Jason's Doll

Douze

As mãos do ruivo percorriam o corpo revestido de ceda da garota, parecia estar apaixonado por cada detalhe de sua textura macia e delicada. Seus finos e delicados dedos se enrolaram pelos fios azuis quase brancos dos cabelos de Elizabeth que estava desacordada posta sobre uma cama macia e confortável de um quarto sem muitas decorações e com papéis de parede antigos, junto de varias flores desenhadas.

Jason observava sua garota de modo possessivo, pensando em várias formas de tortura-la ou desfrutar da beleza de seu corpo. Seus olhos verdes fosforescentes brilhavam ao imaginar seu corpo despido sobre a ceda escorregadia de sua cama, o ruivo mordiscou o lábio inferior enquanto passava suas garras pelas bochechas pálidas de Elizabeth.

-Você será minha mais nova criação e minha obsessão.

Um filete de sangue sai pelas bochechas de Elizabeth fazendo um contraste gentil entre o vermelho vivo e o branco de sua pele, arrancando um sorriso dos lábios do fabricante.

°°°

A sensação de peso estava presente em todo o corpo da garota, como se tivesse caído do prédio mais alto do mundo e se chocado contra o chão violentamente. Uma sensação de náusea tomou conta de Elizabeth enquanto ainda tentava recordar de alguma memória perdida ou mesmo se acostumar com a luz, que não era muito forte, do quarto velho e com paredes surradas.

Pousou suas delicadas mãos sobre o colchão sentindo o liquido viscoso e ácido subir sua garganta, uma dor aguda acertou seu estômago junto da dor de cabeça a obrigando a gemer de dor. Sua mente gritava por socorro, mas a única plateia que estava ali assistindo seu sofrimento eram os brinquedos sobre as prateleiras muito bem organizados.

Elizabeth sentou-se lentamente sobre o colchão um tanto desconfortável e parou para analisar o local com certa dificuldade, não se lembrava de absolutamente nada, nem de como acabará naquele local. Seu vestido agora era uma seda incrivelmente macia e com bordados delicados nas pontas do mesmo, seus pés estavam descobertos e gélidos, seus fios azuis estavam escovados e muito bem cuidados.

A garota encarou os brinquedos, se recordando dos olhos verdes e fosforescentes da criatura da porta azul, um arrepio lhe subiu a espinha ao lembrar-se das enormes garras perfurando sua pele.

Era ele. Jason.

Pensou consigo mesma, e ao mesmo tempo teve um flashback da primeira vez que encontrou o fabricante, junto de seu doce e meigo sorriso, ela não podia acreditar que era o mesmo Jason que vira em seu quarto. Várias lágrimas escorreram pelas suas bochechas, Elizabeth não podia acreditar que isto estava realmente acontecendo.

Voltou ao plano real assim que ouviu a fechadura da porta fazer leves estalos, a de cabelos azuis se escolheu próximo à cabeceira da cama, estava esperando a criatura com garras e olhos verdes cruzar a porta, mas era apenas o Jason comum que ela havia conhecido há tanto tempo.

-Minha doce boneca, já acordada? –a voz do ruivo ecoou pelo quarto.

-Não se aproxime de mim.

-Oh, por favor, não faça cena, já nos vimos antes. –Jason sentou sobre o colchão.

-O que você quer comigo? –o fabricante nada disse, apenas aproximou seus dedos para o rosto de Elizabeth, que se afastou em seguida arrancando um leve suspiro de desgosto do ruivo.

-Veja, eu lhe fiz muitos brinquedos! –Jason apontou para os inúmeros brinquedos espalhados pelo chão e arrumados sobre as prateleiras- Agora nós podemos ser amigos não é? –os olhos cor de âmbar do fabricante brilharam em animação.

-Jason... –a de cabelos azuis olhou para os brinquedos e em seguida encarando o ruivo com olhar de tristeza- Me deixe ir... Por favor.

-Tsc! Não me olhe desta maneira! –o semblante do fabricante agora era de frustração e ódio- Porque você quer ir? EU NÃO TENHO SIDO BOM PARA VOCÊ? –os olhos do fabricante voltaram a seu verde fosforescente, causando a sensação de déjà-vu na garota- Eu apenas quero ver seu amigo!

-Jason, por favor... Não é assim que funcionam as coisas. –várias lagrimas rolavam pelo rosto da pequena garota.

-Você não queria nenhum brinquedo não é? –Jason ignorou completamente as palavras de Elizabeth- Eu te dei todos os brinquedos do mundo... Mas você ainda tem medo de mim! Por quê?

-O que eu irei pensar sobre alguém que some e simplesmente aparece do nada e me captura?!

-EU ESTOU TE PROTEGENDO! –Jason agarrou o pescoço da garota, mas o soltou logo em seguida vendo sua atitude sobre ela- Não! Eu não quero te machucar! –sussurrou para si mesmo agarrando os dois lados de sua cabeça como se estivesse sentindo uma dor horrível.

-Me protegendo? Do quê? –Elizabeth recuperou o fôlego.

-Você é... Uma raridade, o mundo lá fora é perigoso para você, Elizabeth. –disse o ruivo se recompondo á sua postura elegante.

-Você é... Um louco! –disse Elizabeth jogando um dos ursos de pelúcia contra o peito do fabricante que a olhou cheio de fúria.

-Você vai jantar comigo. E ISTO NÃO É UM PEDIDO! –Jason se direcionou a porta fechando-a com força após deixar o quarto.

Elizabeth debruçou-se sobre o colchão, agarrando alguns brinquedos junto ao seu corpo e derramando várias lágrimas sobre os mesmos, estava feliz por saber que Jason estava bem, mas isso fazia seu coração pulsar em desespero, já que ela agora sabia quem era de fato Jason, o fabricante de brinquedos.