Quatre

619 57 9
                                    

Os dias se passaram. Elizabeth, como de costume, caminhava todas as manhãs pelas ruas para aproveitar o sol agradável, porém com uma sombrinha em suas mãos. Ela não ousaria queimar sua pele branca igual neve.

Ela não vira mais o rapaz elegante da loja caminhar pelas ruas. Talvez ele estivesse tomando um caminho diferente do seu, ou apenas foi aquele dia para ajudar sua avózinha. A curiosidade ansiava em seu peito. Era impossível evitar.

Decidida, Elizabeth voltou á loja, levou um brinquedo quebrado para arranjar uma desculpa para ver o rapaz elegante novamente, afinal, ela estava com muita vergonha para admitir que estava sentindo falta de alguém que havia conversado apenas uma vez.

O sino bateu assim que a porta abriu. Novamente, ninguém na bancada. Estaria ele ocupado novamente como da última vez? Elizabeth caminhou ao redor da loja, observando as bonecas nas prateleiras. A maioria eram loiras com cachos muito bem desenhados.

Havia alguns brinquedos espalhados pelo chão também, porém um em particular chamou a atenção de Elizabeth. Uma cobra roxa com bolinhas coloridas ao chão. Estava perto do balcão, apenas podia ver parte de sua cabeça. Seus olhos eram de várias cores e costuramos de maneira desengonçada. Elizabeth se aproximou da cobra, concluindo que ela era enorme. Provavelmente deveria ter pelo menos três metros de comprimento. A cobra estava completamente embolada em um canto atrás do balcão, apenas sua cabeça estava sendo visível. Era como se ela espiasse Elizabeth.

-Ora vejam só, a bonequinha apareceu denovo. -Elizabeth tomou um pequeno susto com a voz de Jason, que a encarava de maneira encantada.
-Sim, sim... Hã... Jason? -disse de maneira desajeitada.
-Sim, Elizabeth?
-Bom... Meu patinho de pelúcia está quebrado. -fazendo uma expressão triste ela depositou o patinho amarelo sobre o balcão de madeira velho. Jason se aproximou e examinou o brinquedo.
-Ora, ele me parece bem. O que você quer que eu concerte aqui? -seus olhos cor de ambar encararam a de cabelos azuis.
-Ele canta, bate as asinhas e mexe a cabeça, mas ele está apenas cantando agora.
-Deixe-me ver. Onde ligo para fazê-lo cantar?
-Na sua patinha esquerda.

Jason pressionou o pequeno botão, fazendo o patinho amarelo cantar uma musiquinha alegre e fazer alguns sons de pato, porém ele estava imóvel.

-As juntas devem estar soltas das asas e da cabeça. Darei um jeito nele para você, boneca. -um sorriso puro brotou de seus lábios.
-Ah, Jason, se me permite, e sua avó? Como ela está? Já se passaram alguns dias e mesmo assim ela não voltou.
-A doença se agravou um pouco durante esses dias, então ela está no hospital, mas está fora de perigo. -o ruivo respondia tudo com serenidade. Era como se ele não se importasse ou estava confiante o suficiente de que ela melhoraria.
-Espero que ela fique bem logo.
-Ela vai ficar. Mas agora, acho que terei de cuidar do seu amiguinho pato. -um leve sorriso surgiu nos lábios de Elizabeth.
-Obrigada mais uma vez Jason. Quando posso vir buscá-lo?
-Não sei ao certo, mas tome meu cartão. -como um passe de mágica, o ruivo refirou um cartão do meio de seus dedos- Poderá me ligar se houver mais algum brinquedo danificado ou perguntar se algum estará pronto. -Elizabeth tomou o cartão em suas mãos. Era um cartão com uma aparência antiga, havia um nome escrito e um número de telefone.
-Jason The Toymaker? -ela o olhou confusa.
-Porquê não? -Jason sorriu.

Elizabeth sorriu em resposta ao rapaz elegante. E como antes, ela encarou suas lindas e finas vestes. Aquilo dava um certo charme á ele e atraía a atenção de Elizabeth de um jeito diferente.

-Bom, então eu já vou indo. -sorriu desajeitada.
-Foi um prazer revê-la bonequinha. Não se preocupe com seu patinho, ele estará em boas mãos. -Jason se apressou em abrir a porta para Elizabeth- Nos veremos em breve, Elizabeth.
-Eu espero que sim, Jason. -o ruivo segurou sua mão gentilmente depositando um beijo ali.

Elizabeth encarou suas mãos. Eram delicadas, mas ao mesmo tempo cheia de pequenas feridas e cortes. Provavelmente por conta de seu ofício, o que deixou a de cabelos azuis ainda mais encantada por ele.

Após um breve sorriso para Jason, ela tomou sua sombrinha em suas mãos e caminhou devolta para casa. E como antes, Jason á olhou pela vitrine até sumir de sua vista.

-Não ouse chegar perto dela, Mr. Glutton.

Jason's DollOnde histórias criam vida. Descubra agora