°°°
Seu estomago doía. Estava a horas trancada naquela sala, sua garganta estava extremamente seca, fazendo-a sentir um pouco de tontura e náuseas. Elizabeth se perguntava se Jason estaria fazendo isto de proposito ou estaria planejando algo para mais tarde.
Passos são ouvidos da escada. A de cabelos azuis abraça suas pernas e se encolhe ao canto da sala junto á um urso de pelúcia enorme, sem tirar os olhos da escada que aos poucos revelava o fabricante de brinquedos, junto de sua habitual postura amigável, encobrindo seu demônio interior.
-Finalmente minha bonequinha acordou! –Jason sorria para Elizabeth- Como está? Seu braço ainda dói?
A garotinha nada disse. Seu olhar para Jason era preenchido de medo, além de suas lembranças da cena grotesca do fabricante e suas mãos putrefatas, embora agora elas estivessem normais e seus olhos fosforescentes voltarem ao tom de âmbar.
-Não olhe para mim assim! –o olhar de Jason agora demonstrava frustração.
-Por favor... –a voz da garotinha quase não se era ouvida devida a sua fraqueza- Me deixe ir embora.
-Porque você quer ir embora? –o brilho nos olhos do fabricante era visível- EU NÃO TENHO SIDO BOM PARA VOCÊ? –Jason se aproximou de Elizabeth revelando suas unhas enormes e afiadas, fazendo a mesma gritar.
-Não... Por favor... –as lágrimas rolavam sobre sua pele pálida.
-E todos os brinquedos que eu concertei para você? Você não queria eu que os concertasse? E É ASSIM QUE VOCÊ ME AGRADECE?
-Não... Jason, eu agradeço do fundo do meu coração, eu não sei o que faria sem você... Não me olhe assim, você está me assustando.
-Eu também fiz todos esses brinquedos para você! Mas você ainda tem medo de mim, por quê?
Elizabeth não dirigiu uma palavra quanto a isto, temia que o fabricante se irritasse com sua resposta. Ver aquele homem mudar diante de seus olhos a deixava encantada e ao mesmo tempo a provocava calafrios. Ele era um verdadeiro monstro.
-Pois bem, eu irei lhe dar um motivo para sentir medo de mim.
Jason agarrou o braço de Elizabeth a arrastando pela sala. Devido as varias horas sem se alimentar ou beber algo, a pobre garota mal conseguia se manter em pé, arranhando seus joelhos na madeira. As lágrimas pareciam não ter fim, parte do seu vestido estava molhado pelas mesmas.
Jason arrastou a pobre garota até a porta azul, que agora estava sem a poça gigante de sangue e o corpo de quem quer que seja havia sumido. As paredes eram de tons avermelhado e enfeitadas por várias ferramentas, como facas, serrotes, pinças entre outros objetos, junto de uma mesa de metal com algemas e correntes. Elizabeth paralisou, ela nunca havia visto nada do tipo antes. O quarto também era rodeado de brinquedos estranhos e mal costurados, além de vários ratos de corda vermelhos e pretos estarem espalhados pelo chão.
-O que acha deste lugar minha querida boneca? –Elizabeth desviou seu olhar para o chão de madeira velha, Jason já com raiva agarrou o queixo da garota forçando-a a olhar em seus olhos fosforescentes- RESPONDA-ME!
-Aterrorizante... –disse entre seus soluços.
-Não chore meu anjo. –Jason limpou algumas lágrimas de suas bochechas rosadas- Eu não irei lhe fazer nenhum mal, a não ser que você seja uma boa bonequinha para mim. Caso contrário... –o fabricante sorriu psicoticamente revelando seus dentes afiados e agarrando o pescoço de Elizabeth- Eu irei te ensinar como uma boa bonequinha deve se portar diante de seu criador.
A de cabelos azuis apenas concordou. Jason sorria satisfatório, ele finalmente havia conseguido sua boneca perfeita, e jamais a deixaria escapar.
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Jason's Doll
Romance"Elle est ma poupée! Cela n'appartient qu'à moi!" "Je vais arranger ça pour toi" - "Ela é minha boneca, só pertence a mim!" "Eu vou te consertar "