Dix

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"Eu o vejo nas sombras, o demônio de olhos verdes".

"Uma estranha porta azul estava grudada ao teto, acima de minha cabeça, meus músculos estavam paralisados e meu corpo pousado sobre minha cama".

"Uma escuridão emanava de dentro da porta, fazendo minha mente ficar hipnotizada".

"Uma caixinha de música tocava em uma melodia doce e sinistra".

"Mãos pretas com garras afiadas arranhavam a madeira".

"Você é minha".

Elizabeth despertou com seus pulmões clamando por ar, como se estivesse debaixo da água por horas sem poder respirar. Sentou-se em sua cama pousando suas delicadas mãos sobre seu rosto, concluindo que acabara de ter um pesadelo, direcionou seu olhar para o coelho que permanecia sentado á sua estante junto ao restante de suas outras bonecas.

Um calafrio percorreu seu corpo ao se lembrar das garras que arranhavam a porta com uma força desumana, embora tenha sido um sonho, foi extremamente lúcido o que fez com que seus hematomas doessem novamente, ou pelo menos parecessem doer.

Ao pousar sua cabeça sobre o travesseiro novamente, Elizabeth encarou o teto, embora apenas houvesse a luz da lua iluminando seu quarto pelas janelas, as sombras do escuro pareciam brincar com sua cabeça. Vultos ou imagens distorcidas, sussurros inexplicáveis e até mesmo o que parecia ser a sombra da porta azul de seu sonho. Seu coração palpitava em desespero e agonia.

"Jason"

°°°

A neve caia lentamente se amontoando ao chão, formando um caminho branco como nuvens, poderia se dizer que aqueceria qualquer pessoa que se deitasse sobre ela, porém era tão fria quanto o beijo da morte. E mais uma vez como todas as manhãs, Elizabeth caminhava, desta vez com vestidos mais quentes e agasalhos e uma sombrinha mais grossa por conta da neve.

Era véspera de Halloween, embora seja outono, havia leves nevascas de vez em quando, mas até o dia seguinte, a neve já iria sumir e deixar a noite perfeita para crianças pedirem doces. Elizabeth adorava esta época do ano, abóboras esculpidas, decorações em todas as casas trazendo um ar de alegria, e principalmente as gostosuras e travessuras. Algumas crianças já corriam pelas ruas usando suas fantasias típicas de Halloween, algumas vestidas de bruxas, diabinhos e até alguns garotos com a boca cortada em forma de sorriso.

O único lugar que ainda estava sem nenhuma decoração ou sequer contendo a presença de alguém era a loja de Jason. A placa indicando que estava fechado ainda estava lá, Elizabeth se aproximou da vitrine podendo ter uma visão melhor de dentro da loja, que agora se encontrava coberta de poeira, entristecendo a garotinha. Todos os brinquedos estavam intactos, porém muito bem organizados em suas prateleiras.

-Sinto sua falta. –sussurrou para si mesma enquanto se afastava da vitrine embaçada.

Seguiu seu caminho andando pelas ruas frias e com seu coração apertado, por breves segundos, a garota olhava para trás na esperança de ver Jason abrindo sua loja ou olhando seu relógio de bolso, porém em vão. Por onde andaria seu amigo fabricante?

Jason's DollOnde histórias criam vida. Descubra agora